Blogueiro rejeitado em voo por causa de cadeira de rodas leva aérea a rever políticas

Foto de John Morris

No meio desse ano, quando a temporada de verão do hemisfério norte já havia começado, a American Airlines criou uma regra impedindo que cadeiras de rodas mais pesadas do que 180 quilos fossem carregadas em algumas de suas aeronaves menores. Apesar de ser um limite de peso bastante alto e que abrange uma categoria específica de equipamentos, era certo que tal medida afetaria alguém. De fato, isso aconteceu.

Ainda que a American seja uma empresa notadamente inclusiva, com diversas ações nesse sentido, a mudança no peso da cadeira excluiu de um voo o blogueiro de viagens acessíveis e triplo amputado John Morris, que não conseguiu embarcar em um voo porque sua cadeira de rodas motorizada pesa cerca de 200 quilos, dizia uma matéria da americana NPR.

Com sentimento de frustração após perder a viagem, ele então foi às suas redes sociais e expôs o caso. “A American me baniu de voar após instituir a nova política que evita pessoas deficientes viajem com cadeiras de rodas motorizadas. Aqui está uma foto de minha cadeira de rodas sendo retirada de um mesmo modelo de avião que eles me tiraram ontem. O que mudou?”

O post de Morris viralizou nas redes e ele foi até parar na televisão dos EUA. Morris sabe bem o que é viver com limitações físicas. Em 2012, ele sofreu um acidente em que quase perdeu a vida. Sobreviveu, mas precisou amputar três membros. Desde então, ele mantém um site na internet onde ajuda pessoas com as mesmas condições que ele a superarem os desafios do dia-a-dia, inclusive viajar.

Após o caso de Morris ganhar notoriedade, a companhia aérea também entendeu que há necessidades especiais e prometeu rever sua política. Então, no final de novembro, a resposta veio:

“Depois de consultar nossa equipe de segurança e nossos parceiros fabricantes de aeronaves, eliminamos os limites de peso que afetavam nossa capacidade de transportar alguns dispositivos de mobilidade e cadeiras de rodas em nossas aeronaves regionais menores”, disse a American Airlines à mídia americana. 

Esses limites foram substituídos por diretrizes, aprovadas e revisadas pela FAA, que refletem melhor a capacidade de suportar dispositivos de mobilidade e cadeiras de rodas com base em seu peso distribuído”, acrescentou o porta-voz. “Estamos confiantes de que as modificações que fizemos nos permitirão acomodar com segurança as cadeiras de rodas e dispositivos de mobilidade dos clientes em todas as nossas aeronaves“.

Depois que as mudanças foram aprovadas, Morris voltou às redes para falar do assunto, mas dessa vez para celebrar.

“Juntos, fizemos uma grande diferença. Cada um vocês que mandou e-mail, compartilhou, retuitou ou curtiu algum post vindo de mim, de alguma organização de deficientes ou de um veículo de mídia, ajudou a fazer a mudança. É uma importante vitória, mas apenas nos leva para onde estávamos”.

“Valorizamos o feedback que recebemos de nossos parceiros e clientes da comunidade nas últimas semanas”, disse o porta-voz. “Estamos empenhados em aprender com isso à medida que redobramos nosso foco em melhorar a experiência de viagem de nossos clientes com deficiência”.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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