Airbus e parceiros apresentam aeronave turboelétrica para 340 passageiros

Após 3,5 anos de pesquisa, um grupo de pesquisadores coordenados pela Bauhaus Luftfahrt eV apresentou o conceito do chamado Propulsive Fuselage Concept (PFC), aeronave comercial que teria potencial para desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de aviões mais eficientes e menos poluentes do futuro. A aeronave turboelétrica para 340 passageiros produziria 4,7% menos emissões de CO2 em comparação com uma aeronave convencional igualmente avançada. 

Além das duas turbinas a gás nos motores das asas, um fan elétrico localizado na traseira produziria empuxo ao ingerir e reenergizar o fluxo de ar ao redor da fuselagem (“wake-fill”), uma fonte de energia pouco explorada em aviões. A configuração da aeronave apresenta compatibilidade com outras tecnologias avançadas, incluindo a de combustível de hidrogênio. 

Os pesquisadores citam que a propulsão “wake-fill” é conhecido há muito tempo no campo da propulsão marítima. As hélices do navio estão normalmente localizadas na popa do navio e operadas dentro do fluxo da camada limite próximo à superfície do corpo do navio. Este princípio físico também se aplica à propulsão aerotransportada, como provaram os onze parceiros de seis países europeus, que participam do projeto. 

No vídeo de animação abaixo, a equipe de pesquisadores mostra sua visão de como voar em 2035.

Um alicerce na maneira como podemos voar em 2035

“Temos enfrentado com sucesso os desafios imediatos que estão associados à integração da propulsão “wake-fill” na fuselagem. Com a prova de conceito realizada, elevamos esta tecnologia para o próximo nível. Nossa conquista pode representar um importante trampolim na maneira de inserir a “Fuselagem Propulsiva” para um possível desenvolvimento de produtos de aeronaves no futuro”, diz o coordenador do projeto Arne Seitz da Bauhaus Luftfahrt eV.

Os parceiros testaram os benefícios do “wake-fill” da fuselagem traseira sob condições de projeto e operação realistas. Uma compreensão completa dos efeitos aerodinâmicos foi desenvolvida por meio de extensas simulações de computador, túnel de vento de baixa velocidade e testes de ventoinha. Todos os resultados de projeto e análise foram incorporados em um pré-projeto de família de aeronaves e a tecnologia foi rigorosamente comparada com uma aeronave similarmente avançada.

A avaliação foi realizada para o transporte aéreo de 340 passageiros e 12.000 km de alcance no ano de 2035. O estudo chegou a -4,7% de CO2 emitido para o motor turboelétrico em comparação com aeronaves mais avançada ou -36% em relação à linha de base do ano 2000. As emissões de NOx (óxidos de nitrogênio) durante o ciclo de pouso e decolagem são reduzidas em 1,8% em relação ao ano de referência de 2035 e em 41% em comparação com a linha de base do ano 2000. Durante o cruzeiro, a aeronave pode cortar as emissões de NOx em 20% e 64% em relação aos padrões do ano 2035 e 2000, respectivamente.

O projeto

Coordenado pela Bauhaus Luftfahrt, o consórcio do projeto CENTRELINE é composto por 11 parceiros de seis países europeus. A iniciativa foi financiada com 3,7 milhões de euros pela União Europeia.

Além da Bauhaus Luftfahrt, quatro parceiros líderes da indústria como a Airbus Defense and Space, Airbus Operations, MTU Aero Engines, Rolls-Royce e Siemens, bem como quatro universidades europeias de renome, a Chalmers University of Technology, Delft University of Technology, a University of Cambridge e Warsaw University of Technology, com o apoio dos parceiros de consultoria de gestão ARTTIC Innovation GmbH e ARTTIC SAS, participaram do projeto.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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