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Com centenas de voos, Índia inicia a maior evacuação de pessoas da história moderna

No maior exercício de repatriação da história moderna, a Índia deve trazer de volta ao seu território mais de 250.000 cidadãos espalhados por todo o mundo. Mas não serão voos de caridade, os indianos presos no exterior terão que pagar qualquer coisa entre R$ 900 e R$ 10.000 por bilhete, dependendo de sua localização.

Indianos embarcados num C-17 da Força Aérea

Segundo o Straits Times, essa será a maior evacuação da história moderna em número total de pessoas, mas ainda não deverá bater o recorde de maior resgate por via aérea, o qual também pertence à Índia.

A marca que perdura refere-se à evacuação de 170.000 civis do Kuwait durante a guerra do Golfo de 1990. Naquela ocasião, a Air India operou cerca de 500 voos ao longo de dois meses. Mais de 25 anos depois, o feito inspirou a produção de ‘Airlift’, um filme de Bollywood estrelado por Akshay Kumar.

Dessa vez o número de pessoas transportadas por via aérea também deverá ser muito alto, mas bem menor, já que serão empregados também dezenas de navios militares com capacidade para milhares de passageiros. Os números de resgatados por via aérea, marítima ou terrestre não foram divulgados.

Prioridade para o golfo

De acordo com o plano elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores (MEA), a prioridade é a região do Golfo, onde vive uma enorme colônia indiana, mas a companhia aérea estatal Air India também terá 64 voos de Londres, Cingapura, São Francisco, Nova York, Washington, Kuala Lumpur e Chicago, somente na primeira semana de operações.

O exercício de evacuação incluirá também a Força Aérea Indiana e a Marinha unindo as mãos para trazer de volta os cidadãos, será executado em várias semanas.

Excluindo as privadas

Um aspecto da operação causou polêmica, já que a maior parte das viagens serão pagas, sobretudo as operadas pela Air India.

O ministro da Aviação Civil, Hardeep Singh Puri, disse a repórteres na terça-feira que os passageiros terão que arcar com os custos da viagem. “É um serviço que está sendo prestado pela companhia aérea para as pessoas que estão voltando voluntariamente. Isso, por meio e propósito, não é diferente de um voo comercial”, disse Puri.

Mas os executivos de companhias aéreas privadas expressaram decepção com a decisão do governo de envolver apenas a Air India, mantendo-os de fora. Isto porque qualquer receita na condição atual teria ajudado essas companhias aéreas gravemente atingidas pelo bloqueio prolongado e pela turbulência geral na indústria da aviação. Além do mais, a concorrência teria baixado a tarifa para os indianos presos.

10 fatos sobre o resgate

1. Mais de 14.800 indianos em 13 países serão trazidos de volta por 64 voos só na primeira semana, disse o Ministério das Relações Exteriores. “Traremos de volta apenas cidadãos indianos portadores de cartão OCI (cidadão estrangeiro da Índia)”, disseram fontes.

2. No primeiro dia de evacuação, em 7 de maio, 10 voos levaram de volta 2.300 indianos presos por causa do fechamento do espaço aéreo de vários países.

3. Nos próximos dias, o governo operará 10 voos para os Emirados Árabes Unidos, sete para os EUA e o Reino Unido, cinco para a Arábia Saudita, cinco para Cingapura e dois para o Catar. Também haverá voos para a Malásia, Bangladesh, cinco voos para o Kuwait e Filipinas e dois para Omã e Bahrein.

4. Cada voo da Air India terá entre 200 e 300 passageiros para garantir o distanciamento social, enquanto que os voos militares variam de acordo com o tamanho da aeronave. Antes de embarcar nos voos especiais, os passageiros precisam declarar se estão com febre, tosse, diabetes ou qualquer doença respiratória.

5. Os indianos com vistos válidos poderão embarcar nos mesmos voos especiais que trazem os cidadãos de volta, desde que permitidos em seu país de destino.

6. Todos os passageiros serão monitorados e apenas passageiros assintomáticos poderão viajar. Na chegada, eles ficarão em quarentena por 14 dias.

Imagem: Força Aérea Indiana

7. Três navios foram enviados pela Marinha, o INS Shardul, INS Magar e INS Jalashwa. A Força Aérea Indiana preparou cerca de 30 aeronaves, incluindo o C-17 Globemaster e o C-130J Super Hercules para a operação.

8. A Índia proibiu todos os voos no final de março, pois impôs um dos mais rígidos bloqueios do mundo, deixando milhares de trabalhadores e estudantes presos. Até agora, o governo havia resistido às evacuações, dado o pesadelo logístico e de segurança de trazer de volta e pôr em quarentena os cidadãos que retornavam.

9. Serão priorizadas mulheres grávidas, idosos, pessoas com emergências médicas e pessoas com luto ou doença grave em sua família, além de trabalhadores migrantes que foram demitidos.

10. De acordo com o plano, os passageiros vindos do Golfo chegarão em Kochi e Kozhikode, enquanto os do Reino Unido e dos EUA serão trazidos de volta para Mumbai, Bengaluru, Hyderabad e Delhi.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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