Após 74 anos, aterrissa o último voo da história da Alitalia

Após 74 anos, a Alitalia realizou seu pouso final. O voo derradeiro, de número AZ-1586, foi operado na rota ligando a capital da Sardenha, Cagliari, para a capital do país, Roma, pelo Airbus A320 de matrícula EI-DSV. Na cabine, comandou o voo o piloto Andrea Gioia, de 55 anos e 15 mil horas de voo, que passou toda sua carreira na tradicional empresa aérea italiana.

Um vídeo publicado no Twitter, mostra a despedida emocionada de um comissário de bordo da Alitalia após o pouso em Roma. Após sua fala, ele (e a empresa) recebem uma salva de palmas dos passageiros.

A partir de agora, entra em cena a Italia Trasporto Aéreo (ITA), nova empresa aérea estatal cujo voo inaugural está previsto para amanhã, dia 15 de outubro, às 6h20, na rota entre Milão e Bari.

Muito embora a ITA (ou, no caso, o governo italiano) esteja disposto a desembolsar vários milhões de euros para comprar a marca Alitalia e seguir usando-a como se nada tivesse acontecido, o conceito por trás da nova operação pouco terá a ver com o glamour da tradicional marca italiana, que sucumbiu às mudanças nas características de mercado, às crises econômicas e, obviamente, à má gestão.

Uma breve história da Alitalia

Foi em 5 de maio de 1947 que a história da Alitalia começou, com uma decolagem na rota Turim-Roma-Catânia, seguida dois meses depois do primeiro voo internacional de Roma a Oslo. 

Três anos depois, chegam os DC4 e são introduzidas as refeições quentes. 

Dez anos depois, a Alitalia cresce, torna-se Alitalia – Linee Aeree Italiane, uma empresa com 3.000 funcionários e 37 aeronaves que sobe no ranking internacional do 20º para o 12º lugar dentre as melhores do mundo. 

Em 1960, se torna a companhia oficial das Olimpíadas de Roma e transporta mais de um milhão de passageiros pela primeira vez. 

Em 1969 o icônico “A Tricolor” é inserido em sua pintura dos aviões.

Nos anos 80 a frota é renovada e em 1991 os uniformes e interiores trazem a assinatura de Giorgio Armani. Nos anos noventa, porém, as primeiras dificuldades surgiram, graças à liberalização do transporte aéreo e a uma série de escolhas erradas que aumentaram as perdas. 

Em 2008, para evitar a venda para a Air France-KLM, foi criado um consórcio de empresários italianos, os chamados “bravos capitães”, mas a aventura não durou muito. 

Em 2015 a Etihad tenta novamente, mas nem mesmo o rico investimento árabe de 1,7 bilhão de dólares consegue evitar a recuperação judicial, que começa em 2 de maio de 2017 e chegou até os dias atuais, quando sucumbiu de vez em meio à pandemia. 

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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