Boeing manda suspender voos de oito novos jatos 787 por falhas estruturais

Boeing 787
Boeing – Divulgação

A Boeing mandou as companhias aéreas tirarem de serviço um total de oito jatos 787 Dreamliner por problemas estruturais na fuselagem. A informação foi obtida por Jon Ostrower, do Air Current, e confirmada em nota pela fabricante americana. A decisão afeta oito jatos 787 Dreamliner recém-fabricados e que tiveram problemas na linha de montagem.

Segundo Jon, um problema na linha de montagem fez com que uma parte da fuselagem de fibra de carbono ficasse mais fraca que o restante, abaixo do padrão estabelecido pela Boeing. Estas partes da fuselagem afetadas podem falhar se submetidas ao estresse máximo previsto pelo manual.

O problema estaria numa seção de cruzamento das fibras de carbono, mais especificamente nas seções 47 e 48 da fuselagem, logo atrás da junção com as asas, onde dois tubos se encontram com uma divisória da fuselagem, que seria a ligação entre duas grandes seções do corpo da aeronave.

Fuselagem de 787 sendo fabricada © Boeing

No caso, o problema ocorreu durante as correções que um robô faz automaticamente na fábrica: após a fibra de carbono ser “modelada e entrelaçada”, um robô escaneia a fuselagem para procurar pequenos “buracos”, que são preenchidos com enchimento do mesmo material da fibra de carbono.

Os buracos não teriam sido preenchidos corretamente e, segundo a Boeing, um outro defeito de manufatura foi detectado na parte interna da fuselagem, que não estava lisa suficiente e contava inclusive com algumas saliências, comprometendo mais ainda a estrutura daquela área.

Estas falhas estruturais podem comprometer a integridade da aeronave caso ela seja exposta às situações extremas, como uma descompressão rápida.

O que a Boeing diz

A empresa confirmou ao Air Current as falhas e afirmou que “identificou dois problemas distintos de fabricação na junção de certas seções da fuselagem do 787, o que, combinados, não atingem o padrão mínimo de qualidade exigido”.

“Nós determinamos que oito aeronaves foram afetadas e já foram entregues, e devem ser inspecionadas e reparadas antes de continuarem voando”, afirmou o porta-voz da empresa.

A Boeing disse ainda que já informou à FAA sobre o caso, assim como já revisou seus procedimentos para que o problema não ocorra no futuro.

As aeronaves afetadas

787-10 da Singapore Airlines © Boeing

Segundo Ostrower, os oitos jatos foram entregues nos últimos anos para a Air Canada, United Airlines e Singapore Airlines. Apenas esta última empresa se pronunciou sobre o caso, informando que apenas um jato 787-10 Dreamliner foi afetado, e que não está voando mais. A Singapore está em contato com a Boeing para resolver o problema.

O reparo deve durar em torno de duas semanas, mas não está claro se deverá ser feito apenas nas instalações da Boeing. O que se sabe é que todos os jatos afetados foram fabricados na Carolina do Sul, mas montados em Washington.

Inclusive, a Boeing está considerando fechar uma destas duas fábricas, dado a queda na demanda causada pela pandemia:

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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