Airbus vê o A321 XLR imune à crise e corre com seu desenvolvimento

Enquanto todo o restante da linha está em velocidade reduzida, seja de produção ou de investimento, a Airbus informou recentemente ao mercado que está acelerando o desenvolvimento do A321 XLR. Não por menos, com o mercado aéreo severamente afetado e sem perspectiva de um retorno rápido, o futuro dos voos internacionais de longa duração pode estar, em parte, nas asas desse novo modelo.

O XLR do nome foi um acrônimo criado pela Airbus para designar o que ela chama de eXtra Long Range (ou alcance extra-longo). Desta forma, o A321XLR é a variante de alcance aumentado da família A320neo. A família neo (nova opção de motor) foi lançada em 2010 e projetada para ser 15 a 20% mais econômica em consumo de combustível do que as aeronaves da família anterior.

Acelerando

Segundo uma matéria recente da Bloomberg, a Airbus decidiu recuar nos investimentos da maioria de suas linhas, retardando a criação de uma versão maior do A220, por exemplo e reduzindo a produção dos widebodies (A330 e A350), mas com o A321XLR foi ao contrário, inclusive atribuindo mais engenheiros ao projeto, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem nomeadas.

O objetivo é acelerar ainda mais do que estava, para garantir que o XLR entre em serviço em 2023 e seja o vetor que as empresas precisarão para saírem da crise, sobretudo para voos transatlânticos entre a Europa Ocidental e os Estados Unidos, além de rotas asiáticas de longo curso, por exemplo.

Jato já vinha bem

O lançamento do Airbus A321 XLR em junho de 2019 foi, indubitavelmente, um dos três assuntos mais importantes da aviação naquele ano. Imediatamente após seu lançamento, esta versão de longo alcance da família A320 se mostrou muito popular, assegurando grandes pedidos logo nos primeiros meses.

Desde que começou a ser comercializado, no ano passado, o bimotor da Airbus rapidamente acumulou mais de 450 pedidos. Com capacidade para levar entre 180 e 220 pessoas, numa configuração de duas classes, ou até mais de 240 em uma classe, o A321XLR torna-se a alternativa perfeita para rotas de médio ou longo alcance com uma demanda mediana de passageiros.

Ele também não tem um concorrente direto. Dentre os modelos fabricados pela Boeing, aquele que mais se aproxima do A321 seria o 757, mas que não é mais fabricado e os atuais estão ganhando idade e deverão ser substituídos. Portanto, nessa faixa de assentos e alcance, o A321XLR reina sozinho, nesse momento. Com a queda na demanda, voos que eram feitos pelo A330, por exemplo, serão tranquilamente operados pelos XLR.

“Será um assassino de categorias”, disse Sash Tusa, analista da Agency Partners de Londres. “Vai dominar a demanda de médio porte por provavelmente três a cinco anos saindo da crise”.

De fato, o A321 XLR chegou tomando de assalto um grande nicho de mercado e agora a pandemia lhe traz algumas vantagens competitivas.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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