Termina neste final de semana a maior feira de aviação do mundo, o Paris Air Show 2017 (PAS 2017), conhecido também como Le Bourget ou Salon International de l’Aéronautique et de l’Espace (SIAE). Assim como qualquer feira, é um grande ponto de vendas e anúncio de acordos previamente firmados.
E no mundo da aviação dominado pela Airbus e pela Boeing, a competição se acirra na feira que juntamente com o Farnborough Air Show fazem com que todo o setor aeroespacial e de defesa volte os olhos para os eventos bienais que se intercalam (anos ímpares em Paris e anos pares em Farnborough). Pela tradição o Paris Air Show consegue capitalizar um pouco mais de vendas e negócios do que o seu equivalente britânico.
E este ano não foi diferente, sendo que a dona da casa, a européia Airbus, no último minuto anunciou um memorando para venda de 20 aeronaves, ficando com um total de 336 novas encomendas e compromissos de vendas, apenas um a mais do que a Boeing, que ficou com 335 novas encomendas e novos compromissos. Ainda sim, a Airbus não saiu como vitoriosa, pois a Boeing totalizou um total de 571 encomendas e compromissos (236 delas são conversões de pedidos antigos, a maioria dos clientes trocaram o MAX 8 e 9 pela nova variante MAX 10).
A Boeing capitalizou um total de $75 bilhões de dólares em vendas com seus 571 pedidos, este valor baseado no preço de tabela das aeronaves que normalmente não concide com o valor real de venda numa feira. Segundo a consultoria Avitas, os valores reais com os descontos padrões seria de $35 bilhões.
Já a Airbus anunciou um total de $40 bilhões em vendas de aviões comerciais com 336 novos pedidos. Sendo que a família A320 totalizou 306 encomendas com valor de tabela de $33,8 bilhões de dólares. Já os jatos de fuselagem larga A330, A330neo e A350 toalizaram 12 encomendas e 8 compromissos de venda, totalizando $5,9 bilhões. Com descontos o valor total de vendas iria para $17 bilhões segundo a Avitas.
Aviões grandes encalharam
Apesar dos ótimos números para o Boeing 737 MAX e o Airbus A320neo, que venderam cada mais de 300 unidades cada um, as encomendas de grandes aeronaves foi relativamente fraca. Uma parte disto se deve a maioria das companhias aéreas terem escolhido nos últimos anos quais serão os substitutos para sua frota de longo alcance, sendo os favoritos o 787 Dreamliner e o A350 XWB.
A única exceção ficou por parte da Emirates, que ainda não definiu qual aeronave irá complementar sua futura frota de 777X. Rumores apontam para uma escolha final na sua casa no Dubai Air Show em Novembro. E o cenário do Paris Air Show favorece a companhia árabe, que poderá barganhar maiores descontos, já que as vendas de grandes aeronaves foram tímidas.
O destaque está para o A380plus que foi revelado na feira e feito para atender principalmente os anseios da Emirates, que não fechou negócio. Caso a empresa árabe não compre o modelo, a Airbus não tem outro cliente em vista.
Outra aeronave que não foi negociada na feira foi o Boeing 777X, que deve voar no próximo mas não vê novos compradores a um bom tempo. Maioria de seus compradores fecharam negócio no lançamento em 2013, depois em 2014 a japonesa ANA encomendou 20 aeronaves. Desde então a Boeing não anunciou nenhum um novo comprador, chegando a ficar um ano e meio sem vender um único 777X, até que a Singapore Airlines realizou encomendas para 20 unidades do modelo em Fevereiro deste ano. De Fevereiro para cá, nenhuma venda ou intenção de compra foi feita.
Abaixo a lista completa de vendas da Boeing feitas no Paris Air Show 2017:
Cliente |
(Quantidade) Modelo |
Valores |
(10) 737 MAX 10 |
$1,2 bilhão |
|
(20) 737 MAX 10 |
— |
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(nota: inclui 6 unidades convertidas para o MAX) |
(42) 737 MAX 8 (10) 737 MAX 10 (8) 787-9 Dreamliner |
$7,4 bilhões |
(18) 737 MAX 10 |
— |
|
(10) 737 MAX 8 (10) 737 MAX 10 |
$2,3 bilhões |
|
(20) 737 MAX 10 |
$2,5 bilhões |
|
(20) 737 MAX 10 |
— |
|
(30) 787-9 Dreamliner |
$8,1 bilhões |
|
(20) 737 MAX 8 |
$2,2 bilhões |
|
(2) 737 MAX 8 |
$225 milhões |
|
Monarch** |
(15) 737 MAX 8 |
— |
(50) 737 MAX 10 |
$6,2 bilhões |
|
(20) 737 MAX 10 |
$2,5 bilhões |
|
(8) 737 MAX 10 |
$3,1 bilhões |
|
(75) 737 MAX 8 |
$8,4 bilhões |
|
BlueAir** |
(6) 737 MAX |
— |
(10) 737 MAX 200 |
$1,2 bilhão |
|
(4) 787-9 Dreamliner |
$1,1 bilhão |
|
(35) 737 MAX |
$5,8 bilhões |
|
(100) 737 MAX 10 |
— |
|
(4) 777-300ER |
$1,4 bilhão |
|
(10) 737 MAX 8 |
$1,1 bilhão |
|
(10) 737 MAX 8 |
— |
|
(2) 777 Freighters |
$651 milhões |
|
(5) 737 MAX 7 |
$1,2 bilhão |
|
(2) 787-8 Dreamliner |
$729 milhões |
|
(1) 737 MAX 8 |
— |
|
(10) 737 MAX 10 |
— |
|
(10) 737 MAX 10 |
— |
|
(10) 737 MAX 10 |
$1,2 bilhão |
|
(15) 737 MAX 10 |
— |
|
Tassili** |
(3) 737-800s |
— |
Clientes não identificados |
(125) 737 MAX 8 |
$14,1 bilhões |
(15) 737 MAX 10 |
— |
|
(20) 737 MAX 8 |
$2,2 bilhões |
|
Total de encomendas e compromissos de vendas |
571 aeronaves |
$74,8 bilhões |
* Conversão de pedidos
** Clientes que estavam identificados e foram revelados na feira
Com informações do Seattle Times e das Assessorias de Imprensa da Airbus e da Boeing.