Como é voar no Boeing 787 da United Airlines

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Comecei o planejamento dessa viagem dois meses antes no próprio site da United. Meus objetivos eram retornar ao Brasil após um ano longe da família e, ao mesmo tempo, voar em alguma aeronave pela primeira vez. Por isso, escolhi o Boeing 787 Dreamliner da United Airlines, que começara a voar ao Brasil em Abril deste ano, fazendo a rota entre Houston, maior cidade do Texas (embora não seja a capital do Estado) e São Paulo.

Embora não tivesse voado no 787 até então, eu já conhecia um pouco das características da aeronave, em razão de uma visita que fiz à fábrica da Boeing cerca de seis meses antes da viagem, fruto de uma parceria entre a minha universidade e a fabricante americana. Aproveito e deixo aqui a dica, se for ao Estado de Washington, tente conhecer a fábrica da Boeing, existem visitas guiadas e o passeio é enriquecedor além inesquecível.

Durante o processo de reserva, que foi bem simples, achei interessante o fato de poder creditar a pontuação diretamente no TudoAzul, o programa de vantagens da Azul. Minha única sugestão às empresas seria permitir, durante a reserva, a marcação de assento do trecho doméstico no Brasil (que é operado pela Azul).

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PRIMEIRA ETAPA, DE LOS ANGELES PARA HOUSTON

Como a primeira etapa atrasou, cheguei em Houston a apenas 25 minutos antes do encerramento do embarque do voo para São Paulo. Isso fez com que eu tivesse que, literalmente, correr 2,5 km em 10 minutos para conseguir chegar a tempo. Aliviado, embarquei.

Um fato curioso. No finger, a caminho da aeronave, parei para tirar uma foto do 787 que me levaria. Nesse momento fui abordado por um homem que, a princípio, pensei ser segurança do aeroporto, mas ele se identificou como Xavier Samuels, comandante da United. Ele fora atraído até mim pela etiqueta “Remove Before Flight – Western Michigan University” em minha mochila e por outra, com o mascote da universidade de aviação da minha alma mater. Foi um papo interessante de alguns instantes com aquele experiente colega de profissão.

EMBARCADO E DECOLADO

Que grata surpresa, o comandante Samuels me levou para conhecer a cabine antes do voo. No moderníssimo cockpit do 787, outro comandante e a primeira oficial, Nia Wordlaw, faziam as últimas checagens e inseriam informações no computador de bordo todo em touch-screen. A modernidade da aeronave impressiona.

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Após um curto papo, e agradecendo o convite do comandante, me dirigi ao meu assento, o 23A. Lá me esperavam um travesseiro e uma manta. A fileira 23 é a primeira da classe Econômica da United Airlines, a qual tem a configuração 3-3-3. Ao todo são 116 assentos, com uma distância de 80 cm entre uma fileira e outra. Gostei da poltrona, mas achei que poderia reclinar um pouco mais.

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Decolamos e passados 6.000 metros de altitude, o serviço de bordo começou. Aproveito para destacar o serviço dos comissários, muito atencioso e sempre perguntando como tudo estava, passaram diversas vezes oferecendo água e foram muito gentis.

Naquela noite tínhamos duas opções para o jantar: frango tandori com arroz basmati e tomates e uma outra opção vegetariana sobre a qual acabei não anotando detalhes. O frango veio acompanhado de salada, pão e manteiga. A carne estava muito boa com um tempero ótimo, coisa rara de se achar em voos nos Estados Unidos onde, na maioria das vezes, o tempero se resume a pura pimenta ou simplesmente não vem com tempero. As opções de bebida eram diversas, incluindo cerveja, destilados e vinho.

 

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Me causou estranheza o fato de não apagarem as luzes e nem ativarem o Sky Interior de imediato (sistema de luzes de LED que mudam de cor conforme a fase do voo, para dar mais conforto aos passageiros), esperando quase quatro horas para tal. Nesse intervalo, decidi explorar o sistema de entretenimento que fica no encosto da poltrona da frente e é bem moderno, contando com telas touch e uma programação repleta de filmes novos, boa parte deles com áudio em português.

 

 

A seleção de entretenimento também possui vários clipes de músicas separados por décadas. Acima, o clássico clipe de Take My Breath Away do Grupo Berlin, que ganhou o Oscar de Melhor Som Original em 1987, como parte da trilha sonora de Top Gun. Eu como amante de aviação, não deixaria de ver esse vídeo após tê-lo encontrado no sistema.

 

BAIXO RUÍDO E MAIS CONFORTO

A cabine do 787 é particularmente silenciosa. Além disso, senti o ar mais úmido e a pressurização melhor e mais confortável do que outras aeronaves, reduzindo os efeitos do voo em nosso corpo.

A galley traseira é espaçosa e quatro comissárias trabalhavam sem aperto. No toalete futurístico, a tampa do vaso sanitário funciona de forma automática.

 

Em determinado momento consegui relaxar e pegar no sono, mas fui despertado pelo sol nascendo. Como reação normal fechei a persiana que, no 787, é ativada através de um botão embaixo da janela e funciona de maneira eletromagnética, fazendo que um gás interno escureça a janela, parece e é incrível, porém tem seus prós e contras, como não tapar totalmente a luz. Como o sistema permite que a tripulação controle o sistema de claridade das janelas, naquela noite, acabaram por deixá-las abertas ao nascer do sol. Para evitar esses problemas, algumas operadoras, como as japonesas JAL e ANA, optaram por ter a tradicional persiana em seus 787.

Cerca de uma hora antes do pouso os comissários anunciaram, em inglês e em um claro português brasileiro, que seria servido um café da manhã com croissant de queijo, pão e geleia. Novamente tudo quente e saboroso, optei pelo café e suco de laranja para acompanhar o meu croissant.

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Após recolherem o lixo e fornecerem uma garrafa de água para os passageiros, a tripulação começou a preparar o avião para descida e pouso, que aconteceu às 9:09 no horário de Brasília. Paramos no novo Terminal 3 de Guarulhos.

Após 9 horas de voo saí satisfeito com o serviço de uma forma geral. Voar em um avião novo e moderno sempre é uma experiência diferente e, apesar de ter dois anos de idade, o avião ainda cheirava e aparentava a novo. É notável o cuidado da United com suas aeronaves.

Após conversar com alguns colegas que voaram o Boeing 787, entendi que foi engano daquela tripulação ter deixado as janelas abertas durante o nascer do sol, pois não é o comum. No final, o Dreamliner traz uma experiência diferente para o passageiro e com certeza é a aeronave mais confortável na ponte entre o Brasil e o EUA.

Meus agradecimentos especiais para o Comandante Xavier Samuels e a primeira oficial Nia Wordlaw, pela recepção mais que especial na cabine da aeronave.

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Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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