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China já retoma 90% dos voos, mas aviões decolam quase vazios; qual a lógica?

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A aviação comercial doméstica da China parece vigorosa novamente para quem a vê de fora, com quase 90% dos voos do ano passado já voltando aos céus do país, mas, uma visão mais aprofundada mostra que está longe de ser o que parece.

Avião Airbus A320 Air China
Imagem: byeangel [CC]

Segundo informações do Aviation Week, as companhias chineses estão quase no patamar de 90% do movimento de aeronaves que possuíam antes da pandemia de Covid-19, e a expectativa é que esse valor avance para até 96% já na próxima semana, conforme indica a programação de voos.

Porém, embora o país mais populoso do planeta não abra ao mundo as estatísticas de ocupação de suas empresas aéreas, analistas das grandes consultorias aeronáuticas indicam que os aviões estão voando quase vazios naquele país.

O movimento chinês de aumentar a ofertar de assentos com enorme antecipação à perspectiva de crescimento da demanda seria explicado por dois fatores principais.

Governo

Um dos fatores estaria associado ao modelo de gestão do país. O regime comunista de governo é amplamente apoiado na garantia da satisfação popular em relação a seus governantes, independente do custo requerido para isso, de forma que não é admissível que ocorram licenças ou demissões da mão-de-obra assalariada.

Assim, colocar as aeronaves de volta às operações, mesmo que vazias, seria uma forma de manter empregada a força de trabalho que estaria ociosa, mantendo os níveis de satisfação da população. Como a maioria absoluta das companhias aéreas chinesas é estatal, voar com prejuízos não se configura como uma preocupação preponderante (ao menos não no comunismo).

Disponibilidade e retomada

O outro fator, apontam especialistas, seria conseguir uma retomada breve da demanda ao dar à população a segurança de que todos podem continuar contando com a disponibilidade da aviação em seu dia-a-dia, seja para viagens a trabalho, seja para turismo.

Sem a preocupação dos viajantes com adiamentos e cancelamento de voos (e, claro, com todos os empregados do país recebendo seus respectivos salários por não terem sido demitidos), eles sentiriam tranquilos para comprar passagens, e a retomada da demanda seria muito mais rápida do que deve ser no restante do mundo.

Mas, se as companhias aéreas dos países capitalistas do mundo todo estão recebendo vultuosos aportes para se manterem vivas, mesmo com demissões e com frotas quase completas fora de operação, fica a pergunta: quanto deve ser o valor investido mensalmente pela China em uma aviação operando em plenitude, mas quase sem passageiros a bordo? É até difícil de imaginar.

E parece que não são só as empresas aéreas que seguem a todo vapor na China. As fabricantes de aviões também estão em ritmo acelerado. Veja nas matérias a seguir.

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