Aos 79 anos, comissária de bordo pega Covid voando e acaba não resistindo

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Quase um mês depois que a comissária de bordo da American Airlines, Phyllis Adair, baseada em Phoenix, perdeu sua vida para a COVID-19, seu filho George e a nora Catherine Adair ainda estão entendendo sua perda e vendo como sua ausência mudou suas vidas. Ela é uma das mais de 500.000 vítimas da doença nos EUA, desde que ela apareceu por lá em janeiro 2020.

Poucos dias depois da morte de Adair, sua história foi mencionada em uma audiência do subcomitê do Congresso como um exemplo dos desafios enfrentados por comissários de bordo e funcionários de companhias aéreas. Outro é a parte financeira, já que uma grande parte dos tripulantes está no solo, sem voar e, por isso, uma ajuda financeira é necessária.

Precisava do dinheiro

Por conta desse contexto, sua família procurou a mídia para compartilhar a história da Sra. Adair, alertando ao fato de que sua mãe de 79 anos estava trabalhando durante a pandemia.

“Ela voou 150 horas por mês porque precisava de dinheiro para poder pagar sua casa e ter assistência para cuidar de seu marido Francis”, disse Catherine Adair ao The Arizona Republic.

Voando desde 1997

Em 1997, o ano em que George se formou no ensino médio, Phyllis conseguiu um emprego na America West Airlines no departamento de reservas. Alguns anos depois, ela se tornou comissária de bordo. Com o passar dos anos, a America West se tornou US Airways, que foi comprada pela American Airlines e, enquanto isso, ela foi seguindo sua carreira.

Por muito tempo ela foi o arrimo de sua família. Isso porque, segundo George, o negócio do seu pai faliu e deixou a família sem economias para a aposentadoria, então ela continuou a trabalhar para sustentar a casa. Além disso, ela adorava viajar. “Ela amava seu trabalho. Ela adorava ser comissária de bordo”, disse George.

Contaminação

A última vez que George viu sua mãe bem foi na véspera de Natal, quando a família saiu para jantar em um restaurante. Na manhã de Natal, Phyllis partiu em um voo de trabalho. E assim se sucederam os demais dias, com a matriarca enfrentando a pandemia fazendo não apenas o que amava, mas também o que precisava ser feito.

É importante notar que, por mais seguros que possam ser os aviões, os tripulantes sempre estarão expostos a centenas de pessoas diferentes todos os dias e o contágio pode ser apenas questão de tempo.

Foto do Airzona Republic – Michael Chow

Em 11 de janeiro, Phyllis ligou para George depois de voltar para casa mais cedo de uma viagem à Cidade do México. Ela não estava se sentindo bem e disse que teve que descer do avião numa cadeira de rodas. Um exame logo revelou a Covid-19. Para a Sra. Adair, a contaminação teria acontecido enquanto trabalhava, embora não segura de que possa ter sido dentro de um avião.

Depois de várias semanas no hospital, o que incluiu UTI e a intubação, Phyllis morreu em 2 de fevereiro.

A rotina

Com tudo isso, a rotina da família mudou muito. Filho e nora agora cuidam do pai dele, o Sr. Francis, de avançada idade e com problema de saúde, além de duas crianças. A renda da família é apertada, mas eles vão dar um jeito, enquanto isso, George diz sentir falta do telefonema diário que dava à sua mãe.

A American Airlines emitiu um comunicado sobre a perda da Sra. Adair: “A American Airlines está profundamente triste com o falecimento de Phyllis Adair, uma comissária de bordo de longa data que era adorada e respeitada em toda a companhia aérea. Nossos pensamentos e orações estão com a família e entes queridos de Phyllis durante este momento difícil”.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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