Aéreas com medo de gol contra do Brasil na Copa

Foto: Portal Brasil na Copa
Aeroporto de Fortaleza contará com um terminal provisório para atender a demanda da Copa. Foto: Portal Brasil na Copa

Amigo leitor, li esses dias uma matéria publicada pela agência Reuters, que retrata o choque de realidade que sofreu um alto executivo da IATA em recente visita ao Brasil, ao observar a situação dos aeroportos. Ele apelidou o evento de “a Copa da Aviação”.

Na verdade as empresas estão com medo de serem sufocadas por multas durante a Copa do Mundo, já que a lei brasileira prevê que a companhia aérea deve se responsabilizar por ressarcir os passageiros em casos de atraso ou perdas de bagagem, mesmo quando o problema é de infraestrutura aeroportuária.

Você leitor já sabe que, dependendo do atraso do voo, a companhia aérea é obrigada por lei a um reembolso de alimentação, transporte e até acomodação. O que tem assustado as aéreas é que essa conta pode ser exponenciada por conta do valor das diárias de hotéis e mesmo dos serviços mais básicos, como refeições, durante o Mundial.

Para se ter uma ideia da grandiosidade – e dos riscos de estresse de projeto – de uma Copa do Mundo eu trouxe alguns números. Durante o mês do evento são esperados centenas de voos internacionais extras e 2.000 voos domésticos adicionais, já autorizados pela ANAC. O número de turistas internacionais deve chegar a 600.000 e outros milhões de brasileiros estarão transitando pelo país, boa parte deles usando esses aeroportos provadamente saturados.

Outro ponto que me causou admiração na reportagem da Reuters foi saber que, ainda que fiquem prontos os novos terminais e as reformas nos aeroportos, as empresas estrangeiras estão com medo de estreá-los por que temem que não haverá tempo hábil para testá-los antes do evento, ou seja, por terem uma cultura de planejamento mais rígida , os europeus e americanos sabem que podem eles mesmos serem os testadores das novas estruturas e tudo o que é novo precisa ser testado antes de implantar.

Outro revés para a imagem do país ocorreu essa semana, quando tivemos a confirmação de que a seleção alemã virá ao Brasil a bordo de uma aeronave Airbus A340-600. Os planos eram de usar um gigante A380, mas como nenhum aeroporto brasileiro está apto a recebê-lo (o mais adiantado é Guarulhos), então a companhia nacional alemã – Lufthansa – não conseguirá repetir o que fez na Copa de 2010, quando levou sua seleção a bordo do super jumbo à África.

Fato é que temos administradores bem preparados e competentes no Brasil, mas existe claramente um gap que não permite que planejem adequadamente ou que, se conseguem planejar, esbarram na burocracia – e na corrupção – na hora da execução.

Carlos Roman, AEROIN

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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