Com coronavírus, Brasil tem 90% de voos cancelados, mais que a média global

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FOLHA DE SÃO PAULO / Flávia Faria e Diana Yukari

São Paulo – A pandemia de coronavírus reduziu em 70% o volume de voos em todo o mundo. No Brasil, a queda chega a 90%.

Os dados são do site Flighradar24, que monitora aeronaves pelo planeta. A comparação tem como base o número de aviões que voavam em 12 de fevereiro e em 12 de abril, às 12h UTC (tempo universal coordenado, na sigla em inglês), equivalente às 9h no horário de Brasília.

Considerando todos os voos diários registrados pela plataforma em todo o mundo desde 14 de janeiro, a queda chega a 78% em abril.

O continente mais afetado foi a América do Sul, que, assim como o Brasil, perdeu 90% dos voos. Dos 560 aviões no ar em 12 de fevereiro, restaram 57 em abril. Já no espaço aéreo brasileiro havia apenas 33 voos às 9h do último domingo, ante 336 há dois meses.

Como a Folha mostrou, em março a pandemia já havia levado ao cancelamento em massa de voos, com aeroportos realizando menos da metade das decolagens inicialmente previstas.

Atualmente, 184 países e territórios impõem restrições a voos ou à entrada de estrangeiros, segundo levantamento da Associação Internacional de Transporte Aéreo.

Os países sul-americanos fecharam fronteiras antes do alastramento do vírus. Colômbia, Argentina, Chile e Peru não contavam 100 casos confirmados quando anunciaram a restrição à entrada de estrangeiros. As medidas começaram a ser anunciadas a partir de 13 de março.

Pouco depois, em 19 de março, quanto tinha mais de 600 casos confirmados, o governo brasileiro decidiu barrar a entrada por via aérea de cidadãos da Ásia e da Europa. Os Estados Unidos, hoje com maior número de mortos pela Covid-19 no mundo, não entraram na lista de restrição.

Já a União Europeia anunciou o fechamento de suas fronteiras em 16 de março. Naquele dia, a Itália, epicentro da pandemia até então, contava 2.158 mortos. Hoje, são mais de 80 mil óbitos somente no continente europeu. Por lá, os voos caíram 81%. Até o dia 19, não havia restrição à entrada por via aérea de estrangeiros no Brasil. O Ministério da Saúde chegou a recomendar que pessoas vindas do exterior cumprissem quarentena de sete dias, mas recuou após ordem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Já os Estados Unidos proibiram a entrada de quem chegasse da China em 2 de fevereiro, e o bloqueio a voos da Europa foi anunciado em 11 de março.

Ainda assim, a América do Norte teve alta de 68% nos voos entre fevereiro e março, com queda apenas em abril. Eram 731 aviões no ar no último dia 12, 3.552 no mês passado e 2.112 há dois meses.

Os outros continentes, porém, já começavam a registrar leve queda em março —12% na Ásia, onde o vírus surgiu, e 5% na Europa.

Na América do Sul, o número de voos se mantinha estável naquele momento.

No Brasil, as companhias aéreas Gol, Latam e Azul diminuíram drasticamente a atividade a partir do meio do mês de março. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a malha aérea foi reduzida em 92% no mês de abril.

As localidades atendidas pelas aéreas brasileiras passaram de 106 para 46, e o número de voos semanais caiu de 14.781 para 1.241.

Nota: desde abril de 2020, o AEROIN mantém parceria de conteúdo com a Folha de São Paulo para compartilhamento de matérias e artigos.

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