De Juniac: chefe da IATA faz reflexão sobre ‘a volta’ do setor aéreo

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Fotos: IATA e Aeroporto de Brasília

O diretor-geral e CEO da IATA, Alexandre De Juniac, direcionou uma carta ao setor aéreo na data de ontem, 11 de fevereiro. Por ela, o executivo que está à frente da associação endereça com lucidez o que é esperado da aviação comercial global daqui em diante.

Leia a carta

Encerramos 2020 com a esperança de que a disponibilização das vacinas contra o coronavírus sinalizaria o retorno de muitas liberdades pessoais, incluindo a liberdade de viajar.

As companhias aéreas não querem outra coisa senão voltar aos céus e unir o mundo. E eu acredito que as pessoas também estão ansiosas para voar. Quase todas as pessoas com quem converso de fora do setor acabam me perguntando sobre quando poderemos voar novamente. Algumas querem se reconectar com amigos e familiares. Outras estão em busca de uma oportunidade comercial ou educacional importante. E muitas querem apenas passear e conhecer outras regiões do mundo.

Mas, por enquanto, praticamente todos esses desejos terão que esperar. O foco de quase todos os governos está em conter a propagação do vírus através das fronteiras. Por isso, há pouca esperança de um retorno imediato ao normal. Nós entendemos isso. Mas queremos estar preparados para reconectar o mundo assim que os governos acharem que é seguro retomar as atividades.

Fazer o mundo voar novamente vai além do interesse próprio. A subsistência de 11,3 milhões de pessoas em todo o mundo depende diretamente da aviação. Além disso, outros 76,4 milhões de empregos dependem do turismo. E considerando o papel da aviação de fomentar o comércio e o investimento além da fronteira, não é difícil ver que a conectividade aérea será necessária para apoiar a recuperação econômica global após a crise da COVID-19.

A boa notícia é que estão ficando mais claros os componentes necessários para a reabertura segura das fronteiras, quando a situação epidemiológica permitir:

Biossegurança. Desde o início da pandemia (é difícil acreditar que já se passou mais de um ano), nós, com a participação de outros grupos de interesse do setor e da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), desenvolvemos processos passo a passo para minimizar o risco de infecção durante as viagens aéreas. Essas medidas já foram amplamente adotadas por autoridades do mundo todo.

Vacinas. Cada pessoa vacinada nos deixa mais perto de eliminar o vírus. E, depois que forem vacinados os profissionais de saúde e os grupos vulneráveis da sociedade (idosos ou pessoas com pré-condições de saúde), a ciência nos diz que  os principais riscos serão eliminados. Na verdade, vários governos identificaram este como o ponto em que poderão cancelar as restrições de viagens, incluindo a quarentena.

– As capacidades de teste estão se expandindo rapidamente. Isso é bom, porque mais governos estão exigindo o teste dos viajantes. E a confiança nos vários métodos de teste, incluindo PCR e antígeno, também aumenta.

– Padrões: Para testes ou vacinas, nossa experiência com o atual “yellow book” (sistema de controle de vacinas como febre amarela) mostra muitas limitações para uso no contexto da COVID-19. Smart Vaccine Certificates estão sendo desenvolvidos pela OMS e OACI. E a OCDE está estabelecendo as bases da estrutura global que vai ajudar os governos a confiar nos dados de testes com base no reconhecimento mútuo dos resultados dos testes. O desafio aqui é concluir este trabalho com rapidez para que os governos possam adotar e implementar esses padrões.

– IATA Travel Pass: Não importa o plano de cada governo, estaremos prontos para ajudá-lo com o IATA Travel Pass, uma infraestrutura digital para verificar as credenciais de saúde em todo o mundo. Com ele, os viajantes podem armazenar e apresentar com segurança suas informações verificadas de teste ou vacina para governos e companhias aéreas, conforme necessário. Há décadas, a IATA fornece informações sobre os requisitos de entrada nos países. Desta forma, os padrões globais fazem parte do nosso DNA. Estamos muito confiantes de que o IATA Travel Pass será uma solução confiável para todos os interessados.

A estrutura para reconectar o mundo pode ser resumida nos cinco pontos acima, mas sabemos que a implementação deles será muito complexa, porque os governos querem garantir que a reabertura das fronteiras não envolva o risco de importar a COVID-19. Nós entendemos isso.

A história da aviação, desde o seu início há um século, mostra o nosso conhecimento com o gerenciamento de riscos eficaz sem deixar de ampliar a conectividade. Em parceria com outros grupos da aviação e autoridades de segurança, tornamos a aviação o meio mais seguro de viajar em longas distâncias. Encontraremos uma maneira de estender esse sucesso ao mundo pós-COVID-19.

Este vírus não nos separará para sempre. Há uma luz no fim deste longo túnel. Após um ano de restrições, nossa missão de conectar as pessoas globalmente nunca foi tão importante. Somos o negócio da liberdade que todos queremos.

Alexandre De Juniac, diretor-geral e CEO da IATA

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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