Avião com insumos médicos pousa sob tiros de armamento pesado na Somália

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Como não bastassem os malefícios da pandemia, alguns países têm de enfrentar desafios adicionais. Lamentavelmente, relatos de aviões acertados por tiros na Somália não são novidade, no entanto, dois casos no intervalo de menos de um mês chamam a atenção.

Talvez você se lembre que no dia 4 de maio um avião turboélice do modelo Embraer E120 da African Express foi derrubado em Berdale por forças etíopes, quando os militares o confundiram com uma ameaça e lançaram um míssil terra-ar para abater a aeronave. Na ocasião, o exército emitiu uma nota em que descreveu a trajetória do avião civil, carregando médicos, como errática e o derrubou por precaução.

Agora, em 25 de maio, aconteceu de novo, felizmente, sem vítimas fatais.

Dessa vez, o que houve foi um grande susto para os ocupantes de uma aeronave modelo Let L-410 de registro queniano 5Y-VVA e pertencente à Aeronav / Kenya School of Flying, a qual realizava um voo de carga para Qansahdheere, na Somália.

Segundo o The Aviation Herald reporta, o voo tinha caráter humanitário e levava suprimentos médicos para apoio no combate da Covid-19. A aeronave voava a cerca de 7 quilômetros do aeroporto, quando foi alvejado por várias balas vindas de armamento pesado.

Algumas das fotos tiradas da cena mostraram buracos na nas asas e na fuselagem. O número de passageiros não pôde ser estabelecido imediatamente, mas essas aeronaves de carga transportam um número limitado de pessoas, geralmente a tripulação apenas.

Como citado, a aeronave levava suprimentos nutricionais da ONU e era um dos dois voos programados para pousar na região. A primeira aeronave entregou suprimentos médicos e alimentares por volta das 9 horas, horário local, antes que a segunda fosse atacada, por volta das 11 horas.

Pilotos teriam sido presos

Felizmente, os danos não impediram que a aeronave prosseguisse para um pouso seguro e todos desembarcaram, no entanto a mídia somali afirma que a tripulação foi presa após o desembarque e seus telefones celulares foram confiscados pela Agência Nacional de Inteligência e Segurança (NISA) da Somália.

As autoridades locais apontaram um dedo acusador para a Al-Shabaab, um grupo militante islâmico aliado à Al Qaeda. 

Abdirazak Abdi Ibrahim, prefeito de Qansahdheere, disse ao Voice of America que o avião estava próximo do pouso antes de ser atacado. Segundo ele, supostos militantes da Al-Shabaab usavam motocicletas para se aproximar do aeroporto antes de disparar, mas isso ainda não foi confirmado e a organização terrorista não se pronunciou a respeito.

O campo de pouso de Qansahdheere, assim como Berdale, está sendo controlado pelas Forças de Defesa Nacional da Etiópia (EDNF). No entanto, a força militar também não emitiu nenhum comunicado acerca do evento dessa semana.

O transporte aéreo é comum na Somália devido ao fraco desenvolvimento de infra-estrutura. As organizações não-governamentais geralmente preferem usar aeronaves fretadas ao fornecer assistência médica, mas o evento recente pode sabotar ainda mais essas operações. Além da pandemia, a nação devastada pela guerra enfrentou inundações repentinas, invasão de gafanhotos e ameaça da Al Qaeda.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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