Agravamento da Covid piora a já crítica situação das empresas auxiliares da aviação

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Imagem: Abesata

Duramente afetado pela pandemia como toda a indústria da aviação, o setor de ground handling (serviços auxiliares de solo) já demitiu mais de 30% da mão de obra especializada em todo o Brasil e agora teme pela falência das empresas, com o agravamento da crise sanitária.

As empresas do segmento demitiram quase 16 mil dos 40 mil trabalhadores e estão vendo em março cancelamento de rotas e suspensão de operações em diversos aeroportos de grande, médio e pequeno movimento. “Não estamos com medo de demissões, mas de falência de empresas. Sem linha de crédito e sem qualquer tipo de ajuda”, disse Ricardo Aparecido Miguel, presidente da Abesata (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares do Transporte Aéreo).

“Os empresários já estavam em uma situação desesperadora, arcando com os custos de trabalhador parado ou de demissão, com faturamento em queda drástica, e viram uma pequena melhora em janeiro e fevereiro. Mas agora enfrentam mais e mais cancelamentos de voos e suspensão de rotas”, complementa Ricardo Miguel.

Com o agravamento da pandemia em praticamente todo o Brasil, o mês de março vai fechar com número de voos bem mais baixo do que o previsto. Para abril, até o momento, a redução de voos em relação ao planejado é de 45%.

“O grande dilema do empresário da área de ground handling é como sobreviver. Porque se mandar embora o colaborador, gasta para demitir e depois para capacitar de novo e admitir outro”, disse o presidente Ricardo.

Segundo ele, é preciso ajudar o setor além de recursos financeiros. É possível estender ainda que temporariamente as validades dos cursos e treinamentos periódicos, mudar regras que exigem das empresas a apresentação de certidão negativa de débitos tributários em plena pandemia e rever a postura dos Tribunais do Trabalho.

“Nesse cenário caótico, temos visto juízes do Trabalho executando sentenças e dando 24 horas para o depósito de valores que os empresários não possuem”, afirma o presidente da Abesata. E completa: “Estamos observando o Senado falar no retorno do Pronampe, que é uma política de crédito do governo federal destinada ao desenvolvimento e ao fortalecimento de pequenos negócios. Mas infelizmente este programa não contempla o nosso segmento. O transporte aéreo é o segundo setor mais atingido pela atual pandemia e nenhum banco quer receber-nos para falar de empréstimo. Estamos órfãos.”

O setor aguarda com expectativa a reedição do programa de redução de jornada e salários conhecido como Benefício Emergencial. Entretanto, na visão da entidade, a falência de empresas habilitadas para atuar no segmento de serviços auxiliares é dada como certa e vai prejudicar o retorno à normalidade da aviação brasileira, uma vez que vai abrir a porta para empresas inexperientes, não capacitadas e ávidas por qualquer modalidade de trabalho.

Informações da Abesata

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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