Comissária de bordo de 60 kg é demitida sob justificativa de estar acima do peso

Uma comissária de bordo que foi demitida pela empresa aérea onde trabalhava sob alegação de excesso de peso, perdeu a ação que havia movido na justiça de seu país. Ina Meliesa Hassim, trabalhava para a companhia havia 25 anos, pesava 60 kg quando seu contrato foi rescindido em 2017.

Imagem ilustrativa – Malaysia Airlines

A Malaysia Airlines possui uma política interna em que estipula que o Índice de Massa Corporal (IMC) da tripulação de cabine deve estar dentro da faixa “saudável” para continuar trabalhando para a empresa. Com 1,57m, Hassim precisava pesar no máximo 59,9 kg para permanecer na faixa “saudável”.

No entanto, em 2017 ela se viu em meio a uma controversa situação em que a empresa lhe demitiu sob alegação de estar acima do peso. À época, ela pesava 60,5 Kg, ou meio quilo acima do considerado “saudável” pela empresa aérea estatal.

Após sua demissão, Hassim apresentou uma queixa contra a empresa nos termos da Lei de Relações Industriais de 1967.

Olha a decisão do juiz

No entanto, um Tribunal Industrial decidiu a favor da companhia aérea em audiência ocorrida em 14 de fevereiro, informa o The Edge Markets. O presidente do Tribunal, Syed Noh Said Nazir, determinou que a Malaysia Airlines provou que o término do contrato foi por causa justa.

“O tribunal está convencido de que a empresa ofereceu ao requerente amplas oportunidades e chances de cumprir sua política e que, apesar das muitas oportunidades, o requerente falhou consistentemente em atingir seu peso ideal”, disse o presidente da corte na decisão.

A política da Malaysia

A Malaysia Airlines mudou suas diretrizes de higiene e uniformidade pela primeira vez em 2015, quando estipulou em circular para os funcionários que a tripulação de cabine que não tivesse um IMC “saudável” estaria inscrita em um programa de controle de peso.

A comunicação assim dizia: “Como tripulante de cabine, além de manter a aparência definida pela empresa, você também é responsável por garantir a segurança de nossos passageiros durante os voos. Por estarem na linha de frente e de uniforme, a tripulação de cabine lança uma imagem inesquecível na mente de nossos valiosos convidados.

É por esse motivo que a empresa considera o feedback recebido de nossos clientes sobre a imagem da tripulação e, inevitavelmente, até a aparência da tripulação de cabine foi incluída como um dos atributos na pesquisa de experiência de voo dos passageiros e que está sendo monitorada mensalmente.

Com essa política em vigor, a companhia aérea verá uma tripulação de cabine mais saudável, que projetará uma imagem condizente com a dos melhores funcionários de cabine do mundo, além de garantir a segurança dos passageiros quando necessário.” 

Avião Airbus A380 Malaysia

18 meses

A transportadora argumentou que Hassim teve 18 meses para se adaptar às novas regras e recebeu ajuda de um médico interno. A empresa disse que ela não compareceu a várias pesagens programadas.

No entanto, seus advogados disseram que outras companhias aéreas internacionais, como British Airways, Lufthansa, KLM e Qantas, não têm um IMC ou um requisito de peso para a tripulação de cabine e não há problemas de segurança como resultado. Eles também apontaram que o excesso de peso de 0,5 kg dificilmente impediria Hassim de desempenhar suas funções de maneira eficaz.

Mas o tribunal decidiu que era direito da empresa determinar sua própria política em relação ao peso dos funcionários. “O programa de controle de peso não é de forma alguma discriminatório, uma vez que se aplica a toda a tripulação e a empresa sempre garantiu que o reclamante recebesse todas as oportunidades possíveis para atingir seu peso ideal”, dizia o julgamento.

IMC

O IMC é uma maneira de calcular o peso “ideal” das pessoas, conforme determinado por sua altura. Existem quatro categorias: baixo peso, saudável, excesso de peso e obesidade.

A medição foi criada pela primeira vez em 1800 por um matemático belga chamado Adolphe Quetelet e, no final de 1900, havia sido adotada por governos em todo o mundo. No entanto, nos últimos anos, pesquisadores e especialistas em saúde têm argumentado cada vez mais que o IMC pode ser uma medida imprecisa da saúde.

Um estudo de 2016 da UCLA concluiu que dezenas de milhões de pessoas que tinham sobrepeso e obesidade no IMC eram de fato perfeitamente saudáveis. Ele também descobriram que 30% das pessoas com IMC “saudáveis” não eram particularmente saudáveis ​​com base em outros dados. 

Uma desvantagem é que a medida não distingue entre músculo e gordura – como o músculo pesa mais, isso pode levar a uma leitura de “excesso de peso”, mesmo que alguém esteja em forma e saudável.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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