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Companhias aéreas chinesas estão oferecendo voos domésticos por R$ 20

Uma passagem aérea de ida de Xangai para Chongqing, uma jornada de mais de 1.400 km, agora custa menos do que um suco e um pão de queijo no aeroporto, com as companhias aéreas da China cortando os preços em uma tentativa de aumentar a fraca demanda doméstica em meio ao surto de coronavírus.

O cancelamento de cerca de 10.000 voos por dia, ou cerca de dois terços do número total, colocou enorme pressão financeira nas companhias aéreas e aeroportos. Embora as empresas lutem para retomar gradualmente suas operações, o medo dos passageiros e o banimento de voos de e para a China ainda formam uma força contrária que deve durar algum tempo antes de ser vencida.

Como resultado, um voo de três horas de ida e volta de Xangai para Chongqing está sendo oferecido por apenas US$ 4,10 (sem as taxas) pela maior companhia aérea de baixo custo da China, a Spring Airlines.

É verdade que a oferta foi feita a uma lista de passageiros frequentes da empresa, mas outras rotas estão em promoções tão generosas quanto essa e podem ser encontradas em qualquer buscador na internet.

Um bilhete de ida de Xangai para Harbin, capital da província de Heilongjiang, no norte, a uma distância de 1.600 km, custa apenas US$ 10, com as taxas, você não pagará mais do que US$ 20 (ou R$ 100, aproximadamente) para um voo em março, como mostra a pesquisa abaixo feita no Google Flights em 27 de fevereiro.

Outro exemplo é a rota de Shenzhen a Chongqing, com uma passagem de ida para a viagem de 1.000 km a apenas US$ 16 já com taxas, para voar em março. Segundo o SCMP, isso refere-se a cerca de 5 por cento do preço padrão de US$ 276 para o voo que dura duas horas e quinze minutos.

E quem dirá um voo de Shenzhen para Chengdu, uma distância de mais de 1.300 km, por apenas US$ 15 com taxas, para voar em março, e voando num widebody Airbus A330 da Air China.

Há inúmeros outros exemplos, basta abrir seu buscador favorito e começar a simular.

Subsídios, estatais e restrições

Naturalmente, como na China há mais de 40 empresas aéreas, a concorrência é grande, inclusive entre as estatais, que recebem grandes subsídios para manter algumas rotas menos rentáveis. Por conta disso, normalmente é possível encontrar passagens com voos baratos. No entanto, o coronavírus tem potencializado esse cenário de forma exponencial.

A autoridade de aviação da China confirmou no início deste mês de fevereiro de 2020, o tráfego médio diário de passageiros na China era 75% menor do que o mesmo período do ano passado.

A indústria de aviação da China também foi afetada por uma série de restrições por outros países e companhias aéreas, com a British Airways na semana passada estendendo sua suspensão de voos para a China até depois do feriado da Páscoa, em meados de abril.

O coronavírus já infectou mais de 80.000 pessoas e matou 2.800 na China. Nos últimos dias, Coréia do Sul, Itália e Irã relataram um aumento em novos casos, aumentando o medo sobre a sua disseminação.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.