Voamos no luxuoso super jato Embraer Legacy 650

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Tivemos a oportunidade de viajar a bordo de um brasileiro que faz sucesso pelo mundo há alguns anos, o Legacy 650. A aeronave da Embraer é considerada destaque da categoria de jatos executivos de médio porte e longo alcance, e é usada por diversas celebridades e empresários do redor do mundo, dentre eles o ator Jackie Chan, que possui uma aeronave toda customizada e com a pintura de um dragão-chinês.

O voo foi realizado na rota de São José dos Campos a Congonhas, por ocasião do traslado da aeronave para a 13ª edição da maior feira de aviação executiva da América Latina, a Labace. Um trecho bastante simples para uma aeronave capaz de voar até 7.223 quilômetros e fazer São Paulo-Miami sem escalas (com quatro passageiros).

 

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Clique para ver o alcance de toda a frota executiva da Embraer

 

Da fábrica para a feira

Após a visita técnica na fábrica de São José dos Campos, ‘berço’ dos 650, fomos acompanhados pela equipe da Embraer até a aeronave de matrícula PR-LFU, que é atualmente utilizada pela fabricante como demonstrador para clientes e feiras aeronáuticas; representante dos mais de noventa Legacy 650 operando ao redor do mundo hoje; uma vitrine de cerca de US$ 30 milhões e muito luxo.

Com embarque autorizado, subimos a escada embutida na porta da aeronave e fomos recebidos com muita simpatia pela tripulação e por aquele ‘cheirinho’ tão bom de coisa nova. A primeira coisa que notei foi grande espaço interno e a altura da cabine (1,82m do chão ao teto), que facilita grandemente a locomoção interna.

 

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A primeira coisa a fazer antes de nos acomodarmos, era encontrar um lugar para guardar nossas malas. Para tanto, caminhamos lentamente até o fundo da aeronave, onde se localiza o bagageiro interno.

Chegamos, então, à porta que dá para o espaçoso compartimento capaz de armazenar realmente muitas malas, como mostra a foto abaixo. O mais interessante é que ele tem a facilidade de ser acessado a qualquer momento durante o voo, de modo tal que os viajantes têm seus pertences sempre à disposição, caso necessitem.

Atravessei calmamente de volta toda a aeronave, dessa vez observando os detalhes do acabamento interno, que é todo em madeira com carpete na cor chumbo, um conjunto sóbrio e harmônico. Segundo o catálogo, há ainda outras onze opções de madeira disponíveis como padrão e mais seis opcionais, todas elas são envernizadas por um produto especial produzido pela Sayerlack Brasil para a Embraer, o qual provê maior transparência e durabilidade aos móveis.

 

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Bagageiro acessível durante o voo

Deixei meu celular carregando em uma das tomadas do bar, peguei um pouco de café na máquina de expresso (ou espresso, se formos pelo italiano castiço) e então me acomodei em uma das espaçosas poltronas forradas de couro bege. Reclinei um pouco, embora pudesse tê-la transformado numa cama se quisesse, e relaxei enquanto aguardava a decolagem.

Motores ligados, iniciamos o táxi para a pista de número 15 do aeroporto internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf. Decolagem autorizada pela torre e os dois motores Rolls Royce AE3007A2 roncaram à potência máxima, de 9.020 libras cada. Motores fortes e avião leve resultaram em uma decolagem suave, com apenas 1.000 metros da pista corridos. Saímos do solo às 12 horas e 31 minutos locais.

 

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Enquanto subíamos à altitude de cruzeiro na razão máxima de 2.560 pés por minuto, me concentrei em observar os detalhes ao meu redor. O primeiro deles foi o baixo nível de ruído. Com potência total no motor, nota-se a qualidade do isolamento acústico, que torna a aeronave nitidamente mais silenciosa (são 4 decibéis a menos do que em versões anteriores).

Notei também as janelas. Embora sejam do tamanho padrão de jatos comerciais, elas estão presentes em grande quantidade na cabine (são 22). Num dia ensolarado como aquele, a luz natural era abundante. Uma boa coisa, por que a ciência já tem comprovado que a luz natural é mais benéfica para a saúde do que a artificial. No entanto, caso lá fora esteja escuro, o sistema de luzes de led permite que a intensidade e a coloração da iluminação sejam ajustadas conforme o humor do viajante.

 

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E como será que o jato se comporta enquanto ferramenta de trabalho? Isso que me perguntei por alguns instantes, pois costumo viajar a trabalho em aviões de carreira, porém raramente consigo trabalhar com total concentração, privacidade ou conectividade. Mesmo viajando em classe executiva há vários impedimentos tais como: a impossibilidade de fazer uma reunião com os pares, a falta de privacidade para tratar de assuntos confidenciais ou a conexão com a internet a bordo que nem sempre funciona.

Aviões executivos foram criados para suprirem essa necessidade e eu imaginei uma reunião acontecendo ali, naquele momento. Em primeiro lugar, o espaço é bastante favorável. Diante das poltronas há mesas embutidas que podem ser abertas e dar apoio a laptops e anotações. A conexão wi-fi transforma a aeronave num escritório remoto, com possibilidade de vídeo conferências, troca de arquivos com a matriz e reuniões presenciais. A cabine ainda pode ser dividida em duas ou três seções de poltronas frente-a-frente ou combinada com sofás, provendo separação entre os ambientes de reunião e de descanso.

 

Legacy 650 Executive Bizjet by Embraer Executive Jets
Frio ou calor? Você escolhe a melhor temperatura no controle do assento.

 

Entre uma reunião e outra, por que não comer algo? A aeronave vem dotada de equipamentos suficientes para a preparação de um serviço de bordo completo, inclusive com comidas e bebidas finas.

O bar é bem decorado e comporta qualquer tipo de drink. Na máquina de café expresso você escolhe aquele que melhor combina com seu paladar, mas e se a ideia é servir vinhos finos aos clientes, a aeronave pode vir equipada com uma adega climatizada. O serviço de bordo pode ser complementado com petiscos ou comidas quentes, preparados na espaçosa galley com ajuda do forno convencional ou do microondas.

Para relaxar naquele final de dia estressante cheio reuniões e despachos gerenciais, um filme ou música vêm bem a calhar. O sistema de entretenimento customizado conforme necessidade do cliente e pode incluir telas individuais de 9 polegadas para cada assento, com controle de programação em tela com tecnologia touch-screen. A programação pode incluir música se filmes. A base do sistema é uma moderna suíte de equipamentos fornecidos pela Honeywell, que inclui vídeo em alta-definição, USBHDMI, VGA, Blu-ray player e mapa de rota (JetMap III).

 

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Embora ao empresário ou executivo a parte técnica possa parecer um tema distante, os pilotos do Legacy 650 certamente terão conforto e segurança a mais ao pilotar essa máquina. A cabine de comando é equipada com o que há de mais moderno em sistemas de voo sendo a Honeywell a fornecedora principal é a Honeywell, com sua suíte Primus Elite.

Os aviônicos incluem os displays de LCD com Dispositivo de Controle de Cursos (CCD), cartas de navegação, mapas e manuais eletrônicos, controlador de velocidade vertical, atualização automática de dados de navegação através do Data Loader 1000, atualização de meteorologia via satélite e aparelhos avançados de auxílio ao pouso.

Às 13h10 essa tecnologia toda foi aplicada no suave pouso na pista 35 do Aeroporto de Congonhas.

 

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Veja mais fotos dessa viagem (fotos – Benito Latorre / Aeroin)

 

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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