Comissário brasileiro do A380 responde perguntas dos leitores.


No próximo dia 26 de março, o GRU Airport será o primeiro aeroporto na America do Sul a receber os voos regulares do maior avião comercial do mundo, o A380. E é claro que todo mundo está sabendo disso!




Dentre um contingente de 26 comissários, estará a bordo um paulista, que resolveu largar tudo em busca de um sonho e agora tem a oportunidade de retornar a sua cidade natal tripulando. Ele é Fabrício da Silva Claudino, 28, que topou bater um papo com os internautas que seguem o AEROIN.

As perguntas foram recebidas através da nossa página no Facebook. Vamos conhecer mais do Fabrício, de como é voar na Emirates e qual o sentimento de tripular o voo inaugural. Acompanhe com a gente.

 

Internautas: Você chegou a ser comissário em alguma cia brasileira antes de ir para a Emirates? Caso positivo, quais as diferenças quanto à sua rotina, jornada de trabalho, regras e etc?

Fabrício: A Emirates é a minha primeira companhia aérea. Sou publicitário de formação e trabalhava com marketing antes. A decisão de trocar de profissão veio pela vontade de não ter uma rotina, conhecer lugares e culturas diferentes e principalmente por gostar da aviação. E assim está acontecendo na minha vida agora.

 

 

I: Como foi sua jornada desde a formação como comissário até os dias atuais?

F: Fora do Brasil a formação vem da companhia área que você trabalha. Geralmente você consegue o emprego primeiro e depois a própria companhia te dá o treinamento e o preparo necessários. No meu caso, foram 8 semanas de treino na academia da Emirates, incluindo treinamento médico e primeiro socorros, segurança para a aviação e treino específico para Boeing 777 e Airbus A380.

 

I: Pode listar os maiores desafios anteriores ao início dessa jornada?

F: Acho que a dificuldade maior foi a decisão de deixar a minha profissão anterior, melhorar o inglês para o processo de recrutamento e principalmente passar no processo. No meu caso, eu fui aceito na segunda tentativa. Há pessoas que passam de primeira, mas já conheci outras que tentaram 7 ou 8 vezes antes de conseguir. Persistência e acreditar em si mesmo é o segredo!

 

I: Quais as maiores dificuldades da profissão? Alguma vez sentiu vontade de desistir e voltar para o Brasil?

F: Acho que não ter rotina é muito bom e eu gosto muito, mas também podemos nos sentir sozinhos. A cada voo conhecemos um grupo novo de pessoas, e isso dificulta fazer amizades verdadeiras e consistentes. Sinto saudades do Brasil, da nossa cultura, saudades de casa. Um dia sei que voltarei ao Brasil, mas, por enquanto, estou muito feliz e sinto que ainda tenho uma longa jornada pela frente.

 

I: Como foi o apoio de sua família desde que decidiu se tornar comissário e ir para o exterior?

F: Eu viajava tanto por conta própria que minha família nem ligava mais. Viajar a turismo é uma coisa, no momento em que contei à minha mãe que ia ser comissário ela arregalou os olhos e disse: “você quer mesmo me matar do coração, de não conseguir dormir enquanto você tiver voando?” Acho que até hoje ela não dorme até eu mandar uma mensagem ou postar no facebook que cheguei no destino (risos).

 

I: Quais os conselhos para quem está começando e pretende chegar em uma empresa internacional?

F: O requisito principal é ser fluente no inglês. Depois disso, a perseverança e acreditar em si mesmo vai fazer toda a diferença. Você talvez vai ouvir alguns ‘nãos’, ou falhar em alguma etapa, mas não deixe que isso te faça desistir. Pelo contrário, você tem que saber que vai chegar lá, seja naquele dia ou no próximo. Deixe a ansiedade de lado, o processo pode lhe requerer paciência, mas se esse é o seu sonho, ninguém vai tirá-lo de você.

 

I: Quais seus destinos favoritos e por que?

F: Osaka. Sou apaixonado pela cultura japonesa, comida, costumes e as paisagens, principalmente na primavera. Tenho dois voos para lá em abril e já estou ansioso. Será na temporada das cerejeiras. Eu também compartilho essas experiências no meu Instagram @travel.fab.

Ilhas Maurício e Seychelles são outros da minha lista de preferidos. São lugares paradisíacos, praias com águas cristalinas onde dá pra se ver muita vida marinha. É um lugar de muita paz e relaxante.

Rio de Janeiro. Esse é o destino mais concorrido entre os comissários da Emirates, mas está entre os meus favoritos por ser meu país, onde posso estar perto da minha gente, comer muita comida brasileira, tomar açaí, andar pela praia de manhã, ver o Cristo Redentor. Acho o Rio uma cidade de muita magia, nunca dispensaria uma chance de ir pra lá.

 

I: Qual a sensação de poder trazer o gigante A380 no voo inaugural para o Brasil?

F: Quando a minha gerente me chamou no escritório para conversar e me deu a notícia eu fiquei muito feliz. Achei primeiro que ia levar uma bronca (risos). Estou muito agradecido pela oportunidade e tenho a certeza que vai ser um marco na minha carreira na Emirates e também na história da cidade de São Paulo, que será a primeira cidade da América do Sul a receber diariamente nosso gigante.

 

I: O que difere a Emirates das outras empresas aéreas?

F: Na minha opinião, para os comissários são os destinos. Dubai está em uma boa localização geográfica, que permite voos diretos para todo canto do mundo. Para os passageiros, o que difere é a qualidade do serviço prestado. A Emirates foca no bem-estar do passageiro e na qualidade do serviço a bordo, o tempo todo.

 

 

I: Quais suas perspectivas para o futuro?

F: Por enquanto não penso muito no futuro. Independente de como vai ser meu futuro, eu vivo o hoje como se fosse meu último dia, tento aproveitar o máximo do momento e ser feliz.

 

I: Qual mensagem você deixa aos brasileiros que hoje sonham em seguir uma jornada semelhante à sua?

F: Sonhe, mas sonhe de olhos abertos. Estude muito, não deixe que distrações te façam dispersar ou perder o foco. Coloque o seu objetivo em primeiro lugar e não deixe que ninguém te diga que não é capaz. Se você tem o desejo, isso já é 50% do seu sonho alcançado. Nada é impossível.

 

I: Alguma vez se sentiu arrependido de voar em um continente com uma cultura tão diferente?

F: Não, pelo contrário, isso me fez crescer muito como pessoa. Ainda continuo sendo admirador da nossa cultura, mas aprendi a respeitar e a gostar das outras também.

 

Agradecemos ao Fabrício pela amabilidade e gentileza em responder às perguntas dos nossos leitores. Convidamos todos a seguí-lo no Intagram (@travel.fab) e acompanhá-lo, pois certamente ele postará algo do voo inaugural.

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