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Com nova falta de pilotos, aéreas americanas tentam reduzir os requisitos para voar

O país com maior demanda para pilotos de aviões comerciais está novamente com falta de profissionais e o debate das horas de voo voltou à tona.

Divulgação – Delta

Os EUA atualmente exigem que os pilotos comerciais (que voem em linhas aéreas regulares) tenham, no mínimo, 1.500 horas de voo comprovadas, podendo reduzir para 1.000 horas caso faça sua formação em uma universidade de renome ou 800 horas se for um ex-aviador militar.

Já abordamos numa reportagem especial o porquê desse paradigma, que começou com o acidente da regional Colgan Air em 2009, ocasionado por fadiga, falta de procedimentos e desatenção dos pilotos, que já tinham sido reprovados em exames durante sua carreira, mas ainda assim foram aprovados na regional.

O acidente teve 50 vítimas fatais e gerou muita discussão no setor, incluindo audiências no Congresso. Por causa disso, em 2013 foi aprovada uma lei que subia o requisito de 250 horas de voo (mínimo para se obter a licença de Piloto Comercial) para 1.500 horas de voo para se trabalhar em companhias aéreas regulares.

A medida causa polêmica, já que outros países como Canadá, Brasil, França, Reino Unido, Austrália e Japão não pedem mais do que 250 horas necessárias para estar na cabine de um jato comercial, e possuem níveis de segurança iguais ou maiores que os EUA, proporcionalmente.

Além disso, a crítica é que os pilotos, em sua maioria absoluta, continuam voando na mesma aeronave que se formaram até atingir as 1.500 horas: eles se formam como piloto comercial e continuam voando na mesma escola mas como instrutores de voo.

Delta traz pilotos ao jogo de futebol americano universitário para promover recrutamento – WMU

Logo, esta experiência a mais, apesar de ser boa, não agrega de maneira relevante tanto quanto voar em um táxi aéreo ou aeronaves diferentes e mais complexas. Outro ponto criticado é que se deveria focar mais na qualidade do ensino, e não na quantidade dele.

“Todos nós sabemos que se pode ter pilotos mais qualificados com menos tempo que se exige hoje”, disse o presidente da PSA Airlines, Dion Flannery, durante a conferência anual das Companhias Aéreas Regionais dos EUA, como revelou o jornal Travel Weekly.

Já o CEO da Republic Airways, Bryan Bedford, uma das gigantes do setor regional americano, vê outra saída, com aumento para 300 horas de voo para se tornar piloto comercial, e depois mais 300 horas de voos bem estruturados, para então o aviador se tornar apto a entrar na aviação de linha aérea.

E Bedford também cita planos alternativos, já que a FAA não teria a autoridade para mudar a regra, apesar de ser a agência federal responsável pela aviação civil. Como a regra foi imposta por lei federal, apenas o congresso pode mudá-la, a FAA apenas a regulamentou.

A opção colocada pelo CEO seria pensar em maneiras alternativas de reduzir os mínimos, assim como é feito para universitários e militares atualmente. “Eu também penso que a FAA seria sábia ao tentar falar com o Congresso se eles quiserem escolher estes caminhos alternativos”, concluiu.

Divulgação – American Eagle

O problema maior hoje não é o requisito em si, mas o caminho até lá. As horas de voo, assim como no Brasil e no mundo, têm subido de preço ano a ano, embaladas pelas altas do combustível, e cada vez tem sido mais caro e não-atrativo se tornar piloto.

A pior parte é que após dedicar muito tempo e dinheiro para chegar nas 250 horas, os pilotos ainda ficam 1 ou 2 anos em voos de instrução ganhando muito pouco, para finalmente chegarem nas regionais, onde também ganham pouco acima do salário mínimo americano, a depender do estado.

Esta conta deve demorar anos para dar o payback ao profissional, o que faz muitos jovens, que gostam da aviação, optarem por outras áreas, onde o investimento é o mesmo ou menor, mas o estresse é menor com retorno mais rápido.

“Nós temos uma falta de pilotos, falta de diversidade, e temos um custo de treinamento muito alto sem financiamento”, afirmou o CEO da Associação Regional de Companhias Aéreas dos EUA, Faye Malarkey Black.

O Representante (Deputado) Danny Davis do Partido Democrata, do estado de Illinois, afirmou aos presentes na conferência que irá pautar um projeto de lei em breve que envolve a facilitação no financiamento da carreira dos pilotos.

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