Conheça o jovem piloto que, após 13 anos, retorna ao Brasil no comando do A380.

A história de vida do Comandante Rodrigo Frederico, de 39 anos, é um retrato falado como a de muitos brasileiros que lutam por seus objetivos. Mesmo achando que eles sejam impossíveis de se realizar, com muitos sacrifícios e apoio incondicional de seus familiares ele conseguiu superá-los. Depois de uma longa jornada de 13 anos, ele retornou ao Brasil no comando do A380 e foi recebido com festa por aquelas pessoas que sempre acreditaram no seu potencial.




O paulista Rodrigo veio de uma família de aviadores. Sua mãe, Tereza Cristina, foi chefe de cabine na extinta VASP por 22 anos. E seu avô materno, o já falecido Comandante Vieira, voou na VASP auxiliando em uma profissão que hoje não existe mais nas companhias aéreas regulares, a “Aerofotogrametria” (em uma época em que não existia mapeamento via satélite, seu avô pilotava um avião a baixa altura para o fotógrafo mapear o solo). Segundo Dona Tereza, poucos pilotos faziam este tipo de voo na VASP. Depois, o avô ainda voou na Cruzeiro do Sul e se aposentou na Varig, com 32 mil horas de voo.

Rodrigo fez os cursos teóricos na EWM, perto do aeroporto de Congonhas, e os cursos práticos no Aeroclube de Jundiaí, local que considera sua segunda casa por toda a ajuda que sempre recebeu durante sua passagem por lá.

Desde pequeno ele estava metido no meio da aviação com o avô e sua mãe. Cresceu dentro dos aviões. “Eles foram tudo na minha formação, me apoiando, me aconselhando e me ensinando desde criança. Quando comecei meus cursos, meu avô já estava aposentado, então teve total dedicação a mim. Minha avó, sempre muito dedicada, ia ao aeroclube e inclusive era corajosa o suficiente para ir voar junto comigo”, disse Rodrigo, com gargalhadas durante o nosso bate papo.

Os Comandantes Rodrigo e Pablo são amigos desde a época do aeroclube.

Rodrigo nos revelou que conseguiu concluir seus cursos com muito sacrifício, pois não tinha muito dinheiro e os cursos eram bem caros. Após a conclusão, seu avô pediu a um grande amigo, o comandante Irineu, que na época voava um Baron 55, para o ajudar. Diversas horas de seu início de carreira foram acumuladas como co-piloto desse grande comandante.

Logo depois, novamente com a ajuda de sua mãe e do seu avô, conseguiu uma oportunidade de fazer treinamento de cabine no Citation II. E alguns meses depois, teve a grande oportunidade de ser contratado como co-piloto (piloto privado) de Citation II em 1996.

Um ano depois, o avião que ele voava foi vendido, mas por sorte o novo comprador o contratou. Dividindo cabine com um novo comandante, Wilson Tafuri, tão disposto a ajudá-lo quanto o anterior, pôde fazer o seu voo de cheque para comandante no Citation em 1997. “Posso dizer que tive muita sorte”, concluiu Rodrigo.

Mas o grande sonho do jovem piloto era voar aviões grandes. Então, em 1998, teve a oportunidade de entrar na TAM Taxi Aéreo Marília como co-piloto de Citation V. Em 1999, com a redução na frota do táxi aéreo, surgiu a grande oportunidade de ingressar na TAM Linhas Aéreas como co-piloto de Fokker 100, onde voou por mais 1400 horas. Foi promovido para co-piloto de Airbus A320 em 2001, tendo voado mais 2600 horas.

Rodrigo nos conta que sempre foi muito grato por tudo que aprendeu na TAM, uma época muito feliz na sua vida. Mas sentiu que sua carreira deveria ir mais além. Resolveu ir para os Estados Unidos tirar carteira FAA de piloto de linha aérea. Em novembro de 2004, com muita dor no coração, ele pediu demissão da TAM para tentar a aviação internacional. Lá fora, após alguns meses, conseguiu ser contratado pela EVA Air, de Taiwan, para voar o clássico MD-11.

Finalmente, em 12 de abril de 2006, foi contratado pela Emirates para voar como co-piloto e posteriormente comandante de Airbus A330 e A340. Voou até setembro de 2015, quando foi transferido para comandante do A380.

Comandante Rodrigo toca o solo do Brasil após 13 anos no comando do A380.




Neste ultimo domingo, 9 de abril de 2017, 13 anos depois que deixou o Brasil em busca de um grande sonho, o comandante Rodrigo Frederico pousou pela primeira vez em São Paulo no comando do maior avião comercial de passageiros do mundo. Assim que o A380 alinhou para pouso na cabeceira 09, os familiares acessaram o sexto andar do Edifício Garagem do GRU Airport para assistir o pouso e balizamento da aeronave até a parada no gate. Uma faixa foi estendida em sua homenagem, com dizeres finais “Você é um grande vencedor.”

Após o pouso, chegou a vez de ir recepcioná-lo no desembarque. Cada vez que a porta do desembarque se abria, o coração batia mais forte, dizia a Dona Tereza. Até que, enfim, surge trajado com suas quatro faixas nos ombros o Comandante Master do A380, Rodrigo Frederico. Choro e muita emoção marcaram este primeiro pouso histórico na vida deste jovem comandante.

Além dos parentes, amigos também estiveram presentes no Terminal 3 para dar as boas vindas a este grande vitorioso. Sua avó Denise tentava disfarçar, mas era impossível esconder a emoção ao receber o neto de volta ao Brasil após tantas lutas e vitórias. Sua mãe Tereza, contagiada pela alegria, queria registrar todo o momento, que para a família ficará guardado para sempre na memória.

Antes de ir embora, Rodrigo deixou uma mensagem a todos os estudantes de aviação que se inspiram no seu trabalho. “Aos futuros comandantes, muita força de vontade e, principalmente, humildade, disciplina, foco e fé em Deus. O caminho não é fácil, mas com dedicação vocês vão chegar lá! Com a consciência de que sempre estaremos aprendendo!” E completou, “Como dizia o grande comandante Vieira (meu avô), ‘Na vida, quanto mais se vive, mais se aprende. E na aviação, quanto mais se aprende, mais se vive”.

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