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Conheça o Aeroporto Internacional de Cuiabá; ou seria o de Várzea Grande?

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Aeroporto Cuiabá Várzea Grande

Por Welington Sabino

Se você já viajou para Mato Grosso em voo comercial com pouso programado no Aeroporto de Cuiabá, com certeza passou primeiro por Várzea Grande, o segundo maior município mato-grossense, mas talvez nem saiba disso.

A explicação é a seguinte: embora o terminal aeroportuário esteja localizado na cidade vizinha, é a Capital do Estado que leva os créditos pelo aeroporto ao ser anunciada, por comandantes de aeronaves e comissários de bordo, como destino dos passageiros que chegam.  

Em novembro de 2019, a Câmara Municipal de Várzea Grande aprovou um projeto de lei que obriga companhias aéreas comerciais a mencionarem que o Aeroporto Marechal Rondon fica em Várzea Grande.

A prefeita do município, Lucimar Campos, aprovou a iniciativa e sancionou a lei um mês depois, em 30 de dezembro, sob argumento de que sua função é “valorizar a cidade que procura fomentar o turismo e suas riquezas”. Porém, na prática nada mudou após seis meses de vigor da Lei Municipal nº 4.534/2019.

Conforme apuração feita junto a funcionários do aeroporto, a existência da norma municipal é desconhecida até por alguns trabalhadores do terminal. Isso sugere que não houve determinação interna para comandantes de aeronaves anunciarem, durante as boas-vindas aos passageiros, a chegada ao município de Várzea Grande ao invés de Cuiabá.

Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Pátio de operações do Marechal Rondon – Imagem: Welington Sabino

Airbus A321neo da Azul no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Alguns funcionários não ligam para esse “pequeno detalhe”, que é motivo de memes em redes sociais e piadinhas entre moradores das duas maiores cidades mato-grossenses. Eles brincam com uma espécie de “rivalidade” entre aqueles que moram na Capital e os habitantes da cidade vizinha, que é chamada de “interior”, embora sejam separadas apenas por algumas pontes.

Mas outros funcionários do aeroporto se incomodam. “Pelo amor de Deus, não fala que o Marechal Rondon fica em Cuiabá. O certo é Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Os leitores querem morrer quando fala Cuiabá porque a gente sabe que Cuiabá não tem aeroporto”, disse um colaborador da Azul, sob a condição de não ter o nome divulgado.

Internacional só no nome

Outra curiosidade sobre o maior aeroporto de Mato Grosso: é bem possível que você leitor do Aeroin, independente de já ter viajado de avião para qualquer cidade mato-grossense, também não saiba que o Aeroporto Internacional Marechal Rondon não opera qualquer voo direto para outro país. Ou seja, de internacional só tem o nome há vários anos, além da intenção dos últimos governantes em retomar voos para a Bolívia e expandir a malha de atuação para outros países vizinhos, como Paraguai e Peru.

Em 20 de abril de 2016, o Marechal Rondon recebeu um voo da Bolívia transportando o governador da cidade de Santa Cruz de La Sierra, Rubens Costas Aguilera, e autoridades políticas e empresariais do país vizinho. Naquela ocasião, foi “inaugurado” o terminal internacional do Aeroporto Marechal Rondon.

O voo que veio da Bolívia em 2016 – Imagem: Secom-MT

No mesmo dia, o terminal também recebeu o pouso de uma aeronave vinda da Argentina, transportando uma delegação de empresários da província de Salta para participarem da Feira Internacional do Pantanal (FIP) e do encontro da Zona de Integração do Centro Oeste Sul-Americano (Zicosur), bloco que reúne seis países da América Latina. Desde então, outros voos diretos para países vizinhos não foram mais realizados.

Quanto a possíveis voos comerciais regulares saindo do Marechal Rondon para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, a principal empresa brasileira interessada é a Azul, que já tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas ainda aguardava a “internacionalização definitiva” do aeroporto antes da pandemia do novo coronavírus.

Quando os planos vierem a se concretizar, a companhia utilizará na rota uma aeronave Embraer 195 com capacidade para até 118 passageiros.

Localização estratégica

Apesar dessas duas peculiaridades, o Marechal Rondon tem uma grande importância no mercado da aviação brasileira, principalmente por sua localização estratégica na região metropolitana de Cuiabá, bem no Centro-Oeste do País. O terminal, inaugurado oficialmente em 14 de junho de 1956, e administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) por 44 anos, agora está sob a gestão da concessionária Centro-Oeste Airports (COA).

A COA assumiu o local em 27 de dezembro de 2019 após vencer, em 15 de março, uma concessão para administrar o Marechal Rondon e outros três aeroportos de Mato Grosso, com duração de 30 anos e promessa de ampliação e investimentos de R$ 770 milhões nos quatro terminais ao longo das três décadas.

Inclusive, está prevista a construção de uma nova pista, maior e mais larga para Cuiabá entrar, definitivamente, nas rotas internacionais e ter capacidade de receber aeronaves maiores. Conforme Marco Antonio Migliorini, diretor presidente da Centro-Oeste Airports, o Marechal Rondon receberá melhorias e investimentos para tornar-se um hub da América do Sul, suprindo uma demanda importante da região.

Pista e capacidade para aeronaves maiores

O Aeroporto Marechal Rondon tem hoje uma pista de 2.300 metros de comprimento por 45 metros de largura e possui capacidade para atender 5,7 milhões de pessoas por ano. Para efeitos de comparação, vale lembrar que a pista principal do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tem apenas  1.323 metros de comprimento e 42 metros de largura.

No Marechal Rondon, são operados voos (ou eram até a pandemia) com as aeronaves Airbus A320 e A321 utilizadas pela Latam, os Boeings 737-700 e -800 usados pela Gol, além dos aviões da Azul, que utiliza no terminal os modelos ATR 72-600 e Embraer E190 e E195, além do A320neo. Até o novíssimo A321neo da Azul, de matrícula PR-YJB, já passou pelo Marechal no dia 24 de abril deste ano, em pleno período de pandemia da Covid-19.

Boeing 737 da Gol no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Airbus A321 da Latam no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Airbus A320neo da Azul no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Outras empresas menores, como a Asta e a TowFlex, também operam no terminal com voos regionais utilizando o C-208B Grand Caravan, com capacidade para transportar nove passageiros e dois tripulantes.

Além disso, recentemente o terminal também recebeu dois voos operados com diferentes Boeings 767-300, ambos cargueiros, que transportavam insumos médicos e equipamentos usados no tratamento de pacientes com Covid-19. Trata-se de uma aeronave de maior porte, com 54.94 metros de comprimento e 47.57 m de envergadura, outros 15.9 m de altura e mais 5.03 metros de largura interna da fuselagem.

Um deles, o 767-346F da Latam nas cores da TAM Cargo, decolou de Miami (EUA) e pousou no Marechal Rondon no dia 28 de abril por volta das 11h40. O segundo voo com o Boeing 767-316F, dessa vez de pintura nas cores da ABSA Cargo, companhia pertencente ao grupo Latam, também decolou de Miami e aterrissou no maior aeroporto de Mato Grosso no dia 26 de maio, por volta das 14h30.

Boeing 767-300F da TAM Cargo no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Boeing 767-300F da TAM Cargo no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

Boeing 767-300F da ABSA Cargo no Marechal Rondon – Imagem: Arthur Santana / Spotteando.br

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