Boeing desliga executivo por causa de um artigo que ele escreveu em 1987

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O chefe de comunicações da Boeing, Niel Golightly, renunciou (ou foi renunciado), de repente, na quinta-feira (2), após a queixa de um funcionário sobre um artigo que o ex-piloto militar dos EUA escreveu há 33 anos, argumentando que as mulheres não deveriam servir em combate.

Com isso, a Boeing iniciou uma busca por seu sucessor. Interinamente, o time de comunicação se reportará a Greg Smith, vice-presidente executivo de operações da empresa e diretor financeiro, até que um sucessor permanente seja nomeado. 

A decisão de Niel de renunciar deriva de uma reclamação de um funcionário que chamou a atenção da companhia sobre um artigo que ele escreveu em 1987, enquanto servia nas forças armadas, sobre se as mulheres deveriam servir em combate. Em comunicado, a Boeing diz que não concorda com as opiniões expressas no artigo. 

“Meu artigo foi a contribuição equivocada de um piloto de 29 anos durante a Guerra Fria para um debate que estava vivo na época. Meu argumento era embaraçosamente errado e ofensivo. O diálogo que se seguiu à sua publicação, 33 anos atrás, rapidamente abriu meus olhos, mudou indelevelmente minha mente e moldou os princípios de justiça, inclusão, respeito e diversidade que norteiam minha vida profissional desde então. O artigo não é um reflexo de quem eu sou; no entanto, decidi que, no interesse da empresa, deixarei o cargo ”, disse Golightly.

“Niel e eu discutimos longamente o artigo e suas implicações para o papel dele como porta-voz principal da empresa”, disse David Calhoun, Presidente e CEO. “Eu respeito muito Niel por renunciar. Agradeço a ele por suas contribuições para a Boeing Company, que foram substanciais mesmo em pouco tempo. Nosso Conselho Executivo e eu agradecemos a ele e lhe desejamos tudo de bom em seus futuros empreendimentos”.

O Sr. Calhoun acrescentou: “Quero enfatizar o compromisso incansável da nossa empresa com a diversidade e a inclusão em todas as suas dimensões, e garantir que todos os nossos funcionários tenham a mesma oportunidade de contribuir e se destacar”.

Renunciou ou foi “renunciado”

Sutilmente, o ex-executivo de comunicação deixa a mensagem de que renunciou para atender aos interesses da empresa. Como para bom entendedor meia palavra basta, e como no mundo executivo de alto nível não existe a “demissão sem justa causa” de um Vice-Presidente (ou, pelo menos, ninguém nunca ouviu falar), então a empresa anuncia que ele renunciou. Ele sai com uma boa recompensa e está tudo certo.

O que dizia no artigo de 1987

De acordo com um trecho do site do Instituto Naval dos EUA, o artigo de dezembro de 1987, intitulado “Não há direito de lutar”, dizia: “Não está em questão se as mulheres podem disparar M-60s, entrar num dog fight ou dirigir tanques. Introduzindo mulheres em combate destruiria os intangíveis exclusivamente masculinos da guerra e as imagens femininas pelas quais os homens lutam – paz, lar, família”.

A partida de Golightly depois de apenas seis meses no cargo, durante os quais ele teria introduzido mudanças radicais, seguiu a análise do conselho de uma reclamação interna anônima sobre seu artigo.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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