MAP diz que vai retomar voos no Amazonas, após ter sido acusada de abandonar o estado

A MAP Linhas Aéreas passou recentemente por escrutínio na Comissão de Integração Nacional, Regional e Desenvolvimento da Amazônia da Câmara dos Deputados por cortar vários voos no Amazonas em detrimento do início de suas operações em São Paulo, mesmo após ter prometido manter seus voos no Norte.

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Agora, a companhia aérea promete retomar as operações em maior escala no Amazonas em meados de dezembro, assim que integrar outro avião ATR 42-500 à sua frota. A aeronave em questão, sobre a qual falamos com exclusividade nessa publicação, chegou ao Brasil nessa semana.

Deputados dizem que a MAP falou uma coisa e fez outra

Como todos se lembram, a MAP foi adquirida em agosto deste ano pela Passaredo. Naquela época, José Luiz Felício Filho, presidente da Passaredo, prometeu manter a rede de voos no Amazonas, aproveitando-se de “uma estrutura completa em Manaus, inclusive de manutenção” onde agora eles poderiam “dedicar uma frota de aeronaves para assumir as operações regulares no Norte, além de ampliar as operações em São Paulo”.

No entanto, não foi o que se viu. Dois meses depois, em 15 de outubro, a MAP emitiu uma nota em que informou estar suspendendo temporariamente as operações nas cidades de Porto Trombetas/PA, Coari/AM, Tefé/AM e Eirunepé/AM por problemas com os respectivos aeroportos, sem dar detalhes do que estaria inadequado.

No mesmo dia, a Infraero, que administra o aeroporto de Tefé, também emitiu uma nota à imprensa, esquentando a conversa: “A Infraero esclarece que o Aeroporto de Tefé está homologado pela Anac e atende a todos os critérios de segurança para receber operações comerciais de aeronaves como o ATR-42, ATR-72 e o Embraer E195 – os mesmos utilizados pelas companhias aéreas que atualmente operam no aeroporto, Azul e MAP”.

No entanto, os deputados amazonenses e a mídia local apontaram que a transportadora agora parece mais focada na expansão em São Paulo Congonhas e esqueceu suas origens.

Cartaz da MAP promovendo sua entrada em SP

“Em 19 de novembro, o povo do Amazonas recebeu a notícia de que a MAP Linhas Aéreas havia decidido cancelar todos os seus voos no estado, prejudicando mais de 500.000 pessoas em várias cidades do interior, que agora têm como única opção, longas viagens de barco, que levam dias”, disse Marcelo Ramos, deputado do Partido Liberal, membro da coalizão governista, representando o estado do Amazonas.

Representando a comissão, ele acrescentou que, como resultado dos cortes, o Amazonas, que quase não possui infraestrutura de transporte terrestre devido à densa floresta, agora enfrentava um “apagão aéreo”.

Empresa promete restaurar sua rede no Norte

Segundo dados da ANAC, a operação completa será restaurada a partir da próxima semana (em 9 de dezembro) e prossegue até o mês de março de 2020. Além da chegada do ATR42, a empresa também espera continuar a operação de outro ATR42-500 que pertence à OMNI Taxi Aéreo.

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A OMNI freta uma aeronave à MAP em regime de wet-leasing, mas esse avião está parado por que a empresa de táxi aéreo acabou perdendo seu Certificado de Operador Aéreo (COA) em novembro, e agora diz estar trabalhando para reavê-lo.

O quadro abaixo mostra as rotas atuais e as que serão retomadas até Março de 2020 (considerar ida e volta). Interessante notar que os aeroportos para os quais a MAP voará são basicamente os mesmos que ela criticou há um mês de que não tinham condições de receber seus voos ao passo que, com exceção de Oriximiná, no Pará, nenhum outro passou por obras no último mês.

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De acordo com dados do Aeromuseu, a frota atual da MAP tem cinco aeronaves, sendo dois ATR42-300, dois ATR72-200 e um ATR72-500, dos quais dois estão fixos em rotas partindo de Congonhas.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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