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Avião da Boeing que transportou os primeiros Airbus vira etiqueta de bagagem

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Uma “ironia do destino” e que marcou o início da história da Airbus pode ser sua: e isso é possível porque o Boeing adaptado, que transportava os primeiros jatos europeus, virou etiqueta de bagagem.

Foto de Clemens Vasters via Flickr

Para entender a história, temos que voltar até a Segunda Guerra Mundial, quando o bombardeiro Boeing B-29 Superfortress foi protagonista de uma cena triste da história, tendo despejado duas bombas atômicas no Japão.

O bombardeiro de maior alcance da época era o que havia de mais moderno, incluindo a cabine pressurizada. Ele foi a base para o cargueiro C-97 Stratofreighter, que por sua vez gerou o avião comercial 377 Stratocruiser.

Então, a partir do C-97 nasceu um outro avião bem incomum: o Guppy, que na verdade era uma modificação de C-97 usados, feita pela Aero Spacelines. A família Guppy, composta pelo Mini, Pregnant e Super Guppy, surgiu a partir da ideia de um ex-piloto militar, John M. Conroy, que fundou a Aero Spacelines para modificar os C-97 disponíveis do seu antigo empregador, a Força Aérea Americana.

Ele viu que havia demanda no programa espacial, que se expandia nos anos 60 quando se iniciava a Corrida Espacial dos EUA contra a Rússia. A recém-criada NASA precisava transportar materiais de seus foguetes entre as plantas fabris e as áreas de testes da Costa Oeste e Leste.

Nenhum avião na época tinha espaço suficiente para levar o material, daí surgiu a ideia de Conroy, que modificou os C-97 com sua empresa e os vendeu à NASA.

As principais modificações incluíam uma “corcunda” imensa na parte superior da aeronave, dando um formato único para aumentar o espaço interno. Além disso, o avião se abria na parte da frente com uma gigante dobradiça, com a cabine se separando do resto da fuselagem.

A agência espacial americana utilizou o Guppy para levar parte do estágio do foguete Saturno V, o maior, mais potente e mais incrível foguete já lançado pelo homem, até hoje. Mas o Guppy brilhou em outras áreas fora a disputa pela conquista do espaço, e foi com o surgimento da Airbus, consórcio europeu para a construção de novos aviões comerciais, que ele ganhou notoriedade na aviação comercial.

Na virada dos anos 1960 para os 1970 a Airbus surgia junto com seu primeiro avião: o A300. A parceria franco-alemã tinha tudo para dar certo, mas juntar todas as partes fabricadas na Europa numa só cidade, Toulouse, não era tão simples.

1º Airbus A340 sendo transportado pelo Super Guppy – Airbus

A logística foi resolvida com o Super Guppy. A Airbus comprou dois deles para fazer o transporte das fuselagens do A300, e também depois do A310 e até do quadrijato A340. O esquema de transporte deu tão certo que a Airbus foi mais longe, comprou o projeto da Aero Spacelines e começou ela mesmo a transformar dois C-97 na versão “cabeçuda”.

Por muito tempo, isto acabou sendo motivo de gozação por parte da Boeing, que afirmava que a nova concorrente precisava de seus aviões para poder fabricar os dela.

Os anos se passaram e o Super Guppy foi substituído pelo Beluga, muito maior e veloz, derivado do A300, que hoje dá espaço ao Beluga XL, derivado do A330ceo, num processo hereditário.

Virando picadinho e etiqueta

Dos seis Super Guppy que foram construídos, apenas um está em operação pela NASA, o restante havia sido aposentado e preservado. No entanto, o avião de matrícula F-BTGV, que foi o primeiro Guppy com motores turboélice, e estava preservado na Inglaterra, foi desmanchado. Ele ficou famoso por ser o primeiro operado pela Airbus e por ter um grande número 1 estampado na parte de frente da sua fuselagem.

De qualquer forma, uma parte da sucata dele teve um fim mais glorioso: virou etiqueta de bagagem e foi colocada à venda.

A fabricante é a AviationTag, líder neste segmento e que já fez o mesmo com um avião da TAP, além de outras tantas aeronaves. Agora, a empresa está fazendo a pré-venda da etiqueta de bagagem feita da fuselagem da aeronave.

É uma relíquia autêntica do avião que marcou a indústria aeroespacial mundial, e estará sendo vendida por €29,95 euros (R$195) neste link. Serão edições limitadas (provavelmente menos de 100). Certamente, seria mais justo que o avião fosse preservado, mas diante do sucateamento, esse se tornou um presente incrível para os fãs de aviação.

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