RIOgaleão passará a se chamar ‘Aeroporto Internacional Maria da Penha’.

Entre os dias 8 e 18 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, Maria da Penha emprestará seu nome ao RIOgaleão. O novo título faz referência a Maria da Penha Maia Fernandes, líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres e vítima emblemática da violência doméstica. A intenção é dar visibilidade à causa e provocar a discussão de temas relevantes com relação ao direito das mulheres, aproveitando o impacto que um aeroporto é capaz de gerar devido ao alto fluxo de pessoas que circulam diariamente nos terminais.




A ação foi criada pela Agência 3 e, junto com o RIOgaleão, a GOL Linhas Aéreas também adotará o título provisório “Aeroporto Maria da Penha” no discurso que os pilotos realizarem nos pousos e decolagens no aeroporto internacional carioca. Neste período, o Aeroporto Internacional Tom Jobim estará ambientado com peças da campanha e terá a emblemática voz de Iris Lettieri dando as boas-vindas ao “Aeroporto Maria da Penha” aos visitantes que utilizarem o estacionamento. Para completar, a Rádio RIOgaleão apresentará, durante uma hora por dia, o programa “Agora é que São Elas”, com um repertório de músicas de grandes nomes femininos da música popular brasileira. A programação começará no dia 8 e ficará até o final do mês, todo dia a partir das 8h.

Desde agosto de 2006, Maria da Penha dá nome à lei que aumentou o rigor das punições às agressões contra a mulher ocorridas no ambiente doméstico ou familiar. Os números da violência, no Brasil, mostram a seriedade do problema. Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmam que a cada 1h30 uma mulher é assassinada por um homem, no Brasil, simplesmente por ser mulher – o que totaliza 13 casos de feminicídio por dia.

De acordo com o “Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil”, uma compilação de indicadores nacionais e estaduais realizada pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), do Instituto de Pesquisa DataSenado, mais de 4.800 mulheres foram assassinadas em 2014 em todo o país. O estudo leva em conta o número de homicídios de mulheres registrados em 2014 no Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. Para cada 100 mil mulheres no país, a taxa foi de 4,6% de assassinatos. Ainda, durante o carnaval, na última semana, o Rio registrou uma agressão a mulheres a cada quatro minutos, segundo dados da Polícia Militar.

 

Baixa representatividade da mulher na sociedade

Um estudo sobre o perfil social, racial e de gênero nas empresas brasileiras, divulgado no ano passado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Instituto Ethos, mostra que apenas 13,6% dos cargos mais altos de 500 grandes empresas brasileiras são ocupados por mulheres. Estudiosos acreditam que o equilíbrio deste cenário só deve ocorrer mais de um século à frente dos dias de hoje, depois do ano 2116.

A realidade vivida, hoje, se baseia em um contexto histórico mundial, cujos principais personagens, líderes e heróis eram do sexo masculino. O reflexo dessa questão é visto em conjunturas bem comuns do dia a dia. Segundo dados coletados no site dos Correios, 83% dos logradouros brasileiros que levam nomes de pessoas homenageiam homens – cinco vezes mais do que nomes de mulheres. A mesma questão pode ser percebida em países como a Espanha, onde moradores de algumas cidades querem batizar novas ruas com nomes de mulheres que se destacaram na história. Um levantamento feito em 2007 revelou que só 5% das ruas no país homenageavam o sexo feminino – atualmente, o número ainda não chega a 10%. Ainda no Brasil, dos mais de 30 aeroportos espalhados pelo país, que levam nomes de personalidades da história, apenas um carrega o nome de uma figura feminina (Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia).

A busca pela representatividade feminina ganha progressivamente mais defensores nos mais diversos âmbitos. Em 2016, as empresas Google e Apple liberaram aos seus usuários as versões femininas de Emojis de profissões (as famosas figurinhas utilizadas em redes sociais e aplicativos de mensagens). Já em 2017, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) apresentará a primeira mulher responsável pela sua curadoria em uma década, a jornalista Joselia Aguiar – antes dela, em 14 anos de evento, apenas uma mulher havia ocupado a posição.

Nas redes sociais, organizações que visam defender os direitos das mulheres e o desenvolvimento de estudos sobre feminismo atraem cada vez mais seguidores. Comunidades como o “He for She”, criado pela Organização das Nações Unidas, já atraem mais de 540 mil usuários da rede. No Brasil, o coletivo “Não me Kahlo” reúne mais de 1 milhão de entusiastas sobre o assunto. Mas, estes exemplos ainda representam uma parcela pequena dentro da real dimensão da falta de visibilidade da mulher. Há, ainda, os movimentos que visam combater a violência contra mulheres que viajam sozinhas, como “Vamos juntas?” e “#niunamenos”.

Do RIOgaleão

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