Quais são os dois últimos jumbos Boeing 747-300 do mundo?

Em um movimento raro na indústria aeronáutica, um modelo de avião torna-se mais raro do que o seu antecessor. É o caso do Boeing 747-300, um dos modelos mais raros de ver voando, até mais do que o 747-200. Hoje, existem apenas dois jumbos -300 na ativa no mundo.

747 Varig Jumbos
A brasileira Varig foi uma das utilizadoras do pouco popular 747-300 – Foto de Benito Latorre (im)

O motivo desses jumbos serem tão raros quanto o seu antecessor está no sucessor de ambos: o Boeing 747-400.

Como a série 400 foi lançada apenas cinco anos depois do primeiro pedido do 747-300, muitas companhias aéreas acabaram desistindo -300 e optaram pelo maior e mais econômico 747-400, que se tornaria o mais popular dos Jumbos, com 694 unidades produzidas.

Para ser ter idéia, entre a entrada em serviço do 747-200 e do -300 foram 12 anos de diferença, já do -300 para o -400 esse intervalo foi reduzido pela metade, para apenas seis anos. De qualquer maneira, não são claros os motivos porquê a Boeing decidiu reduzir a vida do 300, mas especula-se que o avião não cumpriu com as expectativas, e novas tecnologias introduzidas o tornaria rapidamente obsoleto.

Para alguns, o jumbo -300 foi apenas uma variante “neo” (ou NG para os mais conservadores) do anterior -200. Basicamemte, a diferença é que ele cresceu apenas na sua corcunda, ficando com 7 metros a mais que o do -200. Por padrão, os motores eram os mesmos nas duas séries, embora alguns viessem a usar o mais novo GE CF6-50, que também equipa o Airbus A330.

Sendo assim, foram poucos os ganhos que o novo Jumbo trouxe para as empresas, que teriam pressionado a Boeing a fazer uma versão com mais melhorias, como foi do -100 para o -200.

No final, o 747-300 teve apenas 81 unidades produzidas: 56 da versão normal de passageiros, 21 da versão 300M (Combi – carga e passageiro) e 4 da versão SR japonesa, que tinha menor alcance mas permitia configurações densas de até 584 assentos e seriam usados nas rotas domésticas do Japão.

Os últimos Jedi

747-300 Jumbos
TransAVIAexport é a última operadora cargueira de um 747-300 – Foto de Anna Zvereva (CC)

Todos os jumbos 747-300 cargueiros foram convertidos das versões de passageiros, e é exatamente um destes convertidos que ainda está na ativa.

Voando para a bielorussa TransAVIAexport Cargo, o jato de matrícula EW-465TQ foi o último 300 a ser produzido, entregue originalmente para a belga Sabena como um modelo Combi.

Se tornou um cargueiro puro em 2000 quando foi comprado pela Atlas Air. Desde então passou por várias aéreas até achar sua atual casa em Minsk, na Bielorússia, em 2016. Sua rotina hoje compreende voos na Eurásia e principalmente na região do Mar Negro.

O outro 747-300 é mais velho, mas, ironicamente, tem bem menos horas de voo. Isso porque é um jumbo VIP que serve à família real da Arábia Saudita.

747 Saudi Jumbos
O último Boeing 747-300 de passageiros na ativa no mundo – Foto de Eric Bannwarth (CC)

De matrícula HZ-HM1A, foi produzido em 1983 e, desde então, está nas mãos da família real saudita. Sua última localização é o EuroAeroporto de Basel-Mulhouse-Freiburg, onde está fazendo uma longa manutenção.

Segundo fontes em Basel consultadas pelo AEROIN, a aeronave ficará mais tempo do que o esperado em manutenção devido a vazamentos de água encontrados no jumbo. Sem muitos detalhes, nos foi informado que o avião irá fazer entre 7 e 10 voos após retornar para a família real e será aposentado logo em seguida pelos sauditas. Quem sabe, ele poderá continuar voando em outro lugar do mundo.

Os sauditas já teriam um substituto para o 747-300: o mais moderno 747-8i de matrícula N458BJ, futura matrícula HZ-HMS1, porém o jato não foi recebido pelos sauditas após a morte do Rei que o encomendou, e agora o Jumbo tem futuro incerto.

Além do velho 747-300 e do novo 747-8i, a Saudi Arabian Royal Flight (não confundir com a aérea homônima e que usa mesma pintura) tem ainda dois raros 747SP, um 747-400, além dos dois Airbus A340-200 e um ACJ318.

Outro avião interessante da frota é o 757-200 matriculado como HZ-HMED, que é uma abreviatura para Médico, já que é um hospital voador a serviço da realeza.

Apesar da sua vida curta, o 747-300 vai deixar saudades. Inclusive foi a aeronave que a VARIG utilizou para lançar a sua nova marca, confira:

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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