Avião Airbus A321 desiste de pousar no Irã em meio a sirenes de ataque aéreo

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Foto de Lasse Fuss, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia

Uma aeronave da Turkish Airlines com destino a Teerã mudou sua rota de maneira inesperada e acabou gerando um desgaste político. Enquanto várias mídias disseram que o voo proveniente de Istambul desviara por conta de sirenes de ataque aéreo ouvidas na capital iraniana (ouça mais abaixo), o governo iraniano, por sua vez, alegou que o desvio ocorreu por condições climáticas.

De acordo com dados do Flightradar24, o avião pousou com sucesso no aeroporto Heydar Aliev, em Baku (Azerbaijão), após ter feito várias órbitas no céu de Teerã, no dia 29 de janeiro, por volta das 20h25 locais. Ao mesmo tempo em que o avião orbitava, chovia em Teerã, embora as condições climáticas não obrigassem, necessariamente, o avião a alternar.

Uma chuva caía sobre o aeroporto e a visibilidade era de 5.000 metros, com vento calmo e nuvens baixas a 2.500 pés, o que não impediu outro avião, do voo Mahan Air 115, também vindo de Istambul, de pousar normalmente em Teerã minutos após o Turkish alternar.

Esse era o METAR no momento das duas aproximações: OIIE 292000Z 05008KT 5000 BR SCT025 OVC090 06/04 Q1014 RERA=

A briga

Diante da polêmica, o chefe da Organização de Aviação Civil do Irã, Touraj Dehqani Zangeneh, teria solicitado à Turkish Airlines que se posicionasse sobre a decisão do piloto por alternar o aeroporto, diz essa matéria da agência de notícias iraniana Mehr.

“O piloto é o principal tomador de decisões em um voo”, disse ele, e “neste voo, a visibilidade era de 5 km com nuvens se aproximando. Era, com certeza, direito do piloto decidir sobre o destino do avião e, neste caso, ele escolheu Baku em vez de Teerã. Expressamos nosso protesto à Autoridade de Aviação Civil da Turquia e pedimos explicações a esse respeito”, acrescentou.

A Mehr reportou que outro ministro, Mohammad Eslami, disse que “não havia condições especiais para este voo, exceto que o comportamento do piloto turco não era lógico e que ele poderia ter pousado no Aeroporto Imam Khomeini de Teerã”.

“Em circunstâncias incomuns, os aeroportos de Baku e Isfahan são alternativas para os voos da Turkish. O aeroporto de Isfahan é a primeira alternativa, mas o piloto turco mostrou comportamento inaceitável e voou para Baku”, acrescentou Eslami.

A sirene

No mesmo dia do caso da Turkish, cidadãos do oeste de Teerã ouviram e gravaram um alarme alto por minutos. Quando vídeo foi parar na internet, rumores circularam pela mídia estrangeira, tentando vincular o som da sirene a uma interrupção do voo voo e a mudança de curso para Baku.

No dia seguinte ao soar da sirene, a mesma agência Mehr reportou que o alarme foi acionado por um “problema técnico” oriundo da chuva, que infiltrou nos sistemas e causou erros. Alguns minutos depois, o alarme foi desligado e tudo voltou à normalidade.

Que história esquisita.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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