Caças interceptaram avião porque pilotos ‘esqueceram’ de chamar o controle de tráfego aéreo

No dia 5 de novembro de 2019, onze dias após o incidente que levou dois caças Eurofighter austríacos a interceptar um jato comercial, finalmente o piloto-chefe da Ryanair resolveu se pronunciar.

Ele disse ao The Aviation Herald que em 25 de outubro, o voo FR9026 de Girona para Bratislava encontrou um ‘problema técnico’ a bordo com a transferência de rádio ao atravessar o espaço aéreo da Itália para a Áustria. O voo entrou no espaço aéreo de Viena enquanto permanecia na frequência de Milão.

Quando os pilotos solicitaram pelo rádio a liberação de descida e ninguém respondeu, então eles voltaram à frequência do controle de Milão e foram imediatamente entregues ao controlador austríaco. Como é prática em casos de falta de comunicação, uma aeronave militar foi despachada e a operação foi suspensa quando as comunicações normais foram retomadas.

O vídeo acima foi feito por um passageiro a bordo do voo e flagrou o momento da interceptação.

Como funciona o processo

A ideia de problema técnico passada pelo executivo da empresa não parece fazer muito sentido, já que os pilotos ajustam a frequência do rádio manualmente e não houve evidência de que o equipamento estava com defeito, já que eles conseguiram voltar com Milão e imediatamente a seguir contataram Viena.

No entanto, o que fica evidente é que a tripulação não seguiu os protocolos, pois quando há a transferência de um voo de um controlador para outro, o piloto precisa estabelecer um contato inicial. Uma comunicação normal ocorreria da seguinte forma:

Quando a aeronave estivesse para cruzar o limite da jurisdição do Centro Milão, esse contataria os pilotos pedindo que chamassem o próximo controlador, no caso o Centro Viena. A seguir, o piloto repete ao controlador de Milão a instrução que recebeu para garantir que entendeu. O próximo passo é trocar a frequência do rádio e avisar ao novo controlador que está na escuta. No entanto, algo falhou nesse processo e nao houve contato com Viena.

O que ainda não está claro é o que os pilotos fizeram quando receberam as instruções do controle de Milão para contatar Viena.

Falta de informações geram boatos

Uma das críticas a esse incidente foi a falta de informações oficiais. Sabia-se que era um fato, por que passageiros filmaram e fotografaram os caças escoltando o avião, mas ninguém soube o motivo.

O Aviation Herald enviou uma consulta à assessoria de imprensa da Ryanair e ao piloto-chefe em 28 de outubro de 2019, mas não recebeu resposta. Depois de divulgar sua cobertura, eles alegam ter recebido um e-mail confuso do escritório do piloto-chefe da Ryanair em 1º de novembro de 2019, motivo pelo qual eles consideraram que a Ryanair não havia respondido. 

A história abaixo, mostra como esse assunto começou:

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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