Avião com dono do Liverpool FC saiu da pista após aplicação excessiva de freio, aponta relatório

A investigação de um incidente ocorrido em dezembro do ano passado, quando um jato particular saiu da pista do aeroporto John Lennon de Liverpool, Inglaterra, teve seu relatório final divulgado. A aeronave carregava Mike Gordon, presidente da Fenway Sports Group, empresa que faz a gestão do time de futebol Liverpool FC e do time de baseball Red Sox.

Imagem: AAIB

O incidente ocorreu em 11 de dezembro de 2019, às 05:50 da manhã, quando o jato Bombardier BD-700-1A10 Global 6000, registrado com a matrícula 9H-VJM, chegando de Bedford, EUA, pousou no aeroporto de Liverpool, mas perdeu o controle e saiu da pista.

Não houve danos ao avião e ninguém ficou ferido, mas a pista do aeroporto teve que ser fechada até a remoção da aeronave, que ficou atolada na grama ao lado da pista.

O Air Accidents Investigation Branch (AAIB), órgão que investiga acidentes aéreos no Reino Unido, emitiu no último dia 19 o relatório final, indicando que o incidente ocorreu devido a uma falha no trem de pouso de nariz (que dá o controle direcional) logo após o toque da aeronave no solo, seguida de uma frenagem inadvertida e excessiva do piloto, que culminou na perda do controle do avião.

O relatório investigou indícios de fadiga dos tripulantes, porém nada foi constatado nesse aspecto. O texto descreve com detalhes as últimas jornadas dos tripulantes, inclusive relata uma vinda ao Brasil, em 7 de dezembro, 4 dias antes do incidente. Mas após os levantamentos, a conclusão sobre esse ponto diz que os tripulantes estavam “alertas e engajados”.

A análise do fato foi descrita considerando que, após o toque do jato no solo e a falha no trem de pouso dianteiro, o piloto, instintivamente, pisou no pedal direito do freio com força. Segundo o relatório, o pedal dessa aeronave é muito sensível e fez com que, em conjunto com a falha da roda direcional, a ação culminasse na perda do controle do Bombardier.

Em depoimento, o piloto disse não lembrar de ter pisado no freio.

O texto aponta ainda uma questão técnica como causa do incidente, dizendo que o piloto não havia sido treinado para operar com frenagem diferencial em alta velocidade. Mas, ao final, conclui que ele reagiu por instinto e com toda sua atenção em manter a aeronave em linha reta.

Na página da divulgação do relatório, a Air Accidents Investigation Branch (AAIB) resume o incidente com o seguinte texto:

“A aeronave sofreu uma falha do controle de direção da roda do nariz logo após o toque. Durante a rolagem de pouso subsequente, o controle direcional foi perdido devido à aplicação inadvertida do freio à direita e a aeronave saiu da pista para a grama.”

Nas recomendações de segurança do relatório, sempre vitais para evitar novas ocorrências da mesma natureza, os investigadores colocaram as seguintes instruções.

“Gostaríamos de recomendar a todos os pilotos, na primeira ocasião e quando no
solo no estacionamento a bordo do avião, para aplicar a deflexão COMPLETA do leme.
Na deflexão total do leme, deve-se verificar se os dois freios podem ser acionados.
Além disso, observe que o pedal do leme oposto se move fisicamente para mais perto de seu corpo, então se você sentir a pressão do pedal mais próximo aumentando e você aplicar qualquer pressão de freio indesejada devido à posição do seu sapato no pedal, a posição dos pedais e/ou do seu assento deve ser ajustada. Isso deve ser verificado na
posição normal sentada com a respectiva posição dos pés adotada para decolagem
e pouso.”

Em função das conclusões sobre o incidente, em seu plano de treinamento para 2020 a operadora do jato incluiu uma falha do sistema NWS (controle direcional da roda de nariz) após o pouso como um cenário de mau funcionamento.

Após o susto sem danos materiais e sem feridos, uma fonte do Liverpool FC disse que Mike Gordon estava muito grato pelo excelente trabalho do staff de emergência do aeroporto.

Claudio Brito
Claudio Brito
Apaixonado por aviação desde o berço como filho de comissário de bordo, realizou o sonho de criança se tornando comissário em 2011 e leva a experiência de quase 10 anos no mercado da aviação. Formado Trainer em Programação Neurolinguística, conseguiu unir suas duas paixões, comunicação e aviação.

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