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O Dia de Visita de Crianças no trabalho acabou mal para um comandante eslovaco, que foi além do esperado e deixou seu filho no seu colo durante o voo.
O caso remete a um famoso acidente na Rússia, com o voo Aeroflot 593 em 1994, a bordo de um Airbus A310. Naquela ocasião, o filho do comandante também voou na cabine e, sem querer, acabou desacoplando o piloto automático, e por ser um avião novo na frota da empresa, que não deu treinamento adequado, acabou não alertando os pilotos do desligamento da função. O jato começou a descer num ângulo suave e ninguém percebeu a tempo. Quando os pilotos perceberam o erro, já era tarde. O avião caiu, matando todas as 75 pessoas a bordo.
Felizmente, este não foi o final do caso de um Boeing 737-800 da AirExplore, uma empresa eslovaca de fretamento que voava entre a Bratislávia e Split, na Croácia. O comandante do voo, que mais tarde foi revelado como um dos donos da AirExplore, levou seu filho num tour completo, que incluía participação no briefing, embarque junto da tripulação e voo na cabine.
Caso acobertado e denúncia
O ocorrido só veio à tona quando o próprio comandante divulgou as fotos do voo em uma rede social, aberta ao público, mostrando ele com o filho no colo tanto no solo como na foto abaixo, quando a aeronave estava no nível de voo 310 (9 km de altitude).
Acontece que esse voo ocorreu em julho do ano passado e o caso foi abafado pela empresa e autoridades locais, que apenas afastaram o comandante por um tempo. Mas tudo mudou quando o portal The Aviation Herald teve acesso às fotos e denunciou o caso à NSAT, que é a autoridade de aviação civil da Eslováquia, equivalente à FAA e a ANAC.
Inicialmente as denúncias foram recusadas, já que estavam em inglês e não em eslovaco. Depois, as denúncias foram traduzidas e enviadas tanto pelo portal americano como por mídias locais, além de cidadãos eslovacos. Finalmente, no último dia 24, uma destas denúncias foi ouvida e aceita, e a NSAT declarou que “foi uma ocorrência fora dos padrões” e que abriria uma investigação.
Quando questionada sobre o risco de acontecer um acidente similar ao da Aeroflot, a NSAT disse que não pode ser comparado ao caso russo, já que o comandante não foi negligente em permitir a criança na cabine, mas apenas ao colocá-la em seu colo com os pés encostando nos pedais do leme.
Empresa se desculpa e fala de auto-reflexão
No início do mês passado, as fotos da criança na cabine foram apagadas das redes sociais e o comandante teria perdido a licença de instrutor.
A AirExplore se pronunciou sobre o caso, reafirmando a nota da NSAT e dizendo que “o caso aconteceu durante uma parte do voo quando distrações por passageiros são permitidas. O comandante deixou os controles da aeronave para o primeiro-oficial, como é feito quando ele vai ao toalete. A aeronave estava sob controle total de um profissional licenciado e treinado durante todo o voo”.
A empresa continua afirmando que também lançou uma investigação interna e que agora não permite que menores de 16 entrem na cabine durante o voo, e caso alguma outra pessoa queira entrar, terá que pedir autorização a dois supervisores da companhia.
Por fim, a AirExplore pede desculpas pelo caso, afirma que está sempre trabalhando para minimizar os riscos causados por fatores humanos e que “nos raros casos de desvios, como este, nós respondemos de maneira eficiente e com uma boa dose de auto-reflexão”.