Boeing reduz pela metade a previsão de entregas do 737 MAX para 2021

Receba as notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Os reflexos devastadores da crise que a pandemia do coronavírus trouxe para o setor aéreo continuam a aparecer. Depois da fabricante de aeronaves Boeing passar por uma série de cancelamentos e readequações de pedidos, agora a empresa anunciou que reduziu suas expectativas de entregas do 737MAX pela metade para 2021.

Avião Boeing 737 MAX-8 Gol
Boeing 737 MAX-8

O projeto 737MAX da Boeing veio para revolucionar o mercado de aeronaves no mundo. Com uma tecnologia avançada, que reduz o arrasto da aeronave através de seus modernos winglets nas pontas das asas, e com os motores o LEAP-1B da CFM International, que prometem uma diminuição da queima de combustível e emissão de CO2 em 13%, a montadora tinha ambiciosos planos para as vendas e entregas das aeronaves da família nos próximos anos.

Porém, grandes imprevistos frustraram os planos da empresa. Primeiro foi a morte de quase 350 pessoas em 2 acidentes que ocorreram na Indonésia e na Etiópia em 2018 e 2019, respectivamente, envolvendo aeronaves do modelo. Fato que fez com que os órgãos reguladores proibissem os B737MAX de voar até que reparos de segurança fossem feitos.

Depois veio a crise da pandemia, que afetou fortemente a indústria da aviação e fez com que as companhias aéreas revissem seus planos de crescimento para o futuro, afetando diretamente as encomendas de novas aeronaves.

A Boeing esperava entregar ainda em 2021, após liberação da aeronave, os 450 aviões já construídos e que estão armazenados no estoque da montadora. Porém, o VP e diretor financeiro da empresa, Greg Smith, afirmou que essa expectativa foi reduzida pela metade.

Os motivos da redução da expectativa são vários e foram apontados pelo executivo da Boeing em seu pronunciamento. O primeiro é que algumas das aeronaves já construídas, configuradas e até pintadas estavam previstas para ser entregues para companhias que já não estão mais em operação, como a finada Jet Airways.

Algumas companhias aéreas demonstraram interesse nessas aeronaves, especialmente após a liberação do modelo para voo, no entanto, isso significa que os aviões terão que passar por uma reconfiguração interna e por nova pintura, o que vai adiar o prazo de entrega previamente previsto.

Outro ponto que fez a Boeing rever sua projeção de entrega foi a grande crise, sem precedentes, que atinge o setor aéreo mundial. O CEO da Boeing, David Calhoun, espera que o setor reaqueça a partir da liberação de uma vacina para o vírus e as empresas perceberem que precisam aumentar sua frota narrow body (da qual a família 737MAX pertence).

Avião Boeing 737 MAX 8 Southwest
Imagem: Tomás Del Coro / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Por fim, a montadora americana espera enviar boa parte das aeronaves construídas para o mercado chinês, visto que lá existe um amplo setor doméstico para aviões narrow body, porém, os órgãos reguladores da China se mostram céticos quanto à liberação do modelo para voo.

“A entrega do armazenamento continuará a ser nossa prioridade depois de ajudar nossos clientes com seu retorno ao serviço. Esperamos que o prazo de entrega do 737 MAX, junto com o perfil de aumento da taxa de produção, continue a ser dinâmico, já que será ditado pelo ritmo da recuperação do mercado comercial, que tem sido lento e permanece incerto”, disse Greg Smith, vice-presidente executivo de operações corporativas e diretor financeiro da Boeing.

Projeções para o futuro próximo

A Boeing aposta fortemente no modelo B737MAX, por ser um avião muito econômico, menos poluente e que, mesmo fazendo parte do segmento narrow body, tem grande autonomia, podendo fazer voos de longa distância. Porém, todos os planos para a frota dependem da liberação da aeronave para voo.

A EASA (órgão regulador europeu) e a FAA (órgão regulador americano) já deram a entender que essa liberação está próxima, sendo que os europeus já demonstram fortemente a intenção na liberação dos aviões ainda para 2020.

As entregas previstas para o ano que vem serão, inicialmente, para empresas que já têm contrato em vigor com a montadora, como a Southwest Airlines, American Airlines e Ryanair. As aeronaves que necessitarão de modificações serão deixadas para entregas posteriores.

Receba as notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Claudio Brito
Claudio Brito
Apaixonado por aviação desde o berço como filho de comissário de bordo, realizou o sonho de criança se tornando comissário em 2011 e leva a experiência de quase 10 anos no mercado da aviação. Formado Trainer em Programação Neurolinguística, conseguiu unir suas duas paixões, comunicação e aviação.

Veja outras histórias