Airbus trabalha em projeto de avião para 100 passageiros que não vai despejar CO2 na atmosfera

Airbus

O Dubai Airshow tem se mostrado um lugar de grandes emoções, inovações futuristas e declarações de peso. A última dessas declarações veio da chefe da diretoria de novos produtos da fabricante, Sandra Schaeffer. Segundo ela disse ao Financial Times, a Airbus poderia potencialmente construir uma aeronave regional sem emissões de CO2 e com 100 assentos, já no início dos anos 2030.

Nos últimos tempos, a Airbus tem trabalhado duro em vários projetos para reduzir as emissões de dióxido de carbono. Dentre essas iniciativas, está o trabalho conjunto com parceiros, incluindo fabricantes de motores e startups, para fabricar motores com menor consumo de combustível, explorar híbridos e combustíveis alternativos e melhorar a aerodinâmica.

A pressão pelo voo perfeito

Companhias aéreas e fabricantes de aviões estão sob intenso escrutínio sobre o papel da indústria aeronáutica na contribuição para combater o aquecimento global. Mas sua capacidade de responder é limitada por ciclos de desenvolvimento que duram uma década ou mais e produtos que podem durar 50 anos. Enquanto isso, o incremento do tráfego aéreo está aumentando a pressão sobre o setor para obter uma resposta.

Em junho, a Airbus, sediada em Toulouse, na França, sua rival americana Boeing, e outros grandes players, comprometeram-se a reduzir pela metade as emissões líquidas de CO2 da indústria em 2050, em comparação com os níveis de 2005. “Hoje, não existe uma solução única para cumprir os compromissos em 2050, mas existem várias soluções que, se você avançar, conduzirão a esse caminho”, disse Schaeffer.

Embora aviões regionais menores possam voar livres de emissões no início da década de 2030, jatos maiores de longo alcance como o A350 precisariam adotar várias tecnologias, disse Schaeffer.

Por sua vez, as companhias aéreas já estão oferecendo o que consideram combustíveis de aviação mais sustentáveis, compostos por biocombustíveis misturados com propulsores convencionais, embora os aditivos ainda sejam caros e seu impacto nas emissões dependa de como são produzidos.

Airbus e a “Vergonha de voar”

Nos últimos meses, tem surgido movimentos de viajantes se sentindo culpados por sua pegada de carbono – é um fenômeno real e o custo de compensar as emissões de carbono dos voos pode superar as estimativas atuais da indústria, escreveram analistas do Citigroup em uma nota no mês passado.

Grupos de ativistas e ambientalistas estão alimentando o movimento de “vergonha de voar” e, em algumas partes da Europa, as pessoas já estão evitando aviões em favor de alternativas mais favoráveis ​​ao clima. Sobre isso, a diretora esclareceu que a Airbus é simpática ao tema e que trabalha incansavelmente pela sustentabilidade do voo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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