Delta é condenada após punir comandante que denunciou fadiga na empresa

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A Delta Air Lines foi condenada pelo Departamento do Trabalho dos EUA após punir uma piloto que denunciou situações de risco à segurança de voo na empresa.

Arquivo Pessoal – Twitter Karlene Petitt

As informações foram reveladas pelo jornal Atlanta Journal-Constitution, da cidade de Atlanta, na Geórgia, onde a Delta foi fundada e onde tem sua base principal, que também é, não por acaso, o aeroporto mais movimentado do mundo.

A piloto em questão é Karlene Petitt, uma das mais antigas mulheres aviadoras na Delta e muito respeitada, ser Doutora em Filosofia e Segurança da Aviação pela Embry Riddle, uma das maiores universidades aeronáuticas do mundo, além de ser popular, com mais de 30 mil seguidores no Twitter.

Ela já pilotou os jatos Boeing 727, 737, 757, 767 e 747, além do Airbus A330 e A350XWB, sendo que este último é sua posição atual como primeira-oficial.

A denúncia

Em 2016 ela preencheu um formulário na FAA, que é agência reguladora da aviação nos EUA, denunciando casos de fadiga, problemas no treinamento dos pilotos e falha no Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional, conhecido SGSO e que nos EUA leva o nome de SMS, Safety Management System.

Logo após ter denunciado a empresa para a FAA, a Delta fez ela passar por um exame psiquiátrico, onde ela foi diagnosticada com transtorno bipolar, sendo afastada com licença remunerada por dois anos, antes de voltar à ativa.

Diante da situação, Karlene decidiu ir à justiça, alegando boicote da empresa por ela ter denunciado problemas internos, algo que é permitido por lei e incentivado pela FAA, onde os pilotos são chamados de whistleblowers, como foi o caso recente que um piloto afirmou que a Boeing manipulou alguns testes do 737 MAX.

Médico suspeito

Pouco antes da empresa ser condenada, o médico que deu o diagnóstico foi também denunciado por outro piloto da Delta pelo mesmo motivo. Hoje, este médico foi afastado permanentemente pelo conselho médico do estado de Illinois, onde é registrado.

Karlene pediu $30 milhões dólares por compensação de danos morais, mas o Departamento de Trabalho (equivalente ao antigo Ministério do Trabalho no Brasil) afirmou que não tem poder para dar multas punitivas, mas condenou a Delta ao pagamento de $500 mil dólares pela mancha na reputação da piloto que causaram complicações na sua carreira profissional e dano emocional.

A Delta também foi condenada a mandar uma cópia eletrônica da decisão para todos os seus pilotos e gerentes na área de operações de voo.

Em nota a companhia aérea firmou que “leva a sério os problemas de segurança e investiga eles com cuidado, tendo zero tolerância com qualquer tipo de punição ou retaliação, especialmente quando relacionado à segurança de voo”.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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