Após mandar os jatos Embraer embora, Belavia pode levar sanções por transporte ilegal

A União Europeia está considerando a imposição de novas sanções à Belavia e outras companhias aéreas que conectam Minsk, capital da Bielorrússia, a destinos no Oriente Médio, incluindo a Turkish Airlines e flydubai. Para o bloco europeu, o governo bielorrusso trabalha ativamente para levar migrantes para a fronteira polonesa, causando desequilibro na região.

Três diplomatas anônimos da União Europeia disseram à agência de notícias Reuters que uma nova rodada de sanções poderia ser imposta pelo bloco no início da próxima semana, possivelmente durante a reunião de 15 de novembro dos ministros das Relações Exteriores do bloco. As sanções podem ter como alvo vários funcionários bielorrussos e empresas estatais, incluindo a Belavia. 

Uma vez que a companhia aérea seja sancionada, os locadores podem ser forçados a retirar suas aeronaves da empresa. As medidas poderiam restringir severamente as operações da Belavia, uma vez que ela aluga a maior parte de suas aeronaves – 21 de 30 equipamentos – com a maioria proveniente de locadores sediados na UE. Três jatos Embraer E2 que a empresa possuía foram retirados de sua frota no mês passado e armazenados temporariamente no Casaquistão, a pedido da empresa de leasing.

O Departamento de Transporte e o Departamento de Relações Exteriores da Irlanda se reuniram com os locadores em 27 de outubro para discutir possíveis sanções contra a Belávia. A Lituânia, um dos países mais afetados pela pressão migratória orquestrada pelo governo bielorrusso, pede sanções contra a Belavia desde o final de agosto. A companhia aérea está proibida de sobrevoar a UE, junto com todas as outras operadoras bielorrussas, mas não é sujeita a sanções específicas que afetam a sua capacidade de celebrar contratos com entidades da UE.

Enquanto isso, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que as sanções também poderiam atingir outras transportadoras que transportam migrantes do Oriente Médio para Minsk, como a Turkish, Aeroflot e flydubai. A inclusão na lista negra impediria efetivamente essas companhias aéreas de operarem com destino à União Europeia.

A crise política entre a UE e a Bielorrússia começou depois que uma eleição contestada em agosto de 2020 viu o atual presidente, Alexander Lukashenko, ser reeleito em meio a uma onda de protestos violentos. A crise agravou-se em maio de 2021, quando o governo local forçou um voo da Ryanair, a caminho do aeroporto de Vilnius, na Lituânia, a desviar para Minsk e prendeu dois jornalistas dissidentes a bordo. 

Durante o verão de 2021, a Bielorrússia começou a orquestrar a migração de vários países do Oriente Médio e, posteriormente, forçar os migrantes e refugiados a cruzar para a Polônia, Lituânia e Letônia. A escala da crise vem crescendo e atingiu o pico no dia 8 de novembro.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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