Agência de rating Fitch atualiza para melhor a nota de risco de crédito da GOL

A Fitch elevou os Ratings de Crédito de Emissor (IDRs) de longo prazo em moeda estrangeira e local da GOL Linhas Aéreas de “CCC+” para “B-” e elevou seu Rating de Longo Prazo na Escala Nacional de “B- (bra)” para “BB + (bra)”. A Fitch também elevou os títulos não garantidos da GOL Finance de “CCC +” / “RR4” para “B -” / “RR4”. Além disso, a agência atribuiu uma Perspectiva Estável para os IDRs e para o rating na escala nacional.

A elevação reflete a redução dos riscos de refinanciamento de curto prazo da GOL, em decorrência da recente conclusão de sua estratégia de gestão de passivos, bem como de sua melhor posição de liquidez. O acesso comprovado da empresa ao mercado de capitais local e internacional também foi uma consideração de crédito positiva. A melhoria da dinâmica da indústria no mercado doméstico de companhias aéreas brasileiras, que é a espinha dorsal das operações da GOL, deve impulsionar o fluxo de caixa operacional e apoiar a tendência de desalavancagem em 2022.

Principais motivadores

Programa Brasileiro de Vacinação: O lançamento generalizado de vacinas de COVID-19 e o afrouxamento das restrições da era pandêmica em todo o Brasil devem gerar uma recuperação robusta nas viagens de lazer domésticas em 2021 e 2022; as viagens de negócios e internacionais em geral continuarão fracas em relação aos níveis históricos, apesar da abertura das fronteiras. A Fitch espera que o tráfego doméstico brasileiro se recupere aos níveis de 2019 no início de 2022. No entanto, desenvolvimentos futuros em relação à variante Delta e outras variantes potenciais podem mudar a perspectiva da Fitch.

Forte Posição de Mercado: A GOL tem uma posição de liderança de negócios no mercado doméstico de companhias aéreas brasileiras, considerada sustentável no médio prazo, com uma participação de mercado de cerca de 38% medida pela RPK em 2020. Como o Brasil é o principal mercado da empresa, os resultados operacionais da GOL são altamente correlacionados à economia brasileira. Devido a essa diversificação geográfica limitada, a exposição cambial da empresa é alta. Historicamente, a GOL gerou aproximadamente 85% de suas receitas em reais, enquanto cerca de 60% de seus custos totais e 87% de sua dívida total são denominados em dólares norte-americanos.

Patrimônio para suportar a pressão do FCF em 2021: em uma base líquida, a GOL levantará novo patrimônio durante 2021 como resultado do suporte dos acionistas (R$ 423 milhões) e do novo acordo de code-share com a American Airlines (R$ 1 bilhão). A empresa havia levantado R$ 607 milhões adicionais de patrimônio que foi usado para financiar a transação com seu programa de fidelidade Smiles. O R$ 1,4 bilhão adicional será crucial para financiar o Fluxo de Caixa Livre (FCF) negativo de cerca de R$ 2,7 bilhões para 2021, incluindo pagamentos de arrendamento, segundo estimativas da Fitch. Para 2022, com a retomada das operações, o FCF deve ficar negativo em torno de R$ 500 milhões. Em termos de EBITDAR ajustado, a Fitch estima em torno de R$300 milhões para 2021 e cerca de R$3,6 bilhões para 2022.

Crescimento Conservador e Gestão da Capacidade: a habilidade da GOL em ajustar rapidamente sua frota (capacidade) ao novo nível de demanda, por meio de renegociações com os locadores e com a Boeing no que diz respeito ao MAX 8, bem como as diversas iniciativas de redução de custos, têm sido fundamentais para minimizar a queima do fluxo de caixa. A abordagem conservadora da GOL deve apoiar uma estrutura de capital equilibrada, uma vez que o tráfego doméstico está no caminho para sustentar a maior geração de fluxo de caixa operacional durante 2022. A Fitch espera que a alavancagem líquida da GOL fique em torno de 4,8x e 4,1x, respectivamente, durante 2022 e 2023.

Maior Flexibilidade Financeira: A GOL concluiu o refinanciamento de seus principais vencimentos de curto prazo, incluindo a sétima emissão de debêntures locais, linhas de financiamento à exportação (Fininps) e linhas de capital de giro. Os vencimentos de curto prazo da GOL totalizavam R$ 1,7 bilhão e o caixa disponível pro forma era de R$ 0,8 bilhão, pelos critérios da Fitch, em 30 de junho de 2021.

Considerando os números pró-forma após o refinanciamento e o patrimônio da American Airlines, a descoberto a dívida a prazo será em torno de R$ 0,5 bilhão e o caixa em torno de R$ 1,8 bilhão. A Fitch considera o perfil de amortização da dívida da GOL mais administrável e os principais vencimentos de curto prazo relacionados às operações de financiamento de aeronaves continuam a ser rolados de forma contínua.

O rating

Para a Fitch, o rating ‘B-‘ da GOL reflete sua sólida posição de negócios que lhe permitirá se beneficiar da recuperação das viagens aéreas domésticas no Brasil. Os riscos aprimorados de liquidez e refinanciamento da empresa apoiam ainda mais a recente elevação do rating. A GOL tem menor alavancagem operacional em comparação com a Azul (CCC + / Positiva), mas uma posição de liquidez mais fraca.

A GOL tem diversificação geográfica limitada em relação aos pares globais; no entanto, sua importante posição de mercado no Brasil, altas margens operacionais e um histórico de fortes índices de liquidez são os principais impulsionadores do rating. 

Esses fatores positivos são atenuados pelo crescimento contínuo dos negócios da empresa e pela volatilidade operacional relacionada ao seu mercado-chave, o Brasil. A exposição ao risco cambial é vista como um fator negativo de curto prazo para a GOL, considerando sua diversificação geográfica limitada. A empresa historicamente implementou uma posição de hedge cambial que limita parcialmente sua exposição à flutuação da moeda.

Informações da Fitch

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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