Boeing 747 SOFIA gera a 1ª visão clara de uma etapa de formação de estrelas

Boeing 747 SOFIA – Imagem: NASA

A NASA anunciou no mês passado que pesquisadores obtiveram a primeira imagem clara de uma etapa na formação de estrelas usando o SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy, ou Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha), em um programa de longo prazo chamado FEEDBACK.

SOFIA é uma aeronave Boeing 747SP modificada para transportar um telescópio refletor de 2,7 metros (106 polegadas) (com um diâmetro efetivo de 2,5 metros ou 100 polegadas), graças a uma parceria entre a americana NASA e a Agência Espacial Alemã (DLR).

Ao voar para a estratosfera, entre 38.000 e 45.000 pés de altitude, SOFIA fica acima de 99 por cento da atmosfera bloqueadora de infravermelho da Terra, permitindo aos astrônomos estudar o sistema solar e o universo de maneiras que não são possíveis com telescópios terrestres.

Imagem: NASA
Imagem: NASA

Usando GREAT (German REceiver for Astronomy at Terahertz Frequencies, ou Receptor Alemão para Astronomia em Frequências de Tera-hertz), em uma de suas configurações avançadas chamada upGREAT, o programa FEEDBACK do Jumbo SOFIA possibilitou insights de alta resolução na região de formação estelar chamada Westerlund 2 – uma das regiões de formação de estrelas mais brilhantes e massivas na Via Láctea.

Quando estrelas massivas começam a se formar, elas emitem grandes quantidades de prótons, elétrons e átomos pesados, que juntos são chamados de ventos estelares. Em casos extremos, os ventos estelares podem criar bolhas de plasma quente e gás nas nuvens ao redor.

A região de formação estelar de Westerlund 2, captada pelo SOFIA – Imagem: NASA

Maitraiyee Tiwari, uma pesquisadora de pós-doutorado, assim como sua equipe na Universidade de Maryland, analisou o aglomerado de estrelas Westerlund 2 e descobriu que ele está cercado por uma dessas bolhas em expansão de gás quente. Eles também identificaram a origem dessa bolha, seu tamanho e a energia que impulsiona sua expansão. Os resultados foram publicados recentemente no The Astrophysical Journal.

Tiwari e sua equipe criaram a imagem detalhada de Westerlund 2 medindo a radiação emitida pelo aglomerado de estrelas em todo o espectro eletromagnético, de raios-X de alta energia a ondas de rádio de baixa energia. Dados anteriores nos comprimentos de onda de rádio e submilímetro não haviam mostrado nem a bolha nem como ela se expandiu para o gás circundante.

As medições mais importantes do estudo atual incluem os dados do infravermelho-distante sobre o carbono ionizado em um comprimento de onda de 157 µm, que atualmente só podem ser observados com o SOFIA.

Devido ao movimento de expansão da bolha, o comprimento de onda dessa linha é ligeiramente esticado ou comprimido, o que leva a uma chamada mudança para o vermelho ou para o azul – dependendo se a bolha está se afastando da terra ou em direção a ela. Com base nessa mudança de comprimento de onda, Tiwari e seus colegas foram capazes de determinar como a bolha está se expandindo. Combinado com as medições do resto do espectro eletromagnético, resulta em uma visão 3D do vento estelar em torno de Westerlund 2.

Graças ao Boeing 747, os pesquisadores também encontraram evidências da formação de novas estrelas na região do envelope desta bolha. De acordo com suas descobertas, a bolha se rompeu há cerca de um milhão de anos, liberando plasma quente e retardando a expansão de seu envelope. Depois de mais duzentos mil a trezentos mil anos, entretanto, outra estrela particularmente brilhante – chamada estrela Wolf-Rayet – se desenvolveu em Westerlund 2, e seus fortes ventos estimularam a bolha novamente, levando a começar novamente o processo de expansão e formação de estrelas.

Informações da NASA

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias