Southwest Airlines, a verdadeira estrela americana dos céus.

Southwest e Seattle
Southwest 737 MAX e Seattle. (Boeing / Galeria)

A Southwest Airlines é conhecida por ser pioneira no modelo ‘low-cost’ do mercado aeronáutico, a companhia é a maior low-cost mundial e sempre figura entre as primeiras em market share (participação no mercado) se dividirmos a receita por passageiro nas milhas que percorre. Bom, mas este é o resultado de uma extensa história que começou em 1971, quando a Southwest tinha apenas três jatos 737, a alma da companhia, e servia apenas três cidades no Texas. Hoje, ela está em 98 destinos espalhados por mais de 40 estados americanos e América Central. Em 2014, após a aquisição da AirTran negociada anos antes, deu um passo à frente e entrou no mercado internacional com destinos sazonais em ilhas caribenhas.

Tudo bem, mas qual o segredo? Um dos principais apontamentos feitos pelos especialistas é que ela utiliza de uma estratégia de malha aérea chamada ‘point-to-point’, em contraste com o que já faziam as grandes e tradicionais United e American, por exemplo, que trabalham com hubs (centros de conexão) espalhados pelo país. Com tempos de voo menores, aeroportos regionais e diversos outros fatores que falaremos a seguir, ela consegue oferecer tarifas atrativas e competitivas. Além disso, é a única nos Estados Unidos a transportar as bagagens despachadas sem taxas.

Pintura velha atrás. Pintura nova em frente.
Pintura velha atrás. Pintura nova em frente.

Um dos pontos de maior atenção seria o recorde de quatro décadas consecutivas em lucro, e a única companhia aérea em que os investidores consideram ao comprar ações na bolsa de Nova Iorque (NYSE). Sua sigla, ‘LUV’, sugere bastante sobre um dos valores a serem seguidos por seus funcionários: o amor e carinho ao próximo. E isso se estende além do atendimento ao cliente e perpetua em relações internas e campanhas publicitárias.

Pode parecer clichê, mas todas tentam copiar e não conseguem. “Porque elas não entendem. ” Afirma Colleen Barret, presidente honorária e parceira de Herb Kelleher, histórico fundador e CEO da Companhia até 2008, quando deu lugar a Gary Kelly. Hoje ocupam cargos no conselho administrativo e sabem mais do que ninguém explicar o que dá origem ao segredo da Southwest Airlines: “O que a gente faz é muito simples, mas não é simplista. Nós realmente fazemos tudo com paixão, gritamos um com os outros e nos abraçamos”. Completa. A certeza é que conseguiram copiar a parte do grito, mas a do abraço ainda custam entender.

Os valores não ficam apenas no papel. É só visitar algum prédio da companhia em Dallas – LOVE Field e se certificar das decorações ousadas e carismáticas que não deixam seus empregados esquecerem por um minuto suas origens. Não é à toa que já foi destaque em revistas como a Fortune, sendo apontada como uma das companhias mais admiradas no mundo, e é constante assunto de estudo de caso por estar sempre em listas de melhores empresas para se trabalhar.

Manter os custos sob controle e sua cultura viva: estes são os maiores desafios da Southwest quando ela vem de baixo para competir entre as grandes, empregando diretamente em torno de 50 mil funcionários espalhados por suas bases, explora o seu máximo de potencial. É possível observar o mesmo funcionário realizando diversas funções, desde o balizamento da aeronave até o seu push-back; Tudo com a mesma atenção e carinho, atentando-se à logística precisa, o agente de rampa chega a ter menos de 15 minutos para liberar a aeronave para o próximo voo sem atrasos.

Observe no vídeo a seguir:

 

Sua frota massiva de 700 aeronaves padronizada em aeronaves Boeing, em especial o modelo 737, os torna um dos principais clientes mundiais da fabricante e participantes ativos do aprimoramento do projeto. E o melhor, mantém custos de treinamento baixos para equipes de solo e tripulação, além de ter os gastos com manutenção muito reduzidos em comparação com companhias de frota mista.

Alguns pedidos dos novos 737 MAX estão sendo postergados para 2017 e 2018, tendo em vista uma economia de $1.9 bilhões de dólares enquanto o preço do petróleo continua baixo. Porém a companhia é o launch customer (primeiro cliente) da fabricante de Seattle, e pretende dar asas ao novo MAX ainda este ano.

Isso aponta a responsabilidade financeira da administração da SWA, que já pôde superar terríveis tempos após o evento do 11 de setembro, quando todas as americanas amargaram duras perdas que acumularam mais de US$22 bi em face da desconfiança no mercado; Ela manteve lucros e expandiu rotas sem desempregar um único funcionário, demonstrando que tinha margens suficientes, e ainda tem, para passar por tempos de crise.

A Southwest é apenas a quarta colocada nacional em termos de volume de tráfego, mas com certeza é a primeira opção quando os americanos pensam em viajar. Hoje, com 11 destinos internacionais no Caribe e no México, ela pretende expandir novos destinos quando o novo terminal internacional de Fort Lauderdale (FLL) ficar pronto, e um dos principais objetivos seria instaurar voos para Havana, em Cuba. Quem sabe eles não pensam em esticar até o Brasil quando superarmos esses tempos sombrios?


AeroIN 

Referências: Fortune (2016) – the hottest thing in the sky (2004) / Marketrealist (2015)

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