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Controladores dormiam no trabalho e conspiravam pelas melhores horas extras

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Controlador de tráfego aéreo flagrado com colchão durante o trabalho

Um “acordo informal” entre os controladores de tráfego aéreo no aeroporto mais movimentado da Polônia permitiu que eles dormissem durante os turnos e reorganizassem os horários programados para maximizar as horas extras mais bem pagas.

As descobertas são relatadas pelo Business Insider Polska, que publicou um vídeo na quinta-feira, 18 de março, mostrando um controlador de tráfego aéreo no Aeroporto Chopin, de Varsóvia, que movimentou quase 19 milhões de passageiros em 2019, levando um colchão para dormir durante o horário de trabalho.

Na sexta-feira, o veículo publicou um segundo vídeo mostrando outra ocorrência semelhante.

Uma fonte disse ao Business Insider que ameaças de greves, altos custos de substituição de trabalhadores e pressão sindical fizeram com que a agência de supervisão dos controladores de voo não quisesse tomar medidas.

“O caso documentado no vídeo foi avaliado pelo empregador como repreensível, sem nenhuma possibilidade de justificativa”, disse Paweł Łukaszewicz, porta-voz da Agência de Serviços de Navegação Aérea da Polônia (PAŻP), que gerencia os controladores de tráfego aéreo. “Este tipo de comportamento patológico não é e não pode ser a norma.”

No entanto, de acordo com uma fonte interna citada pelo Business Insider, os controladores regularmente “organizavam-se entre si para descansar” em um momento em que pelo menos dois deveriam trabalhar, antes da introdução do novo sistema de operação por uma só pessoa em março de 2020.

A investigação também alega que os trabalhadores definiam seus horários de forma a maximizar as horas extras mais bem pagas. Uma fonte disse ao Business Insider que havia um “acordo informal” no aeroporto principal de Varsóvia, pelo qual “as pessoas organizavam seus horários de acordo com suas necessidades, cobertas umas pelas outras”.

De acordo com Łukaszewicz, o ganho médio anual dos controladores em 2020 era de 414.903 zlotys (cerca de 587 mil reais). Ele também observou que os ganhos de sete funcionários ultrapassaram 1 milhão de zlotys (1,4 milhão de reais), com o maior sendo 1,29 milhões de zlotys (1,8 milhão de reais).

Todas as tentativas dos gestores para lidar com a situação foram recebidas com “ameaças de greve e paralisia do aeroporto de Varsóvia”, o que “significaria um escândalo internacional”. Além disso, com o custo de treinamento de um controlador de tráfego aéreo estimado em cerca de € 250.000 (1,6 milhão de reais), a administração não estava disposta a despedir trabalhadores.

Um relatório da Organização dos Serviços de Navegação Aérea Civil (CANSO) – um órgão internacional – em 2015 revelou que os controladores de tráfego aéreo na Polônia trabalharam menos horas (30 por semana) entre os 21 países estudados, mas ganharam, de longe, o maior salário em comparação com a média nacional de salários da Polônia.

Um oficial de controle de tráfego aéreo (ATCO) na Polônia ganhava cerca de 14 vezes a média nacional. Entre todos os países estudados, os ATCOs ganharam em média apenas três vezes mais do que a respectiva média nacional.

O Sindicato de Controladores de Tráfego Aéreo polonês (ZZKRL), entretanto, disse ao Business Insider que o relatório da CANSO foi “criado exclusivamente com base em questionários” como um documento “interno” e, portanto, “não era totalmente confiável e imparcial”.

O porta-voz do sindicato também disse que os relatos de que controladores ganham mais de um milhão de zlotys “infelizmente não são verdade. Gostaríamos de ganhar tanto assim”.

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