Boeing planeja uma nova versão do 767 com motores do 787

A Boeing está estudando um derivado re-motorizado do consagrado Boeing 767, primeiramente para o mercado da carga, com entrada em serviço no início da próxima década.

Renderização de Hiroshi Igami

Apesar do plano inicial estar focado em uma versão cargueira, seu congênere para passageiros também faz parte do estudo, que poderia fornecer à Boeing uma alternativa de menor custo ao seu novo avião para o mercado intermediário (o conhecido projeto “NMA”). Com isso, a fabricante estaria objetivando se beneficiar do que já desenvolveu, melhorando um projeto de sucesso como o 767.

Esse tipo de movimento não é novidade, já que o Boeing 737 Max partiu de um princípio semelhante ao aproveitar-se de uma plataforma já existente e nela implementar melhorias. A diferença agora é que a lista de lições aprendidas da Boeing deve estar bem recheada depois de tudo o que aconteceu com o Max.

Um 767 com um Q de 787

Segundo o Flightglobal, o projeto seria baseado na plataforma do 767-400ER, o maior membro da família, que passaria a ser impulsionado por um par de motores GEnx, o mesmo da família 787 Dreamliner. Como esse motor é maior, a aeronave deverá ter um trem de pouso mais alto.

Renderização de Hiroshi Igami

Além das modificações de motores e trens de pouso, o projeto também incorporaria novas técnicas de produção e materiais, no entanto a maioria das características permaneceriam inalteradas.

Procurada por vários veículos da mídia internacional, a Boeing apenas disse que “sempre está estudando o mercado e olhando como pode melhor servir aos seus clientes”. Ela acrescenta que garantiu um número recorde de pedidos de cargueiros novos e convertidos no ano passado e “por isso continua a ver uma demanda muito saudável para a plataforma 767F”.

Essa conversa de que a Boeing pensa numa versão de aeronave para o que chama de “middle-market”, já existe há algum tempo. O jogo ficou mais duro depois que a Airbus lançou o A321XLR, e, se não correr, a fabricante americana pode perder espaço num mercado de ouro.

O 767 entrou em serviço em 1982 com a United Airlines e até hoje cerca de 1.150 aeronaves foram entregues. A lista de encomendas atualmente está em 105 ordens, incluindo 60 767-300Fs e 45 767-2C reabastecedores, para as forças aéreas dos EUA e Japão.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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