Há 300 colombianos acampados no aeroporto de Guarulhos sem conseguirem voltar

Um grupo de cerca de 300 colombianos está retido no Aeroporto Internacional de Guarulhos aguardando uma solução para voltar para casa. Não há voos de repatriação, muitos estão sem dinheiro e as fronteiras de seu país estão fechadas para voos internacionais até setembro.

LATAM Delta American Guarulhos

Os colombianos são, na maioria, trabalhadores que perderam o emprego no Brasil devido à crise gerada pelo novo coronavírus. O grupo, composto por homens, mulheres e crianças está acampado no aeroporto há cerca de 30 dias e só cresce.

Segundo o G1, eles não conseguem retornar para a Colômbia, porque precisam custear a viagem. “O Consulado da Colômbia está pedindo para nós entre US$ 420 e US$ 460 por pessoa e a gente não tem condições de pagar”, explica a estudante de enfermagem Paola Bittencourt, uma das acampadas.

O que diz o Consulado da Colômbia

O Consulado da Colômbia em São Paulo, em nota, falou dos procedimentos adotados para os voos de retorno do Brasil, por conta da crise da Covid-19 e ressaltou que os voos são pagos por cada passageiro. Além disso, o cidadão colombiano deve cobrir as despesas de transferência para a cidade de embarque.

Ao chegar na Colômbia, o cidadão colombiano deve se manter em quarentena mínima obrigatória de 14 dias em Bogotá, capital do país, devendo, dias antes do embarque, informar o endereço de onde passará a quarentena. A nota ainda informa que não serão autorizadas transferências para outras cidades ou regiões do país. Estes procedimentos foram estabelecidos pela Resolução 1.032 de 2020, editada pelo Governo colombiano.

No mesmo comunicado o Consulado diz já terem sido realizados voos de repatriação de colombianos em abril e maio. Novos voos serão anunciados oportunamente.

O Consulado colombiano ainda relata que o número de concidadãos no aeroporto só tem aumentado, inicialmente eram 21 pessoas, passaram a 46, depois 86, 180 e agora 300. O Consulado diz que muitos têm residência em São Paulo ou possuem lugar para passar a noite.

Os membros consulares teriam entrado em contato com as Secretarias de Assistência Social das cidades de Guarulhos e São Paulo, a fim de que as pessoas que estivessem dormindo no aeroporto fossem transferidas para albergues nas respectivas cidades, uma vez que, como não há previsão de voo para transportá-los, não haveria a necessidade dessas pessoas se manterem no aeroporto, além do risco de exposição à contaminação pela doença.

No entanto, num primeiro momento, a transferência para albergues proposta foi recusada pelas autoridades brasileiras consultadas, sendo informado que a solução aceitável seria o retorno dos colombianos para seu país de forma gratuita.

Nota do Consulado colombiano em São Paulo a respeito de seus nacionais.

Em ação, o Ministério Público Federal

Ao tomar conhecimento do fato, conforme divulgado em sua página, o Ministério Público Federal de São Paulo abriu procedimento para acompanhar a situação desse grupo de pessoas que não consegue voltar para seu país de origem.

Segundo o MPF são pessoas que, devido à pandemia, perderam suas fontes de renda ou estão preocupadas com o avanço da Covid-19 no Brasil, além de turistas cujos voos foram cancelados e que já tentaram retornar a seu país até mesmo de ônibus. Se reuniram no aeroporto porque é de lá que saem os aviões para Bogotá, a capital colombiana.

Para evitar contágio pelo novo coronavírus, os acampados contam com máscaras e álcool em gel, muitas vezes fornecidos pela concessionária do Aeroporto de Guarulhos, e medem regularmente a temperatura em termômetros disponibilizados no aeroporto para todos os viajantes, segundo o MPF.

Depois de muitas reuniões virtuais do MPF com representantes do consulado e da embaixada da Colômbia, do Ministério das Relações Exteriores, da concessionária GRU Airport, da delegacia especializada da Polícia Federal no aeroporto e da Prefeitura de Guarulhos, nada foi resolvido e os colombianos continuam no aeroporto.

“O MPF buscará uma solução que garanta os direitos humanos dos colombianos acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos”, afirmou o procurador da República Guilherme Rocha Göpfert. “Estamos confiantes que chegaremos a um bom termo para essa crise humanitária em meio a pandemia da Covid-19”.

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