Início Entrevistas

Conheça Gustavo, o brasileiro ex-Embraer que hoje projeta um supersônico nos EUA

Overture, o avião supersônico em desenvolvimento nos EUA – Imagem: Boom Supersonic

A indústria aeronáutica tem dedicado esforços em trazer de volta à realidade os voos supersônicos de passageiros nos segmentos executivo e comercial, após um longo hiato desde a aposentadoria do icônico Concorde. Entre os projetos mais avançados, está o da empresa americana Boom Supersonic, que já apresentou oficialmente seu primeiro protótipo XB-1 e deve colocá-lo em voo em breve.

Mas você sabia que existe um brasileiro entre os engenheiros por trás deste que pode ser um dos projetos bem-sucedidos no retorno do transporte aéreo supersônico?

Ele foi apresentado recentemente pela Boom Supersonic em um artigo no qual a empresa colocou dois de seus engenheiros para comentarem um pouco sobre suas experiências, como forma de incentivar todas as pessoas que sonham em um dia fazer parte de uma carreira no segmento de supersônicos.

Segundo a Boom, o Engenheiro Estrutural Sênior Gustavo Silva é engenheiro mecânico e aeroespacial por formação, mas atua como engenheiro de software e especialista em métodos numéricos.

O engenheiro Gustavo Silva, e o protótipo supersônico XB-1 – Imagem: Boom Supersonic

Segundo seu próprio perfil no Linkedin, Gustavo atuou na área de Pesquisa e Desenvolvimento na Embraer entre 2010 e 2018, trabalhando com Modelagem, Teste e Validação de materiais compostos e Otimização Estrutural e Aeroelástica. Antes, também havia trabalhado com subsistemas de satélite na Omnisys, do Grupo Thales.

Hoje, na Boom Supersonic, ele dá suporte a várias equipes de engenharia para determinar a melhor forma de resolver problemas matematicamente. Em seguida, ele ajuda a implementar o software que torna a matemática uma realidade, preenchendo a lacuna de comunicação entre especialistas em múltiplas disciplinas.

Além da opinião de Gustavo, que você vê logo abaixo, a fabricante americana também apresenta o engenheiro de aerodinâmica Marshall Gusman, que lidera o projeto preliminar do avião supersônico da Boom, o Overture. Ele trabalha com equipes em toda a organização, especificamente nas disciplinas de engenharia, para desenvolver o melhor projeto geral de aeronave para atender a todos os requisitos.

O engenheiro Marshall Gusman – Imagem: Boom Supersonic

Os dois engenheiros têm funções inerentemente multifuncionais na Boom, pois o desenvolvimento de aeronaves requer comunicação e colaboração constantes entre as disciplinas. Como a maioria de seus colegas, Silva e Gusman estão altamente envolvidos em todas as facetas do design, porque cabe a todos garantir que o Overture atenda às necessidades não apenas de engenharia e produção, mas também às expectativas dos clientes, companhias aéreas e passageiros.

Pergunte a ambos e eles dirão que a cultura colaborativa é o que torna o Boom excelente.

“É imensamente desafiador e divertido equilibrar as restrições concorrentes de aerodinâmica e propulsão, estruturas e sistemas – para não mencionar marketing e economia – juntas em um projeto de avião viável”, disse Gusman. “Adoro trabalhar como parte de uma equipe super ativa e altamente motivada porque inspira todos a atingirem seu potencial máximo.”

“Todos com quem trabalho são incrivelmente capazes, inteligentes e focados”, acrescentou Gustavo. “Temos um monte de gente inteligente, mas nenhum sabichão para estragar o dia. O ambiente de trabalho é muito orientado por dados, sem política, sem egos, sem heróis, sem vilões.”

Um olhar atento para os dados, combinado com a paixão pelo produto, permitiu que a equipe de engenharia não apenas avançasse no design de aeronaves, mas pensasse criativamente sobre o tipo de soluções feitas. O projeto já até mesmo conquistou contrato com a United Airlines para uma encomenda do Overture.

“Um bom projeto de avião requer tecnologia de ponta e compreensão histórica de projetos anteriores”, disse Gusman. “É uma combinação especial de aprender e de fazer que mantém o trabalho empolgante.”

Embora os dois engenheiros reconheçam que existe um “fator legal” significativo para projetar o avião comercial mais rápido e sustentável do mundo, eles concordaram que a paixão vem de um lugar maior – a missão.

“Embora adore mergulhar nos aspectos técnicos, também me inspire na meta de reduzir o tempo de viagem para tornar o mundo mais acessível e familiar, espero que o voo supersônico convencional promova uma melhor compreensão e valorização de nossos vizinhos e do planeta incrível que todos nós compartilhamos”, disse Gusman.

“Gostaria de ver as pessoas viajando para terras distantes com mais frequência”, disse Gustavo. “Acho que é mais difícil odiar outras pessoas se você as viu cara a cara, apreciou sua comida, experimentou sua hospitalidade e viu o contexto de suas vidas.”

O sonho da velocidade supersônica é algo que está no coração do brasileiro – e dos membros de sua equipe – há anos.

“É meio constrangedor admitir, mas cresci nerd antes de ser socialmente aceitável”, conclui Gustavo. “Como um verdadeiro nerd, assisti toneladas de ficção científica, especialmente Star Trek the Next Generation. Eu era tão nerd que nunca quis ser o capitão Picard, ou qualquer um dos ‘garotos legais’ que puderam se juntar ao grupo de embarque na nave estelar Borg. Não. Eu queria ser um cientista excêntrico na estação espacial sem nome, trabalhando para tornar os escudos defletores 3% mais eficientes. Nunca parei de assistir a esses programas e nunca parei de fingir que eram verdadeiros. E aqui estou eu, ajudando-nos a dar aquele passo de bebê muito importante em direção à velocidade de dobra.”

Gustavo e Gusman são dois dos muitos engenheiros de primeira linha focados no projeto e desenvolvimento do Overture, o avião supersônico de Boom. Oportunidades de carreira como a deles são adicionadas todas as semanas pela empresa. VocÊ pode verificar as atualizações clicando aqui.

Com informações da Boom Supersonic e do Linkedin

Sair da versão mobile