Jornalista vai recriar a história da VARIG a partir de vídeos nunca antes vistos. Confira a entrevista.

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Conheça o jornalista Carlos Bighetti, que criou um projeto para reconstruir a história da VARIG a partir de vídeos raros e nunca antes vistos.  Nessa entrevista exclusiva, ele nos conta mais de sua história e o por quê do projeto ser tão diferenciado.

Ele está com uma campanha e você também pode apoiar a produção do documentário em  www.kickante.com.br/varig.

 

AEROIN – Olá Carlos, gostaríamos que você falasse um pouco sobre você e sua carreira no jornalismo.

CARLOS BIGHETTI – Sobre minha carreira no jornalismo. Me formei na Faculdade Cásper Líbero em 2001. Trabalhei na Rede Globo em três oportunidades, fiz trabalhos como correspondente free-lancer para o SBT, a partir de Barcelona. Fui produtor e editor de texto na Rede Record, fui editor de internacional na Rede TV!, editor de internacional, geral e repórter na TV Gazeta de São Paulo e desde abril de 2013 estou na TV Cultura, também na reportagem.

Eu sempre fui apaixonado por aviação. Meu pai levava minha irmã e eu a Congonhas e ao terraço do então recém-inaugurado Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos , lá pelos idos de 1985/1986 ver os aviões. Era um evento!

Uma curiosidade: o primo do meu avô era piloto de Constellation da Panair do Brasil, Bruno Rotta. Morreu em 1953, na aproximação de CGH, era o fim de uma viagem Londres-Rio-São Paulo, por ocasião da coroação da Rainha Elizabeth II. Outra curiosidade: meu primeiro voo foi em 1986, num DC-8 da AeroPerú. Pura aventura! Eu tinha 7 anos.

 

AEROIN  – De onde veio a ideia de fazer um documentário sobre a VARIG?

CARLOS – A ideia surgiu durante a busca por imagens para ilustrar uma reportagem desse quadro “Flashback” que fiz sobre as companhias aéreas que não existem mais: Varig, Vasp, Transbrasil, Panair e Real.

Mesmo depois de finalizada a reportagem (https://www.youtube.com/watch?v=_ELOZwGgh1Q) continuei achando um material surpreendente em variedade de situações e épocas diferentes. São filmes raros que vão dos anos 40 aos anos 80. Este último as pessoas até já podem ter visto pequenos trechos no YouTube, mas eu os consegui na íntegra, e com qualidade muito superior.

São horas de material bruto, como chamamos em jornalismo, que ilustram toda a existência da companhia: tem hangares de manutenção, escolas de pilotos e comissários, lojas de passagens, aeroportos, catering, e aviões maravilhosos, voando com todo o esplendor da época em que eram os reis dos ares, o que havia de mais moderno. Não era justo guardar tudo isso apenas para mim.

O documentário sobre a Pan Am , “Come fly with me” ( https://www.youtube.com/watch?v=VcgoUSs5WCY ), da BBC, também me mostrou que a história da Varig renderia um documentário ainda melhor e mais saboroso, com a nossa cara!

 

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AEROIN – Na sua opinião, o que representou a VARIG e qual seu legado para a aviação?

CARLOS – A Varig entrou para a história da aviação comercial brasileira como a companhia que por mais tempo foi nossa empresa de bandeira. É motivo de orgulho para alguns e de ódio e revolta para outros, tenho plena consciência disso e entendo os motivos que levam as pessoas a observá-la sob esse outro viés.

Nesse momento, creio que é preciso deixar paixões de lado e ser capaz de enxergar a situação sob todos os ângulos. O que, de forma alguma, tira o brilho das conquistas de um corpo de funcionários que buscavam a excelência, acima de tudo. E que, por muito tempo, foram referência mundial. As outras companhias a acusavam de ser beneficiada e protegida pelos governos. No filme vamos ver até que ponto chegava esse favorecimento.

O que me dava gosto na Varig era esse comprometimento pessoal, o profissionalismo, a excelência sempre tão almejada e frequentemente alcançada. Éramos um país pobre de economia instável mas tínhamos uma companhia aérea que competia em pé de igualdade com qualquer empresa de primeiro mundo. Em última análise, e essa é uma visão muito pessoal, eu acho que o case Varig mostra onde nós brasileiros podemos chegar quando não somos sabotados… pelo contrário, onde podemos chegar quando recebemos algum incentivo real do nosso próprio governo.

 

AEROIN – O que você espera que seja o resultado final do trabalho?

CARLOS – Tenho o documentário muito claro em minha cabeça. A trajetória da companhia e as histórias pessoais de alguns ex-funcionários se cruzam e se complementam, com porções generosas de bom humor, ação, MUITOS AVIÕES (DC-3, Constellation, Electra II, DC-10, MD-11, 707, 727, 737, 747, 757, 767, 777 et cetera), suspense, comerciais antigos, jingles, mascotes e tudo que envolve a memória afetiva desse símbolo brasileiro do século XX.

Tudo em ritmo de um thriller, capaz de informar com rigor jornalístico e isenção, entreter como um bom filme, seja qual for o seu gênero preferido no cinema, e dar elementos para que o público deixe para trás algumas ideias pré-concebidas e, de posse de elementos inéditos, reflita e faça sua própria leitura acerca de um capítulo real e intenso de nossa História recente, e que desafia a criatividade dos roteiristas mais ousados. Um registro de importância histórica, com uma trilha sonora que me arrepia só de imaginar a edição… Imagino que cada um vai receber a obra de um jeito.

É o tipo de mensagem que mexe no íntimo de cada um, desperta memórias de infância, de uma época feliz, ao mesmo tempo que nos faz refletir. Mas apesar do drama já conhecido do triste fim da companhia, quero que o público se sinta exorcizado de fantasmas do passado e que, ao final do filme, leve consigo a sensação de que o reviver dessa experiência o fortaleceu nessa catarse coletiva.

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AEROIN – O que as pessoas podem fazer para contribuir com o documentário?

CARLOS – As pessoas têm me procurado muito perguntando isso. Gostaria que fosse algo mais “nobre”, mas nesse momento todas as forças estão concentradas em arrecadar os R$ 88 mil que eu defini depois de ponderar 500 vezes sobre todos os custos envolvidos em se produzir algo de alta qualidade técnica, visual e de conteúdo. Não é muito dinheiro, se considerarmos que terei de pagar de R$ 1.500 a R$ 3.000 por MINUTO para usar essas imagens raras de que falei há pouco, além das músicas, despesas de viagem para captação dos depoimentos dos 20 e tantos entrevistados, equipamentos, serviços profissionais de narrador, designer de computação gráfica e finalizador, só pra ficar em poucos exemplos.

Não é um trabalho de conclusão de faculdade, muito menos um vídeo de YouTube. É uma obra audiovisual profissional, com textura de película e sonorização de cinema. Para ajudar, e TODA ajuda é muito bem-vinda, basta acessar www.kickante.com.br/varig Lá dentro tem um texto detalhando ainda mais o projeto e uma coluna à direita com todos os valores possíveis para se doar.

O legal é que ainda tem as recompensas exclusivas para cada faixa. A pessoa ajuda e ainda ganha um prêmio! Os que eu mais gosto são as réplicas das flâmulas com os modelos dos aviões! Depois de DOAR, peço que compartilhem e espalhem preferencialmente entre outros entusiastas e possíveis empresas que possam doar quantias maiores. Nesse caso, as empresas podem ter logotipos inseridos no material promocional do filme, como o pôster e nos créditos finais e até iniciais, de acordo com o valor doado.

É importante destacar que esta é uma campanha “Tudo ou Nada”. Ou seja, se não batermos a meta, tudo será devolvido aos doadores e o filme não decola. É triste, mas eu não podia assumir a bronca de ter de entregar algo de qualidade com apenas R$ 10 mil de arrecadação, por exemplo.

“Esta empresa é o fruto do seu denodo, da sua ousadia, da sua crença nas cousas desse nosso País.”, Helio Smidt, presidente da Varig de 1980 a 1990

É um projeto ousado, reconheço, mas, acima de tudo, me sinto totalmente preparado para a missão que escolhi e creio na capacidade de mobilização de todos que se identificam com a ideia de fazermos um filme à altura do que foi a Viação Aérea Rio-Grandense S.A. DOE E ENVOLVA-SE!!! É um filme para todos nós e para as gerações futuras.

 

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