Brasil já teve mais de 100 empresas aéreas, mas algumas nunca saíram do papel

Avião Boeing 747 VARIG PP-VNA
Foto de Benito Latorre (in memoriam)

A história da aviação do Brasil sempre foi um turbilhão de mudanças. Uma olhada em fotos do aeroporto de Guarulhos de dez anos atrás revela que muita coisa mudou num período tão curto de tempo, as cores das aeronaves, os nomes estampados, há tanta coisa diferente. Então, você aumenta o escopo e agora olha fotos de vinte anos atrás, e então você se pergunta se trata-se do mesmo aeroporto.

O fato é que o mercado aeronáutico é muito volátil. Sua estrutura de custos é complexa, há uma enorme parcela da operação negociada em dólar e o combustível compõe cerca de 35% a 40% dos custos. Agora considere que todas as variáveis mudam o tempo todo, nem sempre no mesmo sentido e requerem ações rápidas. Por fim, não bastasse tudo isso, vem o corona.

Mantendo a cabeça fora d’água

Um estudo do AEROIN mostra que, na história da aviação brasileira, mais de 90 empresas aéreas entraram (ou ameaçaram entrar) no mercado.

Algumas se “jogaram na água”, nadam bem e vão conseguindo manter a cabeça fora d’água e respiram, enquanto outras afogam por alguns segundos, mas voltam à superfície, suas forças vão acabando, mas as pernas precisam continuar em movimento. No final, há aquelas que afundam para sempre.

Há algumas que causaram desconfiança, que muitos se questionaram “essa aí não sabe nadar”, por conta do histórico de negócios de seus sócios. Para citar dois exemplos, temos a VASP, após a compra por Wagner Canhedo e a OceanAir (Avianca Brasil), criada pelos irmãos Efromovich. Mas acabaram voando, encantando em certo ponto, embora seu fim tenha sido melancólico.

Ainda há outras que se colocam à margem, até chegam a colocar as bóias nos braços, mas nunca pulam na água. Quem não se lembra do furor, no ano passado, quando a Globalia Linhas Aéreas foi anunciada como sendo uma promessa de termos um quarto grande player no setor aéreo do Brasil? A companhia chegou a ser registrada, teve um CNPJ e depois a notícia foi esfriando até desaparecer por completo e ser enterrada pela pandemia.

Enquanto isso, outras empresas ficam apenas “brincando na areia” e nunca saíram do campo das ideias, emboram tenham sido constituídas (com CNPJ) e prometerem revolucionar o mercado. Sobre algumas delas, jamais saberemos o que efetivamente aconteceu, ou se eram legítimas.

Mais de 90 empresas aéreas

Assim, fizemos esse super levantamento, que mostra a quantidade incrível de empresas aéreas que o Brasil já viu (ou quase viu) em toda a história, e chegamos a uma quantidade de, pelo menos 90 nomes.

Apesar de ter sido uma vasta pesquisa, ainda é possível que essa lista não seja exaustiva. Se você souber de alguma outra nos avise que iremos incluir para deixar o trabalho mais completo.

Empresas que ainda voam

Abaeté Linhas Aéreas
ABSA – Aerolinhas Brasileiras SA (LATAM Cargo Brasil)
ASTA – America do Sul Linhas Aéreas
Apuí Linhas Aéreas
AZUL Linhas Aéreas Brasileiras
GOL Linhas Aéreas Inteligentes
Map Linhas Aéreas (VOEPass)
Modern Logistics
Omni Air Taxi Aéreo
Passaredo Linhas Aéreas (VOEPass)
Piquiatuba Transportes Aéreos
RIMA – Rio Madeira Aerotaxi
Rota do Sol Taxi Aéreo
Sideral Linhas Aéreas
Total Linhas Aéreas
LATAM Airlines Brasil
TwoFlex Linhas Aéreas (Azul Conecta)

Empresas que voaram (ao menos uma vez)

Aero Star
Aerobrasil Cargo
Aerolloyd Iguassu
Aerovias Brasil
Air Amazônia
Air Brasil
Air Minas
Air Vias
Alliance Jet
America Air
Atlântico Transportes Aéreos (ATA)
Avianca Brasil / OceanAir
Beta Cargo
BRA Transportes Aéreos
Brasil Central
Brasmex
Brava Linhas Aéreas
Colt Cargo
Connect Cargo
Cruzeiro do Sul
Cruiser
Digex Cargo
Flex Linhas Aéreas
Fly Linhas Aéreas
Flyways
Gensa – General Service Aviation
Helisul Linhas Aéreas
Interbrasil Star
Itapemirim
Jetsul
Lóide Aéreo Nacional
Mais Linhas Aéreas
Master Top MTA
Mega Linhas Aéreas
Mesquita META
Nacional
Navegação Aérea Brasileira
NHT
Noar
Nordeste Linhas Aéreas
Paraense Transportes Aéreos
Oceanair
Litorânea
Panair do Brasil
Pantanal Linhas Aéreas
Penta
Phoenix Linhas Aéreas
Presidente Transportes Aéreos
Promodal Transportes Aéreos
Puma
Real Aerovias
Rico Linhas Aéreas
RIO Linhas Aéreas
Rio Sul
Sadia
SAVAG
SETE Linhas Aéreas
Sindicato Condor
Skymaster Airlines
Sol Linhas Aéreas
Sterna Cargo
TABA
TAF Linhas Aéreas
Tam Linhas Aéreas
Team Transporte Especiais Aéreos e Malotes
Tavaj
Transbrasil
Transair
TCB Transportes Charter do Brasil
Trip Linhas Aéreas
Unex Universal Express Linhas Aéreas
Via Brasil Linhas Aéreas
Vasp
Vaspex
Votec
VARIG
VarigLog
Vica Viação Charter Aérea
Webjet
WhitheJets

Empresas que nunca saíram do papel

Algumas dessas empresas chegaram a ter site na internet, registro na Junta Comercial e até avião pintado, mas nunca decolaram efetivamente. Como a informação sobre essas empresas nem sempre emergem ao público, pode ser que ainda haja mais empresas a incluir na lista.

Amaszonas (filial da Amaszonas Bolivia)
Laguna Linhas Aéreas
Globalia Linhas Aéreas
Globex CargoLog
Platinum Air
POP Linhas Aéreas
Sol (subsidiária da paraguaia Sol Del Paraguay)
Tropical Linhas Aéreas
Velox Air

Pela frente: JetSmart, Nella, Asas, Itapemirim V2

Pela frente, temos ouvido falar das empresas JetSmart, Nella, ASAS Cargo, Itapemirim (em sua segunda empreitada), como possíveis nomes para entrar no mercado . No entanto, tudo ainda é uma incógnita e como essas ideias progredirão apenas o tempo poderá dizer.

Em comum, todas elas estão constituídas e possuem CNPJ ativo na Receita Federal do Brasil. Além disso, Nella e Itapemirim têm redes sociais ativas e seus sócios e diretores já se pronunciaram, causando efervescência e ansiedade pelas operações. No entanto, apenas a ASAS tem um avião.

O nosso desejo é que novos empreendimentos sejam bem sucedidos para gerar empregos ao setor e contribuir para integrar o Brasil, tão carente de conexões aéreas

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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