Cães mostram grande poder de identificar portadores de Covid em aeroportos

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Cães farejadores Covid-19 Coronavírus Aeroporto Finlândia
Os cães farejadores Kossi, ET e Miina – Imagem: Canil Clube Finlandês

O setor de viagens internacionais continua sofrendo com o enorme golpe da pandemia nos últimos meses. Mesmo com o aumento da demanda de passageiros, os números continuam muito abaixo da média dos números de anos anteriores, pois apenas o segmento doméstico apresenta alguma melhora significativa.

Isso se deve a um grande dilema que os governantes estão vivendo. Como manter rígidos protocolos de segurança contra o coronavírus, garantindo assim a manutenção da pandemia sob controle, e, ao mesmo tempo, incentivar turistas e viajantes a negócios a visitar o país, alimentar sua economia e fomentar indústrias devastadas pela pandemia?

Muito se apostou em maquinários para a detecção dos infectados, e máquinas que medem temperaturas a distância foram instaladas em diversos aeroportos. Alguns aeroportos estão gastando fortunas para testar os passageiros recém-chegados dos países com altos números de casos.

Mas um projeto da Finlândia está comprovando que uma ‘tecnologia’ extremamente simples, barata e popular pode ser uma solução prática e eficiente.

Kossi, ET e Miina são três adoráveis cãezinhos que foram treinados para farejar e identificar passageiros infectados com o coronavírus. A ação faz parte de um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Helsinque com a, também finlandesa, Organização Wise Nose.

A Organização Wise Nose vem trabalhando no treinamento de cães farejadores para diversos fins, desde a detecção de mofo em edificações, até a detecção de câncer em seus estágios iniciais. E os cientistas da Universidade de Helsinque, com essa parceria, passaram a estudar a viabilidade de detectar passageiros portadores do coronavírus nos aeroportos.

Como os cães identificam os infectados?

A teoria dos cientistas finlandeses, e que está trazendo resultados maravilhosos, é que a COVID-19 provoca uma mudança no suor dos infectados. Essa mudança é imperceptível para humanos, porém pode ser sentida através do olfato aguçado dos cães.

Nos aeroportos, a atuação dos cães será um pouco diferente dos seus colegas caninos que farejam drogas ilícitas. Ao invés de farejar os passageiros propriamente ditos, eles vão averiguar lenços entregues aos viajantes, que passam na pele e depositam em uma caixa de coleta.

Segundo os cientistas, os cães levam cerca de 10 segundos para avaliar se uma pessoa está ou não portando o vírus, antes mesmo do aparecimento dos primeiros sintomas. Veja no vídeo a seguir o procedimento:

Caso o passageiro seja identificado por um dos cães, ele é convidado a realizar um teste grátis no próprio aeroporto, economizando muito nos gastos relacionados à realização dos testes sendo feitos em todos os passageiros.

Testes ainda estão em andamento

Os testes começaram em agosto e se estenderão até dezembro, mas desde já os cientistas envolvidos na pesquisa garantem que a taxa de acerto beira os 100%. Tanto que a ideia já está sendo implementada em outros países, como nos Emirados Árabes Unidos, e o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido anunciou que também deve começar a treinar cães farejadores para reconhecer pessoas com COVID-19.

No último mês, os cachorros farejadores testaram cerca de 2.200 passageiros e acharam uma taxa de 0,6% de pessoas portadoras do vírus, resultado quase idêntico aos testes PCR nasal, também realizados nos passageiros recém chegados na Finlândia.

Até dezembro, os cientistas irão comparar os resultados dos testes dos cães com os resultados dos testes nasais e, após análise, entregarão um relatório mais elaborado para avaliar os números com mais precisão.

Segundo afirma a gerente do projeto, Soile Turunen, ao France 24, o feedback dos passageiros “tem sido excepcionalmente positivo”.

Ela descreve a rotina dos testes dizendo que cerca de 100 passageiros fazem fila, passam o lenço na pele, e depois ele é colocado na frente do cão. Em casos negativos, ele passa batido pelo lenço, enquanto em casos positivos, ele para e identifica o infectado.

“As pessoas não reclamam das filas. Na verdade, é o contrário”, disse Turunen. Ela ainda complementa dizendo que os passageiros vão cumprimentar os cães durante o dia inteiro.

Em breve, mais cães devem ser adicionados ao projeto. Um quarto cachorro já está sendo treinado para entrar na rotina e aumentar o número de testes no aeroporto.

O grande objetivo da Universidade de Helsinque e da Organização Wise Nose é convencer as autoridades da eficácia do faro dos cachorros na detecção do vírus e não limitá-los apenas a aeroportos, mas também usá-los em pontos turísticos e grandes eventos públicos.

Mesmo que os resultados até agora tenham mostrado uma grande efetividade, a falta de literatura sobre o assunto e a discordância de alguns pesquisadores faz com que a iniciativa ainda não seja amplamente usada mundialmente, porém, Rússia, Chile e França, além de Emirados Árabes e Reino Unido, como dito acima, já realizam testes similares.

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Claudio Brito
Claudio Brito
Apaixonado por aviação desde o berço como filho de comissário de bordo, realizou o sonho de criança se tornando comissário em 2011 e leva a experiência de quase 10 anos no mercado da aviação. Formado Trainer em Programação Neurolinguística, conseguiu unir suas duas paixões, comunicação e aviação.

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