Roteadores aéreos? Wi-Fi para todo o planeta usando a malha aérea.

Uma empresa da Califórnia espera usar aviões como mini-roteadores para criar uma rede de internet “voadora”, que iria cobrir áreas remotas do planeta, como áreas rurais, além de fornecer uma rede para navios em alto mar. A rede também serviria para passageiros fazerem streaming de filmes em voo, ou até mesmo ligações.

“Os aviões serviriam como repetidores para outras aeronaves com internet e formariam uma rede global” disse Jason de Mos, vice-presidente da Airbone Wireless Network (AWN), uma pequena empresa no Vale do Silício, na Califórnia. “É diferente de qualquer coisa e não existe um ponto de falha sequer”, complementou Jason.

Várias empresas estão tentando levar internet para áreas remotas que não possuem torres de celulares. O Google é uma delas com seu projeto de internet de graça usando balões (que inclusive está disponível em algumas regiões do Brasil e é possível ver a localização dos balões através do FlightRadar24).

Porém, para Jason, o sistema da AWN é totalmente viável, custando uma fração de um satélite, que chega a custar 200 milhões de dólares. “Nós estaremos apenas adicionando equipamento à infraestrutura já existente e tirando vantagem disso, fazemos o mesmo que as outras empresas mas com um custo muito menor”, disse o vice-presidente da companhia.

Como funciona

Sistema ADS-B. Foto: AOPA

O sistema basicamente é uma rede entre aviões, satélites e estações de solo, similar ao sistema de transponder ADS-B que está sendo implantado em todo o mundo atualmente. No caso da AWN, um sinal de internet é transmitido por uma estação em solo ou por um satélite, e o mesmo é replicado para outros aviões e/ou transmitido para o solo para uso imediato.

Locais remotos mas que são contemplados por aerovias irão contar com uma boa conectividade, sendo o avião uma ponte entre o servidor e o usuário. Atualmente a rede ADS-B cobre toda a área da Austrália, um país com diversas localidades remotas e que depende muito do uso de aviões para conexão interna. Países da Europa e os EUA irão tornar o uso do novo modo de transponder obrigatório nos próximos anos, podendo ser uma tendência a ser seguida pela AWN.

Outra vantagem é que os aviões pousam a cada poucas horas, fazendo manutenção e melhorias bem mais fácil que um satélite que fica em órbita por 10 ou 20 anos. A altitude mais baixa dos aviões também iria contribuir para a melhor conectividade, afirma o vice-presidente.

Apesar das grandes vantagens, um especialista disse ao website Seeker que ainda tem vários obstáculos para a companhia do vale do Silício “decolar”. Segundo John Hansman, diretor do Centro Internacional para Transporte Aéreo do MIT: “É um caso clássico de como chegar às grandes massas. Se apenas um avião estiver usando, não vai fazer muita coisa. Sou cético sobre essa rede aérea ser contínua e viável o suficiente para que o mercado se interesse por ela.”

No próximo mês, a AWN irá equipar e testar o sistema em dois Boeing 757-200 que estão estocados atualmente no Arizona, juntamente com um receptor em terra. A FAA já deu permissão para o teste e já recebeu o pedido de homologação para o projeto. Depois disso, o próximo passo será instalar o sistema em 20 aviões para formar uma rede.

A empresa já está na bolsa de valores e recentemente anunciou um aporte de $1.2 milhões de dólares de um investidor privado.
Adaptado do Seeker.com.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

Veja outras histórias

TST acata recurso do SNA e ação coletiva contra a Azul...

0
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) acatou recurso do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) na ação coletiva, em face da Azul