Azul fala da frota para 2020 e o quanto falta para ter 1000 voos por dia

Durante reunião com investidores para apresentação dos resultados, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras tocou em vários temas, incluindo a projeção de frota, novas rotas, inauguração do novo hangar e prêmios recebidos.

Embraer Azul
Embraer E195 da Azul decola de Congonhas

Os executivos David Neeleman, fundador e presidente da Azul; John Rodgerson, CEO; Alex Malfitani, CFO; e Abhi Shah, VP de Receitas; estiveram reunidos com o mercado para apresentação dos resultados da empresa no terceiro trimestre de 2019. Além de falarem de números e dos lucros da companhia, que chegaram a R$441 milhões no ano (57% maior que o ano anterior), eles também tocaram em outros assuntos, menos divulgados na mídia em geral.

A frota para 2020

O CEO, John Rodgerson, se mostrou extremamente animado com a chegada dos E2. Nas palavras dele, com “custos de viagem 14% mais baixos (que o E1) e 18 assentos adicionais, ele representa o nirvana para o negócio das companhias aéreas.” E continuou: “isso também nos dá flexibilidade para conectar pontos (cidades) que nunca estiveram conectados antes no Brasil”.

Até o final de 2020, a empresa projeta ter 76 aeronaves de última geração na nossa frota, incluindo A320neos e os E2s, que representarão 61% dos ASKs (assentos disponíveis por quilômetro), hoje o indicador está em 50%. Isso significa que a maioria da oferta da Azul estará concentrada nas novas aeronaves, que são mais econômicas e, portanto, reduzem os custos unitários e aumentam a receita por aeronave.

Apesar de entender que ainda há um longo caminho pela frente, John Rodgerson acredita que a empresa ja passou da metade. Ou seja, mais de 450 voos diários já são feitos com aeronaves de última geração. Segundo o slide abaixo, que foi apresentado durante a sessão, a Azul possui a maior malha aérea do Brasil com 114 destinos e mais de 900 voos diários.

Enquanto apresentava esses números, Abhi Shah recebeu uma pergunta em tom de brincadeira de John Rodgerson, que questionava quando a empresa teria 1.000 voos por dia. Prontamente ele respondeu que isso acontecerá num futuro muito próximo.

A321

“Também decidimos converter algumas de nossas ordens de compra anteriores do A320 para A321s, Planejamos receber um total de 12 até 2022”, disse. “Queríamos destacar os investimentos significativos que estamos fazendo em nosso futuro, adicionando novas aeronaves, contratando pilotos e comissários de bordo. Adicionamos 14 aeronaves no acumulado do ano, incluindo cinco aviões no terceiro trimestre. No 4º trimestre, esperamos adicionar 12 aeronaves de última geração”, disse Abhi Shah.

Conectar os hubs uns aos outros vai ser a primeira missão do A321 e isso não só ajuda a economia dessas rotas, mas ajuda a economia de todas as outras rotas que se conectam. Então, nós somos capazes de conduzir muito mais conectividade com cada um desses voos do que éramos antes. Semelhante ao que fizemos com o E1 para o A320, agora podemos fazer com o A320 para o A321. Atualmente, os hubs da Azul são Campinas, Belo Horizonte e Recife”, afirmou o vice-presidente de receitas.

“Em termos de economia de custos, estamos muito animados. Achamos que o custo da viagem do A321 só vai ser um pouco maior do que o do A320, mesmo com 40 lugares adicionais. Então, você vai ver uma alavancagem de custo unitário adicional enquanto usamos esta aeronave. Vai ajudar-nos a reduzir ainda mais os nossos custos unitários. E, dada a força da rede, estou muito confiante de que podemos proteger a receita e realmente melhorá-la”, conclui Abhi.

Segundo A321neo, ainda sem a logo

O futuro dos Embraer E1

Sobre o processo de troca do E1 pelo E2, Abhi Shah comentou:

“Como sabem, temos comercializado ativamente os E1s para acelerar a nossa transição para uma frota toda da próxima geração. Vendemos um E1 no terceiro trimestre e também vendemos um no quarto trimestre. Estamos felizes em compartilhar com vocês que assinamos recentemente um memorando de entendimento com uma companhia aérea para a sublocação de até 32 E1s nos próximos anos. O E195 serviu o seu propósito na Azul, mas uma vez que a nova tecnologia saiu, é importante que a transição aconteça o mais rapidamente possível”.

O novo hangar de Viracopos

“Também investimos na construção de um novo hangar, um dos maiores e mais modernos da América Latina. A instalação acomoda até oito A320neos ou dois A330s e ajudará a reduzir nosso custo de manutenção, já que nós mesmos iremos fazer os check de manutenção nível C nos aviões de corpo estreito”, disse David Neeleman. Ele também confirmou a conclusão das obras para dezembro de 2019.

Construção do hangar, em Agosto

Parceria com a TAP

Esse trecho da apresentação, bem como as respostas às perguntas sobre o tema, foram conduzidas por David Neeleman que declarou entusiasmo pela parceria e os resultados que vem gerando até aqui. Ele destacou os recentes eventos de consolidação na Europa (fusões e aquisições) como favoráveis para a TAP dada a localização estratégica e a posição de liderança no tráfego entre o Brasil e a Europa. Além disso, há uma proposta de joint venture comercial entre TAP e AZUL, que está sendo analisada pelos acionistas e que prevê um aumento de receita para ambas as operadoras nos próximos anos.

Ele também comentou sobre a batalha pelos passageiros na América Latina. “Eu acho que a Air Europa é talvez um pouco mais forte no resto da América Latina e a TAP é muito forte no Brasil. Eu acho que se você fosse considerar o que temos programado para o próximo ano entre, digamos, a JV entre TAP e Azul, eu acho que há como chegarmos a 100 partidas semanais indo para a Europa a partir do Brasil” disse Neeleman.

Acho que temos cerca de 30% de todos os passageiros que voam entre o Brasil e a Europa, o que é incrível. Ninguém chega nem perto disso, incluindo a Air Europa, se você mesmo adicioná-los ao IAG. Então, eu acho, é ótimo. A Air Europa tem vendas de R$ 2,1 bilhões. Foi o que li. E eu acho que a TAP este ano vai ser perto de R$ 3,5 bilhões. Então, somos significativamente maiores”, finalizou o executivo.

Passaredo e MAP são insignificantes

Quando questionado sobre as novas rotas regionais partindo de Congonhas, John Rodgerson tomou a palavra:

“E em relação à questão sobre as rotas regionais. Sim, temos operadores novos apenas começando algumas rotas regionais fora de Congonhas. Assim, temos muito pouca sobreposição direta com eles. Eu acredito que talvez uma ou duas rotas no total. Não estamos vendo nenhum impacto de seus voos em nossos números. Representa uma percentagem muito pequena da nossa rede e temos acompanhado diariamente.

Então é muito insignificante o que estamos vendo. E eu quero que tenha em mente que estamos levando 12 aeronaves para Congonhas no quarto trimestre que são três vezes oo tamanho de sua maior aeronave (da MAP/Passaredo). E, por isso é muito pequeno em relação ao negócio que temos” conclui o CEO.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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