Boeing 737 ucraniano abatido por míssil: seis pessoas são presas no Irã

A Agência de Notícias da República Islâmica do Irã (IRNA) anunciou, ontem (9), a prisão de seis pessoas provavelmente ligadas à derrubada, em 8 de janeiro desse ano, de uma aeronave Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines, que vitimou fatalmente as 176 pessoas a bordo.

Avião 737 Ukraine Inernational Airlines

O porta-voz do Judiciário do Irã, Gholamhossein Esmaeili, informou que seis pessoas foram presas nos desdobramentos da investigação do abate do 737-800 da Ukraine International, divulgou a IRNA.

Esmaeili disse que a parte legal da investigação do “acidente aéreo” da Ukraine é de responsabilidade do Judiciário do país, a Organização Judiciária das Forças Armadas. Ele informou que algumas ações foram tomadas imediatamente após o “acidente” e uma seção especial do tribunal militar foi designada para o caso.

O porta-voz do judiciário acrescentou que, das seis pessoas presas, três delas foram libertadas sob fiança. As outras três ainda estão sob custódia. De acordo com Esmaeili, o judiciário iraniano recebeu 70 denúncias vindas das famílias das vítimas até agora.

Segundo a IRNA, o Boeing 737 ucraniano foi acidentalmente abatido por um míssil terra-ar iraniano perto de Teerã, em 8 de janeiro de 2020. O comandante da Força Aeroespacial, Brigadeiro-General Amir-Ali Hajizadeh, da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), admitiu total responsabilidade pelo trágico desastre aéreo.

O incidente ocorreu em meio ao aumento das tensões entre o Irã e os Estados Unidos, quando os americanos, em uma operação militar, mataram um general iraniano em Bagdá. Poucos dias depois, o governo do Irã revidou atacando duas bases aéreas instaladas no Iraque, que abrigavam forças conjuntas norte-americanas e iraquianas.

A investigação aeronáutica

Ainda não há previsão para as considerações finais relacionadas à investigação da parte aeronáutica do episódio, apesar de não haver dúvida sobre a causa da queda da aeronave.

Em 13 de março de 2020, segundo o The Aviation Herald, duas propostas para a leitura dos dados dos gravadores de voo (caixas pretas) foram apresentadas à Autoridade Iraniana de Investigação de Acidentes Aéreos (AIB).

Uma proposta para a leitura dos dados seria pela NBAAI (órgão de investigação de acidentes aeronáuticos da Ucrânia) com a assistência da fabricante Honeywell, e a segunda pela francesa BEA.

Os iranianos informaram, após avaliar as duas ofertas, que ambas eram aceitáveis, com preferência ao envolvimento do fabricante do sistema na leitura, nesse caso a Honeywell.

Segundo o The Aviation Herald: “O Irã decidiu que, se a Ucrânia pudesse preparar as instalações necessárias com a participação de membros da BEA e NTSB / Honeywell, o Irã poderia aceitar o download na NBAAI. Se o Irã detectar algum risco durante o download, o Irã interromperá o trabalho e continuará na BEA”. Ambos os gravadores são do tipo avançado e estão danificados.

Com a crise provocada pelo novo coronavírus, os arranjos para levar as caixas pretas para Kiev se tornaram muito difíceis nos meses que sucederam à tragédia, por isso os trâmites estão ocorrendo só agora.

Em 12 de abril de 2020, de acordo com o The Aviation Herald, o download e a análise do gravador de dados de voo (Flight Data Recorder) foram adiados até que as condições melhorem e permitam que os investigadores das nações envolvidas possam viajar para o exterior novamente.

Resta aguardar o final deste trágico e lamentável episódio.

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