Crise do Coronavírus pode levar a Alitalia a encontrar uma salvação

A emergência sanitária do coronavírus força o governo italiano a tomar medidas duras de contenção e de salvaguarda às empresas-chave do país, como é o caso da Alitalia.

No decreto anti-crise que o governo italiano lança nessa semana, o poder executivo inseriu uma cláusula que pode trazer o estado ao controle total da companhia aérea – hoje, o governo possui 51% das ações e já controla a empresa. Mas isso ainda não está totalmente definido, embora haja o apetite do estado de fornecer uma grande quantia em dinheiro para salvar o fluxo de caixa da empresa nesse momento desafiador.

Antes do toque de recolher em todo o país por conta da epidemia do novo coronavírus, o governo havia dado até o dia 18 de março para que as partes interessadas apresentassem propostas de compra total ou parcial da empresa. Se não houvesse interessados, a empresa poderia até falir, e essa era uma hipótese real. No entanto, parece que o destino garantirá uma nova vida para empresa de bandeira italiana.

Nesse caso, o caminho desenhado pelo governo incluiria a criação de uma nova empresa pública, que seria responsável por investir cerca de 1 bilhão de euros para fornecer oxigênio aos cofres da empresa aérea, a fim de que passe pela crise resultante da epidemia, que reduziu fortemente a demanda dos próximos meses.

A decisão final está próxima de acontecer, segundo o La Repubblica.

Voos de resgate

Com toque de recolher e quase que um aeroporto aberto por região, a Itália vive uma crise sem precedentes, acima de qualquer outro país no momento. Enquanto isso, em coordenação com a Unidade de Crise do Ministério das Relações Exteriores, a empresa aérea está preparando uma série de voos especiais para permitir que milhares de compatriotas retornem à Itália, além de manter a operação em alguns países que ordenaram medidas restritivas a cidadãos e passageiros italianos.  

Um desses voos especiais decolou de Roma na noite de ontem rumo às Maldivas. O avião voou vazio e, na volta, a fim de respeitar a proibição de entrada de italianos no país, fará uma parada técnica no Cairo para mudar a tripulação e garantir conformidade com os regulamentos aeronáuticos sobre os limites de horas de voo por tripulante, enquanto que ninguém deverá sair do avião. O Boeing 777 chegará de volta à Roma à meia-noite, de 18 de março.

Com a mesma perspectiva de garantir um serviço público essencial, a Alitalia continuará operando dois voos por dia de Roma para Nova Iorque e Londres para permitir que cidadãos italianos e estrangeiros, incluindo muitos estudantes, retornem aos seus respectivos locais de residência.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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