Primeiro dirigível tripulado fabricado na América Latina levanta voo em São Carlos

A Airship do Brasil, localizada em São Carlos, interior de São Paulo, acaba de se tornar a sexta empresa no mundo a possuir domínio do ciclo completo da tecnologia para construção de dirigíveis. Com isso, o Brasil entra no seleto grupo dos 5 países que dominam este conhecimento, que é utilizado nas áreas da aeronáutica e aeroespacial.

A companhia iniciou suas atividades com projetos de dirigível não tripulados radio-controlados, denominados ADB-1 e ADB-2, e balões cativos de vigilância, denominados aeróstatos. Neste ano de 2017, a empresa demonstrou seu mais novo produto: o dirigível tripulado modelo ADB 3-X01, o primeiro construído na América Latina.




No último dia 24 de julho, cerca de 800 pessoas compareceram ao seu voo inaugural. O desenvolvimento do projeto contou com a participação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e, também, com a equipe da Eletronorte, que muito agregaram na customização para o emprego do dirigível nos serviços de manutenção de sistemas de distribuição de energia elétrica.

A aeronave protótipo está pronta para o emprego nas Forças Armadas, enquanto o processo de certificação do modelo comercial ADB-3-3 está em andamento para sua comercialização civil em 2018. Também encontra-se em desenvolvimento o cargueiro ADB-3-30, com capacidade de transporte de até 30 toneladas e volume interno de gôndola de até 330 m³.

O evento, que se deu no Hangar de Operações (H-2) da empresa, atraiu entusiastas da aviação, profissionais da indústria aeronáutica, parceiros de desenvolvimento da ADB, diversos veículos midiáticos da imprensa, e pôde contar com a ilustríssima presença de personalidades e autoridades de destaque, como o Prefeito de São Carlos, Ailton Garcia, o Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Guilherme Campos, e o Presidente da Câmara Municipal de São Carlos, Júlio César.

Segundo o presidente das empresas Bertolini, grupo ao qual pertence a ADB, o uso do dirigível 3-X01, será de muita importância para: prevenção de queimadas, controle de fronteiras, entre outros (com uso de câmeras, radares, holofotes, etc), aplicações favorecidas por sua grande autonomia de tempo em voo; transporte de passageiros para lazer em voos panorâmicos; voos de reconhecimento, aerofotométrico, agricultura; busca e salvamento; transporte de pequenas cargas ou passageiros para áreas de difícil acesso e sem infraestrutura aeroportuária, destacando assim a região da Amazônia; inspeção de linhas de transmissão de energia elétrica ou estruturas similares, tais como, dutos petrolíferos; marketing e propaganda com marcas impressas em seu envelope e gôndola.

Para estas finalidades, a aeronave foi projetada com 49 metros de comprimento e 17 metros de altura, com capacidade de carga em torno de 1 tonelada, e espaço para um piloto e até 5 outros ocupantes. Possui um motor com potência de 300 HP, atingindo velocidades de até 85 km/h. Dirigíveis dispensam pista para decolagem e pouso, e podem ser fabricados para grande autonomia de tempo voando ou para voo pairado. Essas aeronaves utilizam sustentação aerostática, podendo flutuar mesmo sem propulsão de motor, o que concede grande segurança ao voo. Adicionalmente, são equipamentos com menor consumo de combustível por quilômetro percorrido se comparados à aviação convencional.

A ADB oferecerá cursos de formação de pilotos de dirigíveis, possuindo estrutura completa para tal. A primeira turma já possui 10 alunos, incluindo uma mulher, que se tornará a primeira brasileira a pilotar um dirigível.

No encerramento do evento, o Presidente da Airship do Brasil, Dr. Paulo Vicente Caleffi, enterrou uma cápsula denominada “Caixa de Mensagem ao Futuro”, com mensagens e imagens de colaboradores e parceiros, a qual será aberta em 2037. Na solenidade, os Correios procederam ao evento filatélico de Obliteração do Selo Comemorativo do Voo do primeiro dirigível construído na América Latina, grande orgulho nacional que figurará para sempre na história do país.

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